Os elevados preços de comercialização da soja em grão garantiram produtividade de nivelamento (quantidade de sacas por hectare necessárias para quitar os custos de produção) favoráveis aos agricultores em boa parte deste ano. No entanto, a intensa valorização de importantes insumos agrícolas nos últimos meses vem gerando preocupação entre produtores. Assim, aqueles que adiantaram as compras dos insumos da safra 2021/22 estão menos apreensivos do que os que deixaram para negociar apenas recentemente.

Nesse cenário, com dados do Projeto Campo Futuro (CNA/Senar) em parceria com o Cepea
(Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP), realizou-se uma simulação, comparando as situações de produtores de soja Intacta que compraram insumos para a safra 2021/22 no início de 2021 e os que postergaram as aquisições. Foram tomadas como base duas importantes regiões produtoras do País: o Sul e o Cerrado. No Cerrado, foram analisadas três praças – Rio Verde (GO), Triângulo Mineiro (MG) e Sorriso (MT) – em duas épocas de aquisição de insumos, sendo a primeira de janeiro a abril e a segunda, entre junho e setembro, do ano de 2021.

Os produtores do Cerrado que postergaram a compra de insumos tiveram uma diferença no COE (Custo Operacional Efetivo) de R$ 578,47/ha, ou seja, alta de 16,2% em relação aos produtores que realizaram as aquisições no início do ano (primeira temporada). Para o COT (Custo Operacional Total) e o CT (Custo Total), os aumentos foram de, respectivamente, 15,3% e de 11,3%, em relação aos registrados na primeira temporada de aquisição de insumos. Essa diferença representa 3,82 sacas de soja/ha a mais.

Na região Sul, foram considerados os dados apurados pelo Projeto em Cascavel (PR), Camaquã (RS) e Xanxerê (SC). Entre o primeiro (de janeiro a abril/21) e o segundo momento de compras (de junho a setembro/21) para a safra 2021/22, foram verificados aumentos de 15,2%, 13,9% e 8,2% para, nessa ordem, COE, COT e CT.

Sendo a produtividade de nivelamento acrescida de, respectivamente, 3,96 scs/ha, 4 scs/ha e 4,06 scs/ha. Ademais, ao serem analisadas as compras efetuadas em janeiro e em setembro, a alta no CT chega a 18,8%.

Diante disso, o que a simulação retratou pode ser a realidade dos produtores que adiaram a aquisição de insumos para a safra 20/21. Nesse contexto os mesmos foram mais prejudicados em relação àqueles que realizaram suas compras de forma estratégica entre janeiro e abril de 2021.Isso se deve à valorização sobretudo dos fertilizantes.

Esse panorama é ainda pior para os sojicultores sulistas que, tradicionalmente, compram os insumos de forma mais tardia e, por isso, sofrem com a alta dos custos de produção e com a necessidade de obtenção de maiores produtividades para arcar com as despesas operacionais, frente aos produtores do Cerrado.

A tomada de decisão quanto ao período ideal de compra de insumos é difícil e, por isso, é importante que produtores sempre estejam atentos ao mercado internacional, ao dólar e ao avanço mensal na relação de troca de grãos por insumos. Visando manter um cenário de margens favoráveis, o ideal é que o produtor aproveite os bons momentos de mercado e trave parte de suas vendas para a safra, mas também, faça a trava de parte de seus custos. Nesta simulação, ficou evidente que, quem deixou para comprar “em cima da hora”, fez uma aquisição bem mais cara.



Fonte: CNA

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