Por Argemiro Luís Brum

O final do ano se aproxima e as cotações da soja, em Chicago, voltaram a recuar abaixo dos US$ 11,00/bushel, considerando o primeiro mês cotado. Após atingir a US$ 10,87 no dia 09/12, o mais baixo valor desde o dia 29 de outubro, o bushel da oleaginosa fechou a quinta-feira (11) em US$ 10,93, contra US$ 11,19 uma semana antes.

Um dos motivos foi o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 09/12, o qual indicou, para a safra 2025/26, uma colheita nos EUA de 115,8 milhões de toneladas e estoques finais naquele país em 7,9 milhões. Tais volumes não sofreram alterações em relação ao relatório de novembro. Estes volumes são, respectivamente, 3,3 milhões de toneladas e 700.000 toneladas abaixo do registrado no ano anterior. Portanto, a diferença não é significativa. Especialmente porque o relatório elevou em cerca de um milhão de toneladas a produção e os estoques finais mundiais para este novo ano comercial. A produção seria de 422,5 milhões de toneladas e os estoques ficariam em 122,4 milhões. Por sua vez, a produção brasileira de soja foi mantida em 175 milhões de toneladas e a da Argentina em 48,5 milhões. Já as importações chinesas somariam 112 milhões de toneladas. Com isso, o preço médio ao sojicultor estadunidense, neste ano de 2025/26, permaneceu estimado em US$ 10,50/bushel.

Dito isso, as importações chinesas de soja chegaram ao maior nível desde novembro de 2021. “O maior comprador mundial de soja importou 8,1 milhões de toneladas em novembro, um aumento de 13,4% em relação às 7,15 milhões de toneladas do ano anterior. Nos primeiros 11 meses do ano, as importações de soja da China aumentaram 6,9% em relação ao ano anterior, para 103,79 milhões de toneladas.” Todavia, vale registrar que os embarques de novembro caíram 14,5% em relação a outubro. Por sua vez, os estoques de soja e farelo de soja, nas esmagadoras chinesas, estão elevados o que indica uma possível diminuição futura nas compras do país asiático. Com as recentes negociações entre os governos dos EUA e da China, os asiáticos voltaram a comprar soja estadunidense depois de um longo período ausente deste mercado (cf. Reuters).

Já no Paraguai, espera-se uma safra total de soja ao redor de 10,5 milhões de toneladas para 2025/26, entre safra e safrinha. Inicialmente esperava-se 11 milhões, porém, problemas climáticos reduzem a projeção. Por sua vez, 19% da futura soja havia sido vendida antecipadamente no Paraguai, contra 13% no mês anterior. Já a safra de 2024/25 estaria totalmente comercializada no vizinho país (cf. StoneX).

E no Brasil, devido a um real mais desvalorizado (oscilando entre R$ 5,40 e R$ 5,50 por dólar durante a semana), os preços da soja se mantiveram firmes apesar do recuo em Chicago. No Rio Grande do Sul, as principais praças negociaram o produto entre R$ 125,50 e R$ 126,00/saco, enquanto nas demais localidades brasileiras as médias oscilaram entre R$ 116,00 e R$ 128,00/saco.

Dentre as principais notícias da semana tem-se que a nova safra de soja vem causando preocupações aos produtores brasileiros em geral e aos mato-grossenses em particular. De fato, no Mato Grosso, segundo o Imea, o custo total da safra de soja local será de R$ 54,39 bilhões em todo o ciclo, sendo esta uma das mais caras da história recente daquele Estado. Portanto, não há margem para erros por parte dos produtores quanto à compra dos insumos, à tomada de crédito diante dos atuais juros, ao seguro agrícola e à comercialização do produto na ponta final. A contabilidade da safra será decisiva, com a realização de cálculos completos, pois qualquer erro poderá comprometer o lucro da safra inteira já que a margem está muito mais apertada. Outro problema é que o crédito rápido das revendas não existe mais e quem não organizar o fluxo de caixa com antecedência corre grandes riscos de prejuízos importantes. Somase a isso, obviamente, a dúvida quanto ao sucesso final da colheita diante das variações climáticas constantes e profundas nos últimos anos. Em resumo, “com custos recordes, crédito mais rígido e risco maior, a safra de soja de Mato Grosso se desenha como um teste de gestão”. E isso vale para o Brasil inteiro produtor de soja, pois a eficiência não é mais um diferencial e sim uma necessidade.

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Informativo CEEMA UNIJUÍ

Site: Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

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