Com avanço surpreendente em outubro, as exportações totais de arroz (base casca) somaram 1,13 milhão de toneladas no acumulado da temporada comercial 2025/26 (março a outubro), representando um crescimento de cerca de 20% em relação ao mesmo período anterior, puxado principalmente pelo forte avanço do arroz em casca. Os números foram compilados pela Safras Consultoria.
O arroz em casca foi o grande destaque, com alta de 61,4%, passando de 272,5 mil t para 439,9 mil t. “O desempenho foi impulsionado sobretudo pela Venezuela (+98%) e México, que se tornou um novo comprador relevante (62,7 mil t)”, relata o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira. Por outro lado, houve retração em Costa Rica (-23%) e Guatemala (-85%), “evidenciando a perda de espaço em destinos latino-americanos de grande importância”.
O arroz quebrado, variedade que resiste até em momentos de crise, cresceu 13,6%, totalizando 507,9 mil t, sustentado por demanda firme na África Ocidental – destaque para Senegal (+55%), que se consolidou como principal destino, além de Gâmbia e Serra Leoa, apesar de quedas pontuais.
“Em contraste, as exportações de arroz beneficiado caíram 28,4%, recuando de 245,0 mil t para 175,4 mil t, refletindo forte perda de competitividade do produto com maior valor agregado”, pondera o consultor. As quedas mais acentuadas vieram de República Dominicana (sem compras nessa temporada), Cuba (-54%) e Costa Rica (-55%), compensadas parcialmente por leve alta para Estados Unidos (+6%) e Arábia Saudita (+16%).
Já as importações totais (base casca) somaram cerca de 1,03 milhão de toneladas no mesmo período, representando uma leve queda em relação ao ciclo anterior, com forte recomposição de fluxos em categorias específicas, especialmente do arroz esbramado.
O arroz descascado (esbramado, crescente ameaça para a balança comercial brasileira) avançou incríveis 44,3%, já totalizando 440,7 mil t, sustentado novamente por Paraguai (+31%) e Uruguai (+77%), além da entrada de um volume argentino mais de quatro vezes maior que o do ano anterior, subindo de 7,46 mil toneladas para 31,2 mil toneladas.
Em contrapartida, o arroz beneficiado registrou importante retração de 29%, caindo de 732,2 mil t para 517 mil t, resultado considerado positivo, mas ainda aquém do necessário. Mesmo assim, o Paraguai manteve-se como principal fornecedor (338,2 mil t, +14%), enquanto o Uruguai despencou 52% e a Argentina avançou 37%.
“Impulsionado por um câmbio médio próximo de R$ 5,50 em pelo menos uma semana na metade de outubro, que favoreceu os embarques e conteve importações o resultado líquido das trocas confirma o retorno do Brasil à posição superavitária, com saldo positivo de 102,6 mil toneladas em 2025/26, revertendo o déficit de 98,3 mil t observado no ciclo anterior”, finaliza Oliveira.
Em relação ao mercado, a pressão estrutural permanece forte devido aos estoques elevados: o Brasil entra em 2026 com mais de 3,6 milhões de toneladas em base casca (conforme estimativas recentes da Conmasur), o maior volume das últimas décadas, enquanto o Mercosul encerra 2025 com mais de 4,4 milhões de toneladas de excedente.
No campo, a implantação da safra gaúcha avança para sua reta final. As chuvas do início de novembro trouxeram efeitos mistos, melhorando a umidade e a regularização da lâmina, mas também gerando saturação e atraso pontual.
Fonte: Rodrigo Ramos/ Agência Safras News




