Em junho de 2022, os maiores acumulados de chuva foram registrados principalmente na costa leste do Nordeste e em grande parte das Regiões Norte e Sul, chegando a acumulados de chuva superiores a 250 mm. Assim como observado em abril e maio, em grande parte do Brasil Central, as chuvas em junho foram mais escassas, refletindo na redução do armazenamento de água no solo nessas áreas.
Na Região Norte foram observados acumulados de chuva superiores a 200 mm, principalmente nos estados da faixa norte da região, mantendo os níveis de armazenamento de água no solo elevados. Já em áreas de Rondônia e do Tocantins, os acumulados de chuva foram inferiores a 90 mm, e impactaram negativamente os níveis de água no solo.
Na Região Nordeste, os acumulados de chuva foram superiores a 150 mm, e concentraram-se no norte do Ceará, noroeste do Maranhão e na costa leste da região, favorecendo o armazenamento de água no solo e as lavouras em desenvolvimento na região da Sealba. Em áreas do oeste da Bahia, sul do Maranhão e do Piauí, os baixos acumulados de chuva reduziram ainda mais os níveis de água no solo, causando restrição hídrica em algumas áreas produtoras, como as de milho segunda safra em enchimento de grãos.
Na Região Centro-Oeste, os maiores acumulados de chuva foram observados em áreas do oeste de Mato Grosso e centro-sul de Mato Grosso do Sul, chegando a volumes próximos de 100 mm, que impactaram positivamente o armazenamento de água no solo. Entretanto, em Goiás, a falta de chuva causou restrição hídrica para os cultivos que se encontravam em estágios fenológicos mais sensíveis. Nas demais áreas, os baixos acumulados de chuva
favoreceram a maturação e colheita dos cultivos de segunda safra.
No Sudeste, os acumulados de chuva foram inferiores a 20 mm em grande parte da região, principalmente em áreas do centro-norte de Minas Gerais e no Espírito Santo, reduzindo ainda mais a umidade no solo e restringindo as lavouras que também se encontravam em estágios reprodutivos. Já em áreas do oeste e sul de São Paulo e sul do Rio de Janeiro, os acumulados de chuva observados ficaram próximos aos 70 mm, e mantiveram os níveis de água no solo.
Na Região Sul, os maiores acumulados de chuva registrados ultrapassaram os 200 mm, principalmente no centro-norte do Rio Grande do Sul e sudeste de Santa Catarina, mantendo altos níveis de umidade no solo e causando inclusive excedente hídrico, o que impactou a semeadura dos cultivos de inverno em algumas áreas da região. No norte do Paraná, os acumulados de chuva maiores que 60 mm favoreceram a recuperação do armazenamento de água no solo, beneficiando o desenvolvimento das culturas agrícolas na
região.
Além das restrições hídricas ou excesso de água observados em algumas áreas durante junho, a redução das temperaturas em grande parte do Centro- Sul do país favoreceu a ocorrência de geadas, principalmente em áreas da Região Sul, sul de Mato Grosso do Sul e de altas altitudes do Sudeste, porém não causaram danos significativos aos cultivos de segunda safra e às culturas de inverno, que se encontram em estágios de desenvolvimento iniciais.
Já na região do Niño 3.4 (área entre 170°W e 120°W), a anomalia média de TSM durante junho permaneceu negativa, indicando a persistência de uma La Niña com intensidade fraca. Porém, foi observada uma tendência de aquecimento das águas superficiais na região durante todo o mês, chegando a valores próximos a -0,3 °C no dia 30 de junho.
A análise do modelo de previsão do ENOS (El Niño – Oscilação Sul) realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI) indica que as condições de La Niña ainda devem permanecer pelo menos durante os meses de inverno (julho a agosto), com probabilidades entre 55% e 65% até o início da primavera.
PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO JULHO, AGOSTO E SETEMBRO DE 2022
As previsões climáticas, segundo o modelo estatístico do Inmet, são mostradas na figura abaixo. Para a Região Norte do país, há previsões de chuva acima da média climatológica, com exceção de áreas do centro-sul do Pará e de Roraima, além de grande parte de Tocantins, onde a previsão indica uma tendência de chuvas dentro e abaixo da média Na Região Nordeste, o modelo indica chuvas dentro e acima da média climatológica em praticamente toda a região, principalmente em áreas da Sealba em julho, o que pode favorecer o desenvolvimento das culturas na região, como o feijão e o milho terceira safra. Em áreas do oeste e centro-sul da Bahia, as chuvas poderão ser ligeiramente abaixo da média.
Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, mesmo com os baixos acumulados de chuva característicos destas regiões durante os meses de inverno, a previsão indica chuvas dentro e ligeiramente acima da média em grande parte da região, com exceção de áreas do leste de Mato Grosso, noroeste de Mato Grosso do Sul, centro-sul de Minas Gerais e em São Paulo, onde a previsão de chuvas abaixo da climatologia pode afetar parte dos cultivos de segunda safra, como o milho, além dos cultivos de inverno nas regiões produtoras.
Já na Região Sul, com a persistência de condições de La Niña nos próximos três meses, o prognóstico climático aponta para chuvas dentro e ligeiramente abaixo da média em grande parte da região, principalmente em julho e agosto, o que pode impactar os cultivos de inverno.
Em relação à temperatura média do ar, há previsão de temperaturas ligeiramente acima da média climatológica em praticamente todo o país, com exceção do leste do Nordeste, onde os valores de temperatura podem ficar próximos à média. Em grande parte de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, as temperaturas podem ficar ligeiramente abaixo da média, porém não estão descartadas entradas de massas de ar frio, que podem ocasionar queda nas temperaturas mínimas e favorecer a ocorrência de geadas na Região Sul e regiões de altas altitudes da Região Sudeste, principalmente durante julho e agosto.
Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do site do Inmet.
Fonte: Conab