ANÁLISE CLIMÁTICA DE MARÇO
Março de 2022 foi marcado por grandes acumulados de chuva em quase todo o território nacional, principalmente no Extremo-Norte do país, chegando a acumulados de chuva superiores a 500 mm. Já em algumas áreas de Minas Gerais e Espírito Santo, as chuvas foram mais escassas, impactando o armazenamento de água no solo.
Na Região Norte, os altos volumes de chuva foram observados no Amazonas, Pará e Amapá, mantendo o patamar de armazenamento de água no solo elevados. Na região do Matopiba, as chuvas de março foram favoráveis ao desenvolvimento das culturas agrícolas, como o algodão e milho segunda safra. Mesmo os baixos acumulados de chuva, principalmente no sudoeste do Piauí e oeste da Bahia, foram suficientes para a manutenção da umidade do solo nessas áreas.
Na faixa norte da Região Nordeste devido à presença da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), os acumulados de chuva foram altos, chegando a valores acima de 500 mm.
Na Região Centro-Oeste, os maiores acumulados de chuva foram superiores a 300 mm, e concentraram-se em áreas do Mato Grosso e sul de Goiás. Nas demais áreas da região, as chuvas também mantiveram bons níveis de umidade do solo e favoreceram o desenvolvimento do algodão e do milho segunda safra.
Na Região Sudeste, os maiores acumulados de chuva foram registrados em grande parte de São Paulo, com acumulados de até 250 mm. Entretanto, baixos volumes de chuva foram registrados principalmente nas regiões Central, Norte e Leste de Minas Gerais, reduzindo o armazenamento de água no solo e, consequentemente, dificultando o plantio e o desenvolvimento dos cultivos de segunda safra.
Na Região Sul, os acumulados de chuva registrados ficaram entre 150 mm e 350 mm, os quais ocorreram principalmente a partir da segunda semana do mês. Essa chuva foi responsável pela recuperação da umidade do solo, melhorando as condições das culturas do arroz, milho primeira safra e soja, que se encontravam nas fases reprodutivas, bem como beneficiou o plantio e o desenvolvimento do milho segunda safra no Paraná.
CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA
Na Figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) durante a penúltima semana de março de 2022. Nas partes Central e Leste do Pacífico Equatorial houve a predominância de anomalias negativas de até -1,5 °C, indicando temperaturas mais frias nesta região.
Porém, em áreas da costa do noroeste da América do Sul, as anomalias de TSM foram positivas, chegando a 2 °C e indicando temperaturas mais quentes na região. Já na região do La Niño 3.4 (entre 170°W e 120°W), a anomalia média de TSM ainda persistiu negativa, chegando a valores próximos de -1 °C, principalmente nas três primeiras semanas de março. Na última semana de março, mesmo com uma tendência de aumento nos valores médios de TSM, com valores em torno de -0,7 °C, indicando que as condições de La Niña ainda seguiram persistentes.
A análise de multimodelos de previsão do ENOS (El Niño – Oscilação Sul) realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI) indica que as condições de La Niña ainda devem permanecer até o trimestre abrilmaio-junho, com probabilidades acima de 60% neste período. Para o final do outono e início do inverno, os multimodelos indicam probabilidades de transição entre a La Niña e neutralidade de um pouco mais de 50%, principalmente durante o trimestre junho-julho-agosto.
PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO ABRIL, MAIO E JUNHO/2022
As previsões climáticas, segundo o modelo estatístico do Inmet, são mostradas na figura abaixo. Para a Região Sul, o prognóstico climático aponta chuvas abaixo da média climatológica em praticamente toda a região, principalmente no Paraná e Santa Catarina, enquanto na costa leste do Rio Grande do Sul são previstos acumulados acima da média.
Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, com exceção de Mato Grosso e Espírito Santo, a previsão trimestral indica tendência de chuvas abaixo da faixa normal na maioria dos estados, principalmente em abril e maio. Na Região Nordeste e no Matopiba, o modelo indica chuvas dentro ou acima da média climatológica em praticamente toda a região, principalmente em abril e maio. Os bons acumulados de chuva deverão favorecer o desenvolvimento e as fases finais das culturas na região.
Já na Região Norte há previsões de chuva acima da média climatológica, com exceção de áreas do sul do Amazonas e norte de Roraima. Em relação à temperatura, há previsão de temperaturas dentro e acima da média climatológica em praticamente todo o país, porém não se descarta a ocorrência de diminuição das temperaturas e ocorrência de geadas entre abril e maio devido à entrada de massas de ar frio na região.
Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do site do Inmet.
Fonte: Conab