Considerada uma das principais se não a principal praga da atualidade na cultura do milho, a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) é o principal vetor da transmissão dos enfezamentos ao milho. Os enfezamentos são doenças causadas pela infecção da planta por microrganismos denominados molicutes, que são um espiroplasma (Spiroplasma kunkelii) e um fitoplasma (Maize bushy stunt). Os dois tipos mais comuns são o enfezamento-pálido (causada por espiroplasma) e o enfezamento-vermelho (causada por fitoplasma) (Embrapa).
Figura 1. Planta de milho com sintomas do enfezamento pálido (A) e enfezamento vermelho (B).

Dente os principais danos em decorrência dos enfezamentos, tem-se a redução do potencial produtivo da cultura, que, dependendo da suscetibilidade do híbrido e período de transmissão dos enfezamentos, pode representar perdas de produtividade de até 100%, inviabilizando a lavoura (Cota et al., 2021). Tendo em vista o elevado impacto econômico causado pelos enfezamentos, o controle do vetor (cigarrinha-do-milho) é uma das principais e mais eficientes estratégias de manejo para reduzir as perdas de produtividade.
Para tanto, o sucesso do controle químico da cigarrinha-do-milho está condicionado ao posicionamento adequadamente de inseticidas quanto ao período de aplicação e eficiência de controle. Estrategicamente, o controle químico da cigarrinha-do-milho deve ocorrer de VE a V5, período considerado crítico a ocorrência da praga. Vale destacar que ainda não há nível de ação pré-estabelecido, uma vez que impacto da praga na cultura do milho e sua capacidade em transmitir os enfezamentos, está condicionada aos indivíduos infectados e não a densidade populacional da cigarrinha. Sendo assim, recomenda-se que o controle químico da cigarrinha seja realizado ao constatar a presença de praga durante o período crítico.
Suscetibilidade da cigarrinha a inseticidas
Atualmente há 107 produtos registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária para o controle da cigarrinha (Dalbulus maidis), contemplando os grupos químicos organofosforado, neonicotinóide, piretróide, metilcarbamato de oxima, tetronortriterpenóide, fenilpirazol, benzoiluréia, éter difenílico, carboxamida e sulfoxamidas, de forma associada ou isolada em formulações (Agrofit, 2025).
Tendo em vista a diversidade de produtos disponíveis para o controle da cigarrinha-do-milho, posicionar de forma eficaz esses defensivos no programa fitossanitário do milho pode ser desafiador. Proporcionando maior assertividade no posicionamento de inseticidas para o controle da cigarrinha-do-milho, Machado et al. (2024) conduziram um estudo em larga escala para monitorar a suscetibilidade da cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) aos inseticidas mais utilizados no controle da cigarrinha.
A pesquisa avaliou a suscetibilidade de 11 populações desse inseto-praga, coletadas nas principais regiões produtoras de milho do Brasil nas safras 2021/22 e 2022/23, utilizando bioensaios de concentração–mortalidade e de concentração diagnóstica. No estudo, os autores analisaram a resposta da cigarrinha-do-milho a seis inseticidas: carbosulfan, metomil, acefato, bifentrina, acetamiprido e imidacloprido.
Conforme resultados observados por Machado et al. (2024) , a maioria das populações da cigarrinha apresentam alta suscetibilidade (menor sobrevivência) ao metomil, carbosulfan e acefato, exceto para uma população do estado da Bahia que apresentou suscetibilidade reduzida ao metomil. Por outro lado, todas as populações apresentaram suscetibilidade reduzida à bifentrina, acetamiprido e imidacloprido.
Figura 2. Sobrevivência de populações de campo de Dalbulus maidis coletadas no ano agrícola de 2022 a 2023 na concentração diagnóstica de diferentes inseticidas. A sobrevivência (média ± IC) seguida de asteriscos indica diferença significativa (P < 0,05) entre as populações de campo e o SUS (Suscetibilidade de referência) usando o teste de Kruskal-Wallis seguido do teste post hoc de Dunn.

Adaptado: Machado et al. (2024)
Nesse contexto, e considerando os resultados obtidos por Machado et al. (2024), observa-se que a maioria das populações de cigarrinha-do-milho apresenta maior suscetibilidade a metomil, carbosulfan e acefato, o que reforça o potencial desses produtos como alternativas eficazes para o controle químico da praga. Contudo, para manter a eficácia desses inseticidas e retardar a evolução da resistência, é fundamental adotar estratégias de manejo integrado, especialmente a rotação de mecanismos de ação. Essa prática contribui para preservar a eficiência dos produtos e prolongar sua longevidade no controle da cigarrinha-do-milho.
Confira o estudo completo desenvolvido por Machado e colaboradores (2024) clicando aqui!
AGROFIT. CONSULTA ABERTA. Ministério da Agricultura e Pecuária, 2025. Disponível em: < https://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons >, acesso em: 17/11/2025.
COTA, L. V. et al. MANEJO DA CIGARRINHA E ENFEZAMENTOS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa Milho e Sorgo, Folhetos, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1130346/manejo-da-cigarrinha-e-enfezamentos-na-cultura-do-milho >, acesso em: 17/11/2025.
EMBRAPA. ENFEZAMENTOS POR MOLICULITES E CIGARRINHA NO MILHO. Embrapa, perguntas e respostas. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/controle-da-cigarrinha-do-milho#:~:text=Os%20enfezamentos%20s%C3%A3o%20doen%C3%A7as%20do,fitoplasma%20(Maize%20bushy%20stunt). >, acesso em: 17/11/2025.
MACHADO, E. P. IS INSECTICIDE RESISTANCE A FACTOR CONTRIBUTINGTO THE INCREASING PROBLEMS WITH Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae) IN BRAZIL? Society of Chemical Industry, 2024. Disponível em: < https://scijournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/ps.8237?domain=author&token=EFNPXSEM4KUXHHESVXEG >, acesso em: 17/11/2025.





