A área estimada de cultivo para a safra 2022/2023 é de 831.786 hectares. A repetição do comportamento do tempo, com chuvas mal distribuídas e em volumes variáveis, contribuiu
para a manutenção do quadro de insuficiência hídrica, que é mais grave na metade Oeste do Estado. A implantação da cultura evoluiu de forma muito lenta, pois as condições do tempo – chuvas irregulares – criam um risco desnecessário à implantação da cultura.

Onde as precipitações foram um pouco mais volumosas e as lavouras estão em estágios iniciais, foram realizados os manejos de controle de plantas invasoras, e as pragas – lagarta do cartucho e cigarrinha do milho – foram monitoradas com controle químico quando necessário.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, em São Borja, município com a maior área do cereal na região, alcançando 9 mil hectares cultivados em sequeiro e 6 mil irrigados, a colheita iniciou com rendimentos bastante variáveis, conforme o nível de investimento tecnológico e a distribuição das chuvas ao longo do ciclo.

Alguns produtores têm lavouras prontas para colher, porém ainda aguardam a perícia do seguro, que deve ocorrer nos próximos dias. Em Maçambará e em Manoel Viana, predominam as lavouras na fase de enchimento de grãos. Apesar do registro de bons volumes de chuva em algumas localidades, já está consolidada uma quebra de mais de 70% na produtividade. Na Campanha, as chuvas ocorreram em momento mais oportuno, pois grande parte das lavouras ainda se encontra em fase vegetativa. Alguns produtores aproveitaram as previsões de chuva e anteciparam a aplicação de fertilizantes nitrogenados em cobertura. Após as chuvas, foram realizadas dessecações para diminuir a matocompetição.

Na de Caxias do Sul, mesmo com a distribuição irregular das chuvas e volumes pouco abaixo do esperado, as lavouras apresentam desenvolvimento satisfatório e sem expectativa de perdas significativas no rendimento. As temperaturas diárias, com noites mais frias e aquecimento durante o dia, também favoreceram o desenvolvimento.

Na de Ijuí, os cultivos estão 65% em estádio de enchimento de grãos, que foram severamente prejudicados pela deficiência hídrica duradoura. A redução de rendimentos da
cultura varia conforme o grau de estresse sofrido; as perdas se estendem de 30% a 100% das lavouras. Apesar do retorno das precipitações, estas são extemporâneas, pois as plantas já ultrapassaram os estádios de definição da produtividade, restando apenas o final do enchimento de grãos e a maturação; as perdas já estão consolidadas. Há demanda por amparo do Proagro ou de seguro agrícola para amenizar as perdas econômicas. Os produtores que possuem mais de 60% de perdas em suas lavouras estão solicitando liberação para destinar a massa verde para a alimentação animal.

Na de Pelotas, o plantio avançou somente nas áreas onde ocorreram os maiores volumes acumulados. Nas demais, os produtores aguardam a reposição da umidade nos solos para reiniciarem a operação. A área semeada alcançou 70% da área prevista. As lavouras estão com 94% em fase de desenvolvimento vegetativo; apenas 5%, em florescimento; e 1%, em enchimento de grãos.

Na regional de Santa Rosa, o baixo volume precipitado, os ventos constantes durante as noites, a alta isolação e as temperaturas elevadas provocaram grande evapotranspiração, afetando grande parte das lavouras. Foram agravadas as perdas, principalmente nas Missões. As perdas são estimadas entre 25% e 70%. Houve aumento da demanda por Proagro, e, no período, foram realizadas muitas perícias para a colheita antecipada, visando à silagem para a alimentação animal. As cultivares superprecoces, semeadas no cedo (final de julho), ainda apresentam bom potencial produtivo, mas há pequena redução na produtividade – entre 5% e 10%.

Na de Soledade, apesar da insuficiência de chuvas no período, as lavouras seguem com desenvolvimento satisfatório. As lavouras semeadas no cedo, em agosto e início de setembro, localizadas nas menores altitudes, iniciaram a maturação fisiológica, com produção já definida e baixas perdas. As lavouras semeadas posteriormente, até início de outubro, encontram-se na fase de enchimento de grãos, e a demanda por água, nesta fase, é elevada; as restrições hídricas poderão causar perdas. Até o momento, as perdas são pontuais, sem grande impacto na produtividade. As lavouras com implantação tardia (em sucessão ao tabaco) também sofrem riscos no cenário atual.

Fonte: Emater RS – Informativo Conjuntural. Porto Alegre, n. 1743, p. 10, 29 dez. 2022

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