A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou comunicado sobre a remoção das tarifas ao Brasil pelos Estados Unidos. A entidade destacou o avanço na renovação da agenda bilateral, lembrou de seu papel nas negociações e mostrou sua expectativa em relação à evolução dos termos para a entradas de bens da indústria.
Confira o texto na íntegra:
“A decisão do governo americano de remover a tarifa de 40% a 238 produtos agrícolas brasileiros é avanço concreto na renovação da agenda bilateral e condiz com papel do Brasil como grande parceiro comercial dos Estados Unidos, avalia o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban.
Vemos com grande otimismo a ampliação das exceções e acreditamos que a medida restaura parte do papel que o Brasil sempre teve como um dos grandes fornecedores do mercado americano, afirmou Alban. Ele lembrou que o setor privado tem atuado de forma consistente para contribuir com o avanço nas negociações envolvendo o tarifaço. Em setembro, a CNI liderou missão a Washington com 130 empresários brasileiros.
Entre os produtos beneficiados pela atualização da lista de produtos isentos à sobretaxa de 40% aplicada ao Brasil desde agosto estão a carne bovina, café e cacau, insumos comuns da cesta de consumo da população americana. A nova medida volta a tornar os nossos produtos competitivos, uma vez que a remoção das tarifas recíprocas, de 10%, na última semana, havia deixado nossos produtores em condições menos vantajosas, complementou o presidente da CNI.
Para Alban, este é um resultado animador para novas etapas da negociação com o governo americano e a expectativa agora é avançar nos termos sobre bens industriais. A complementariedade das economias é real e agora precisamos evoluir nos termos para a entradas de bens da indústria, para a qual os EUA são nosso principal mercado, como para o setor de máquinas e equipamentos, por exemplo, relembra.
Desde o início da aplicação das tarifas por parte dos Estados Unidos, a CNI tem mobilizado o setor e contrapartes americanas para abrir caminhos de diálogo que facilitassem a interlocução entre as autoridades dos dois países.”
Amcham ressalta que 55% dos produtos exportados seguem sob tarifaço
O presidente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), Abrão Neto, disse que a medida anunciada pelo governo americano beneficia 10% das exportações brasileiras para os Estados Unidos, um pouco mais de US$ 4 bilhões por ano. Ele considera a medida ‘muito positiva’ por conta da relevância dos produtos beneficiados, como o café, mas ressaltou que 55% dos produtos exportados seguem sob o tarifaço, mostrando expectativa de novos avanços nas negociações.
“Olhando o conjunto, o panorama atual das exportações brasileiras, temos 45% isentos de sobretaxas, esse número incrementou consideravelmente por conta da decisão de ontem e, por consequência, 55% que têm, ainda, algum tipo de sobretaxa de até 50% e segue na expectativa de melhora das condições de acesso ao mercado americano”, disse ele, em entrevista à Globonews, na manhã desta sexta-feira.
O presidente da Amcham disse mais de US$ 20 bilhões em exportações do Brasil ainda seguem com tarifas.
“Para os demais produtos, o caminho é a continuidade das negociações entre os dois governos”, disse o presidente da Amcham.
Ele lembrou que sobretudo produtos industriais brasileiros seguem sujeitos às sobretaxas, como máquinas e equipamentos, móveis, produtos derivados de madeira, além de medidas específicas para os setores de aço e alumínio, agroindústria, pescados, entre outros. “Todos os setores têm uma necessidade e interesse no mercado americano e em buscar melhores condições para acessar esse mercado”, disse, sem mencionar prioridades para essas negociações.
O presidente da Amcham disse que a entidade e o setor empresarial brasileiro têm buscado contribuir com as negociações entre os dois governos e que espera que esse ímpeto seja mantido.
Ele avalia que podem entrar nas negociações temas importantes para o EUA como minerais críticos e terras raras, o tratamento dado pelo Brasil às empresas de tecnologia, tempo de aprovação de patentes e acesso a alguns mercados específicos.
Fonte: Cynara Escobar – Safras News




