As cotações da soja, em Chicago, viveram uma semana de alta volatilidade. Porém, de forma geral, os valores não ficaram distantes do fechamento da semana anterior. Assim, a quinta-feira (22) fechou, no primeiro mês, em US$ 14,57/bushel, contra US$ 14,51 uma semana antes.
A principal notícia, junto ao mercado dos EUA, além da nova alta do juro básico nesta semana, fato que pode levar os Fundos a se desfazerem de contratos de soja na Bolsa, foi o início da colheita da oleaginosa. De fato, até o dia 18/09 os EUA haviam colhido 3% de sua área, contra 5% no ano passado e na média histórica.
Das lavouras a serem colhidas, naquela data 55% estavam entre boas a excelentes, contra 56% uma semana antes. Outros 30% estavam regulares e 15% em condições ruins a muito ruins, havendo 42% das lavouras em fase de maturação.
Pelo lado da demanda internacional, confirmando o que já vinha sendo informado, a China diminuiu bastante, no mês de agosto, suas importações de soja procedentes do Brasil. O volume comprado de nosso país, neste último agosto, foi de 6,25 milhões de toneladas do produto, contra 9,04 milhões em agosto de 2021. As importações totais do complexo soja ficaram em 7,17 milhões de toneladas, com recuo de 25% sobre o mesmo período do ano passado. Este é o menor volume, para agosto, desde 2014.
O alto preço da soja no mercado internacional e a fraca demanda interna chinesa levou o país asiático a este comportamento. Como sempre alertamos, quando os preços sobem demais, os consumidores reagem negativamente e provocam uma reacomodação dos mesmos. Ou seja, é preciso sempre pensar nos que estão do outro lado do balcão. Agora, o que chama atenção é que as compras de soja de outros países aumentaram. Por exemplo, os EUA venderam, em agosto, 286.762 toneladas de soja em agosto, contra apenas 17.575 toneladas um ano antes.
Do Uruguai, a China comprou 350.342 toneladas e da Argentina 197.770 toneladas, quando em agosto de 2021 nada haviam comprado destes dois países sul-americanos. Além disso, as importações procedentes da Argentina devem aumentar nos próximos meses, na esteira do incentivo cambial que o governo argentino deu aos seus produtores de soja, elevando suas exportações da oleaginosa de forma significativa em poucos dias, neste mês de setembro. Tanto é verdade que a China comprou, na semana passada, mais de 10 cargas da Argentina, para embarque em outubro e novembro. Enfim, nos primeiros oito meses do ano a China comprou 40,93 milhões de toneladas da soja brasileira, contra 43,05 milhões no mesmo período de 2021. Um recuo em torno de 5%. Já as importações dos EUA chegaram a 18,21 milhões de toneladas, no período, contra 21,63 milhões no ano passado. Um recuo de quase 16%.
Por sua vez, aqui no Brasil, com o câmbio se mantendo entre R$ 5,10 e R$ 5,20 por dólar durante a semana, o recuo nos prêmios portuários, a partir da medida cambial argentina, que levou os importadores a se deslocarem mais ao vizinho país, acabou pesando sobre os preços internos. Assim, a média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 172,75/saco, enquanto as principais praças locais trabalharam com valores entre R$ 171,00 e R$ 172,00/saco. Nas demais praças nacionais os valores giraram entre R$ 160,50 e R$ 171,00/saco.
Dito isso, o plantio da nova safra iniciou no país, sendo que até o dia 15/09 tínhamos 0,1% da área nacional semeada. (cf. AgRural) Na medida em que o vazio sanitário, para evitar a ferrugem, tem seu prazo vencido, os trabalhos de campo se iniciam no Centro-Oeste e no Paraná. Neste contexto, no Mato Grosso do Sul espera-se colher 12,3 milhões de toneladas, se o clima deixar, o que seria um aumento de 41,7% sobre a frustrada safra passada. No Mato Grosso projeta-se algo entre 41 e 43 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul a projeção é superior a 20 milhões de toneladas, contra pouco mais de 9 milhões na colheita anterior. No total, o Brasil, em clima normal, poderá colher entre 149 e 153 milhões de toneladas de soja neste próximo verão. Um novo recorde histórico.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).