Embora as práticas de manejo voltadas ao controle fitossanitário da soja sejam amplamente conhecidas, a elevada pressão de patógenos, aliada às condições climáticas e ambientais favoráveis ao desenvolvimento das doenças, torna o controle cada vez mais desafiador. Diante disso, é indispensável maior perícia e assertividade na definição e no posicionamento das estratégias de manejo.

Para tanto, o monitoramento periódico das áreas de cultivo é determinante para o sucesso do controle. Alguns patógenos da soja apresentam comportamento necrotrófico e, portanto, são capazes de sobreviver em resíduos culturais, estando presentes na lavoura antes mesmo da semeadura. Outros, como o agente causal da ferrugem-asiática, são biotróficos e necessitam de um hospedeiro vivo para completar seu ciclo de vida.

Nesse contexto, o manejo de plantas daninhas na entressafra, visando eliminar hospedeiros alternativos de pragas e doenças, aliado à rotação de culturas com espécies não hospedeiras de fitopatógenos, é fundamental para reduzir a pressão de inóculo sobre a soja cultivada em sucessão. Além disso, a maioria das doenças fungicidas apresenta um intervalo entre a infecção e a manifestação dos sintomas, o que dificulta o controle assertivo nas fases iniciais da doença.

Na prática, especialmente em patógenos cuja infecção se inicia no terço inferior das plantas, quando os sintomas tornam-se visíveis nos terços médio e superior, é provável que as folhas e hastes inferiores já estejam comprometidas, reduzindo a eficiência das aplicações. Além disso, doenças como a cercosporiose e a antracnose podem apresentar longos períodos de latência (intervalo entre a infecção e a expressão dos sintomas), o que reforça a importância do manejo preventivo e do monitoramento contínuo, em detrimento de ações baseadas apenas na observação dos sintomas.

Tabela 1. Período entre infecção e o surgimento dos primeiros sintomas das principais doenças da soja.

Nesse contexto, se tratando de doenças de elevado potencial destrutivo e difícil controle, como a ferrugem-asiática, o posicionamento das práticas de manejo,  especialmente o controle químico com fungicidas, deve ocorrer de forma preventiva à ocorrência da doença, a fim de reduzir o impacto negativo sobre a produtividade da cultura (FRAC-BR, 2018). Além disso, para doenças que apresentam longo período de latência, como o crestamento foliar, é fundamental a adoção de medidas integradas de manejo no sistema de produção, incluindo o uso de sementes livres do patógeno e o tratamento de sementes com fungicidas, antes da semeadura (Soares et al., 2023).

Referências:

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FRAC-BR. RECOMENDAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO DA FERRUGEM DA SOJA. Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas, 2018. Disponível em: < https://www.frac-br.org/_files/ugd/6c1e70_3d59f8587b214c9bae67d6c309adc3c5.pdf >, acesso em: 29/10/2025.

KAVANASHREE, K. et al. MOLECULAR VARIABILITY OF Colletotrichum spp. ASSOCIATED WITH ANTHRACNOSE OF SOYBEAN. Legume Research- An International Journal, 2022. Disponível em: < https://arccjournals.com/journal/legume-research-an-international-journal/LR-4871?utm_source=chatgpt.com >, acesso em: 29/10/2025.

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NORTH DAKOTA SOYBEAN COUNCIL, INTEGRATED DISEASE, WEED & INSECT MANAGEMENT WHITE MOLD. North Dakota Soybean Council, s. d. Disponível em: < https://ndsoybean.org/ndsc-soybean-research-program/integrated-disease-weed-insect-management/?utm_source=chatgpt.com# >, acesso em: 29/10/2025.

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PUIA, J. D. et al. NUMBER OF LESIONS, SEVERITY AND INCUBATION PERIOD OF ISOLATES OF Corynespora cassiicola IN SOYBEAN CULTIVARS. Ciência Rural, 2023. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/cr/a/4ZgrCxD4zHN4SRfvQ4XD8Hy/?format=pdf&lang=en&utm_source=chatgpt.com >, acesso em: 29/10/2025.

SOARES, R. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa Soja, ed. 6, Documentos, n. 256, 2023. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/1158639 >, acesso em: 29/10/2025.

ZHU, L. et al. TRANSCRIPTOMIC AND METABOLOMIC ANALYSES REVEAL A POTENTIAL MECHANISM TO IMPROVE SOYBEAN RESISTANCE TO Anthracnose. Frontiers in Plant Science, 2022. Disponível em: < https://www.frontiersin.org/journals/plant-science/articles/10.3389/fpls.2022.850829/full >, acesso em: 29/10/2025.

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