Embora não cause danos diretos expressivos, a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis e Leptodelphax maculigera) é considerada uma das principais pragas da atualidade no sistema de produção agrícola pelos seus danos indiretos. A cigarrinha é o principal vetor da transmissão dos enfezamentos do milho, doenças causada por microrganismos, em especial, fitoplasmas e espiroplasmas. Essas doenças apresentam elevada capacidade de reduzir a produtividade do milho, podendo em alguns casos, até mesmo inviabilizar a lavoura, com perdas de até 100% da produtividade em casos mais severos (Cota et al., 2021).
Figura 1. Redução do tamanho de espigas e problemas de polinização/granação em plantas afetadas por enfezamentos.

Considerando que a cigarrinha é o principal vetor de transmissão dos enfezamentos, o controle desse vetor constitui uma das principais estratégias para o manejo dos enfezamentos. Contudo, vale destacar que ainda não há nível de ação pré-estabelecido para o controle da cigarrinha-do-milho, uma vez que a capacidade do inseto em transmitir os enfezamentos está condicionada a indivíduos infectados com os molicutes, e não a densidade populacional da praga.
No entanto, manter o monitoramento das áreas de cultivo, tanto no período entressafra quando durante o período crítico de interferência da cigarrinha (de VE a V5) é determinante para o bom posicionamento de práticas de controle, reduzindo o impacto indesejado dos enfezamentos sobre o milho. Nesse sentido, levantamentos vêm sendo realizados pela Rede Técnica Cooperativa (RTC) em diferentes regiões de cultivo no Rio Grande do Sul.
Conforme resultados obtidos a partir da coleta de cigarrinhas em plantas voluntárias de milho nos meses de Julho e Agosto, há uma baixa presença das cigarrinha no campo, com baixa densidade de insetos contaminados, indicando um baixo potencial de danos para o presente período (figura 2). No entanto, vale destacar que mesmo com uma baixa população de cigarrinha nas áreas agrícolas, é determinante adotar práticas de manejo integradas que possibilitam a redução do dano ocasionado pelos enfezamentos no milho.
Figura 2. Infectividade da cigarrinha do milho. Levantamento de Julho e Agosto – RTC.

No estado de Santa Catarina, o monitoramento da cigarrinha-do-milho vem sendo realizado pela EPAGRI. Conforme resultados observados no primeiro levantamento da safra 2025/2026, até então, há uma média de 5,41 cigarrinhas por armadilha. O levantamento contempla 50 lavouras distribuídas em todo o estado de Santa Catarina.
Embora com mais de 5 cigarrinhas por armadilha, o monitoramento da EPAGRI não identificou a presença de indivíduos infectados com os molicutes associados aos enfezamentos, contudo, foi identificada a presença do vírus do raiado-fino em amostras coletadas nas cidades de Mafra, Bom Jesus do Oeste e Tunápolis. A recomendação é que os produtores realizem o manejo inicial da lavoura com inseticidas químicos, complementando com produtos biológicos sempre que possível (Moraes, 2025).
Figura 3. Populações de cigarrinha-do-milho e infecção da cigarrinha-do-milho com os patógenos dos enfezamentos e viroses em Santa Catarina.

Acompanhar o monitoramento da cigarrinha-do-milho e das populações infectadas pode auxiliar no posicionamento de práticas de manejo para mitigar os efeitos dessas doenças sobre o milho. No entanto, vale destacar que independentemente da densidade populacional da praga durante os períodos de safra e entressafra, as boas práticas de manejo, integradas ao controle químico devem ser inseridas no sistema de produção a fim de reduzir o impacto negativo causado pelas cigarrinhas na produtividade do milho.
Veja mais: Suscetibilidade da cigarrinha do milho a inseticidas
Referências:
COTA, L. V. et al. MANEJO DA CIGARRINHA E ENFEZAMENTOS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa Milho e Sorgo, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1130346/manejo-da-cigarrinha-e-enfezamentos-na-cultura-do-milho >, acesso em: 22/08/2025.
MORAES, K. H. A. PRIMEIRO MONITORAMENTO PARA A SAFRA 2025/26 INDICA INFESTAÇÃO DE CIGARRINHAS-DO-MILHO DENTRO DO ESPERADO E AUSÊNCIA DE BACTÉRIAS. EPAGRI, 2025. Disponível em: < https://www.epagri.sc.gov.br/monitoramento-da-cigarrinha-do-milho/ >, acesso em: 22/08/2025.