Mercado de trabalho no agronegócio: há vagas?

A população ocupada no agronegócio brasileiro somou 28,3 milhões de pessoas no segundo trimestre de 2023, conforme o Cepea. Trata-se de um novo recorde da série histórica, iniciada em 2012. Com isso, a participação do setor no total de ocupações do Brasil foi de 26,9% no segundo trimestre de 2023.

Segundo pesquisadores do Cepea/CNA, esse resultado se deve sobretudo ao maior contingente ocupado nos agrosserviços e ao emprego no segmento de insumos (que aumentou (6,7%, ou 19,4 mil pessoas). Nesses dois casos, o avanço está atrelado ao excelente desempenho da produção agrícola dentro da porteira, que estimula os segmentos a montante e a jusante no agronegócio (CEPEA).

Agora, passado a pandemia, as eleições, convivendo com as oscilações dos preços das commodities e dos insumos agrícolas, altos juros, com uma perspectiva de uma safra regida pelo fenômeno El Niño esta demanda segue/seguirá aquecida? Temos vagas a procura de profissionais?

Para falar sobre esse tema conversamos com Gilberto Schiavinato, Engenheiro Agrônomo e MBA – Business Management – Fundação Dom Cabral (2002).

Com mais de 42 anos trabalhando dentro da América Latina no Setor do Agronegócio. Gilberto acumula 35 anos como gestor, desenvolvendo sua carreira em empresas multinacionais (onde adquiriu sólida bagagem nos processos oferecidos no portifólio da Consultoria): Ciba-Geigy, Rhone Poulenc, Aventis CropScience, Bayer e Nufarm.

Após aposentar-se na Nufarm, como Diretor Geral do Brasil, em 2019, decidiu empreender com a Consultoria CtdoAgro, para suportar empresas e pessoas a conquistarem seus melhores resultados e atingirem o sucesso.

Confira a seguir a nossa conversa com Gilberto Schiavinato:

Equipe Mais Soja: 2023 está sendo um ano de ajustes em várias cadeias do agronegócio, com quedas nos preços das commodities, oscilações em preço de defensivos, fertilizantes etc.. e no mercado de trabalho do Agronegócio, como isto está refletindo?

Gilberto: Com certeza 2023 está sendo um ano desafiador para as cadeias do agronegócio.

Nos setores que atuamos, Indústria de Insumos (defensivos químicos e biológicos, fertilizantes e sementes), Distribuição de Insumos, Irrigação e Agricultura de Precisão, temos cenários dispares; dentre as empresas líderes, multinacionais, algumas fizeram movimentos significativos de substituição dos profissionais em posições da alta liderança, abrindo oportunidades de carreira para o time e ainda contratando seletivamente no mercado. Ao mesmo tempo que reduziram a contratação de posições de média gerência e vendas.

Por outro lado, novos players, empresas que estão com forte expansão nas vendas, conquistando mercado, seguem com um bom ritmo de contratações.

Balanço: o mercado de trabalho segue positivo para profissionais preparados e que aceitem desafios.

Equipe Mais Soja: Então há vagas disponíveis?

Gilberto: Sim, temos uma boa oferta de vagas, desde posições de início de carreira, como Trainee e Assistente Técnico de Vendas chegando a posições de Diretoria.

EMS: Nestas vagas, as remunerações são maiores ou menores frente a outros anos?

G: A remuneração estava em momento positivo, crescente, nosso entendimento que está mais estabilizada, mas temos que considerar que o patamar é muito bom.

EMS: A consultoria CTdoAgro também é responsável por selecionar inúmeros ATVS, o senhor poderia explicar brevemente o que seria um ATV e quais as principais responsabilidades?

G: Na minha trajetória como Executivo de multinacionais do setor de Proteção de Cultivos, aprendemos na prática o valor agregado de um bom Assistente Técnico de Vendas.

Levamos esta expertise para a CTdoAgro e conduzimos a 4 anos processos seletivos com expressivo número de posições, onde chegamos a receber mais de 3.000 candidatos.

Assistente Técnico de Vendas – geralmente a formação é Engenharia Agronômica. Considerada uma posição inicial, visando jovens com determinação para aprender, trabalhar muito forte no campo, junto ao produtor, levando as novas tecnologias, promovendo a geração de demanda e prestando assistência técnica.

O segundo ponto relevante, para empresas que tem o Programa de ATV’s estruturado, é a formação de jovens talentos, como banco de bons profissionais para atender a crescente demanda por abertura de novas vagas, reposição de profissionais que são promovidos ou que deixam a empresa.

EMS: Quais dicas o Senhor daria aos estudantes de agronomia para que, após formados, possam preencher estas vagas?

Gilberto: Aos estudantes, a primeira recomendação é que usem todo tempo disponível para fazerem estágios, quanto mais próximos ao campo / produtor, melhor; trabalhem como monitores dos professores; comecem a entender quais são as áreas que tem maior aptidão e habilidades para desenvolver-se e tenham foco.

Esteja preparado para sair de sua zona de conforto, aceitando oportunidades para as fronteiras agrícolas.

EMS: E aos profissionais que já ocupam esta função, alguma dica para que possam destacar-se?

G: Agarre está oportunidade, sejam dedicados, persistentes, comprometidos, superem as expectativas dos seus líderes, entregando resultados. Usem toda sua capacidade e tempo disponível para aprender, sejam curiosos, perguntem. Finalmente, se possível, elejam um modelo, um profissional exemplar e procure estar mais próximo, ouvir seus ensinamentos e entender seu comportamento.

EMS: No mercado agro, atualmente o que diferencia um profissional?

G: Acreditamos que o mercado Agro, por suas características singulares, tem privilegiado para a grande maioria das posições mais técnicas, comerciais e marketing, profissionais com a formação técnica, em geral, em Agronomia.

A diferenciação vem dos profissionais que saibam usar seus conhecimentos técnicos de forma eficiente e que ao longo da carreira, tornem-se referência em certos temas / matérias.

No segundo momento, a diferenciação vem da abertura do seu horizonte, deixando de ser apenas técnico, para ser um gestor, onde precisar ampliar seus conhecimentos em temas como: Gestão de Pessoas, Gestão Financeira, Gestão de Projetos, e outros relevantes. Lembrando sempre que o domínio do idioma inglês, sempre será um fator de diferenciação.

EMS: Uma pergunta que a gente sempre recebe aqui no Mais Soja, quais as dicas, posturas e comportamento um profissional deve apresentar durante o processo seletivo e no momento da entrevista?

G: O processo seletivo, em geral começa pela apresentação do Curriculum, recomendo que busquem modelos nos sites especializados e preparem um bom CV, que ele seja didático, completo, sem exageros, que contenha suas experiências e entregas relevantes.

Conheça a empresa para qual você está buscando a posição, estude, procure conversar com algum colega que trabalhe na empresa ou já trabalhou.

Apresente-se para a entrevista presencial ou on-line, com trajes adequados e aparência bem cuidada (cabelo e barba).

Prestem muita atenção nas perguntas, entendam e respondam claramente, sem rodeios.

Entenda quais são as 3 ou 4 responsabilidades da posição e converse com o entrevistador sobre suas experiências e habilidades nestes requisitos. Se a pergunta não surgir, busque uma forma amável de falar sobre suas fortalezas. Seja sempre autêntico.

Dica final: Para explorar oportunidades no mercado de trabalho do agro, você pode acessar o site da CTdoAgro, clicando aqui.

Redação: Equipe Mais Soja