A fixação biológica de nitrogênio (FBN) é o processo simbiótico em que bactérias fixadoras de nitrogênio atuam de forma sinérgica com as plantas, capturando o nitrogênio atmosférico e convertendo-o em formas assimiláveis pela planta, em troca de açúcares e outros compostos necessários à sua sobrevivência. Essa relação simbiótica pode suprir todo o nitrogênio requerido para altas produtividades de soja, sem a necessidade de suplementação com fertilizantes nitrogenados.

Dentre os grupo de bactérias com maior aptidão da a FBN, destacam-se as bactérias do gênero Bradyrhizobium. Embora sejam naturalmente encontradas no solo, normalmente a população natural dessas bactérias são insuficientes para suprir toda da demanda da soja por meio da FBN, tornando necessário elevar os níveis populacionais do Bradyrhizobium por meio da inoculação.

Especialmente em áreas de primeiro cultivo, a inoculação da soja com Bradyrhizobium estimula o aumento populacional e reprodução da bactéria no ambiente, resultando em uma FBN capaz de suprir toda a demanda da soja por nitrogênio. Pesquisas demonstram que o ganho médio da inoculação anual da soja com Bradyrhizobium é de 8% (Prando et al., 2019).

Entretanto, embora essas bactérias possuam capacidade de multiplicação natural e colonização no solo, em função das condições climáticas e ambientais, nem sempre a população de Bradyrhizobium estabelecida na inoculação, se sustenta, especialmente sob condições de estresse, o que torna necessário realizar a reinoculação das áreas de soja, a fim de garantir níveis populacionais adequados dessa bactéria a fim de promover uma eficiente FBN em soja.

Figura 1. Raízes da soja com boa e baixa nodulação.
Foto: Dorivar Ruiz Diaz, K-State Research and Extension.

Nesse contexto, mesmo em áreas tradicionalmente cultivadas com soja, a reinoculação de forma anual faz-se necessária para a obtenção de boas produtividade. De acordo com Hungria et al. (2005), o incremento pela reinoculação tem sido atribuído, principalmente, às condições ambientais estressantes a que os solos brasileiros são, com frequência, submetidos, bem como às boas estirpes e às tecnologias adequadas de inoculação identificadas pela pesquisa brasileira, mas o controle rígido de qualidade dos inoculantes também é um fator fundamental para o sucesso da reinoculação a campo.

Qual o impacto da reinoculação da soja na produtividade em áreas tradicionalmente cultivadas?

Ensaios conduzidos pela Embrapa em todo o território nacional, demonstram que, mesmo em solos com populações de Bradyrhizobium estabelecidas por inoculações anteriores, a reinoculação da soja garante incrementos no rendimento de grãos, na ordem de 4,5 % a 8%, com ganhos médios de produtividade de 4,7 %, correspondendo a um rendimento médio de grãos de 127 kg ha-1 (Hungria et al., 2005).

Considerando o baixo custo relacionado a aquisição do inoculante e a prática da inoculação, pode-se dizer que o retorno da inoculação é grande, mesmo em área já tradicionalmente cultivadas com soja e já inoculadas. Nesse contexto, a inoculação é essencial para uma adequada FBN e boas produtividade de soja, mesmo em áreas já consolidadas de soja.


Veja mais: Métodos de inoculação para a cultura da soja


Referências:

HUNGRIA, M. et al. REINOCULAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CULTURA DA SOJA. Embrapa Soja, 2005. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/471039/1/Reinoculacaoeadubacaonitrogenadanaculturadasoja.pdf >, acesso em: 10/12/2025.

PRANDO, A. M. et al. COINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium E Azospirillum NA SAFRA 2018/2019 NO PARANÁ. Embrapa, Circular Técnica, n. 156, 2019. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1117312/1/Circtec156.pdf >, acesso em: 10/12/2025.

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