Recentemente o MAPA divulgou uma portaria com 40 pragas eleitas como prioridades para registro e alteração de registro de agrotóxicos em 2019, e a buva (Conyza bonariensis) ocupa uma das posições de destaque, juntamente com Digitaria insularis. Para acessar a portaria clique aqui.

O gênero Conyza inclui, aproximadamente, 50 espécies, as quais se distribuem em quase todo o mundo. As espécies que mais se destacam, são Conyza bonariensis e Conyza canadensis. A primeira espécie é nativa da América do Sul e ocorre de forma abundante na Argentina, no Uruguai, no Paraguai, Colômbia, Venezuela e no Brasil. Neste, sua presença é mais intensa nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Conyza canadensis, porém, é nativa da América do Norte, sendo uma das espécies mais amplamente distribuídas no mundo e no Brasil, sua presença é significativa em campos nativos e em lavouras, especialmente da região Sul (KISSMANN & GROTH, 1999).



Saiba mais sobre essa planta daninha

A buva (Conyza spp.) é uma planta daninha que tem aparecido com grande frequência nas regiões produtoras de soja e milho do Brasil. Produz alta quantidade de sementes, que são de tamanho pequeno, podendo serem levadas pelo vento até uma distância de 65 km, aproximadamente, se adaptando em sistemas de manejo, como o plantio direto, e possui casos comprovados de resistência ao herbicida glifosato e a inibidores da acetolactato sintase (ALS) (SANTOS et al., 2014).

As sementes de buva germinam durante o outono e o inverno, principalmente entre os meses de junho a setembro, época em que boa parte das lavouras são deixadas em pousio, por causa das condições climáticas adversas (CONSTANTIN et al., 2013). As sementes maduras não são dormentes e, em geral, germinam sob temperaturas entre 10 e 25°C, e preferivelmente na presença de luz (WU & WALKER, 2006).

Na figura 1 abaixo pode-se observar as condições de temperatura e luminosidade preferíveis para a germinação da buva.

Fonte: Santos et al., 2013.

 Por esse motivo, muitos produtores realizam o controle tardio desta espécie infestante. Esse fato pode implicar vários prejuízos, como o uso de maiores doses de herbicidas; redução do número de opções de produtos registrados; e redução na eficiência de controle, o que poderá acarretar no aumento do banco de sementes no solo e em perdas no rendimento da cultura de verão, em razão da interferência da planta daninha. Dessa forma, o controle da buva no período da entressafra é de grande importância para o produtor.


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Por apresentar alta capacidade de extração de água do solo e uso eficiente da água, a buva consegue se desenvolver mesmo em condições de déficit hídrico. Dessa forma, pode também se tornar uma planta hospedeira de algumas pragas, nesse período, garantindo a sobrevivência de espécies como Spodoptera frugiperdaHelicoverpa armigera (SANTOS et al., 2014).



Danos

Pesquisadores do Rio Grande do Sul avaliaram a interferência de buva tolerante ao glifosato (em diferentes densidades) na perda de rendimento da soja, bem como estimaram o nível do limiar econômico.

Para isso, foram realizados dois experimentos de campo em dois locais diferentes – Passo Fundo (RS) e Santa Bárbara do Sul (RS). Utilizaram duas cultivares de soja tolerantes ao glifosato (BRS Estância e BMX Turbo) e as densidades de buva variaram de 0 a 124 plantas/m². Os dados foram submetidos a testes estatísticos.

O aumento da densidade de plantas de buva causou a diminuição do número de vagens nas duas cultivares de soja. Porém, na cultivar BMX Turbo essa diminuição foi mais expressiva, o que pode ser explicado pelo fato das plantas da cultivar BRS Estância apresentarem uma alta ramificação, o que resulta em maior potencial produtivo e competitivo com ervas daninhas (mais ramificação – mais estruturas reprodutivas – mais vagens – maior número em biomassa).

Nas densidades mínimas e máximas de plantas de buva as perdas de rendimento de soja foi respectivamente de 1,4 e 56% para a cultivar BRS Estância e 25,9 e 91% para cultivar BMX Turbo. Levando em consideração que os rendimentos de grãos observados na ausência de buva foram de 2.894 e 1.532 kg ha-¹ para as cultivares BRS Estância e BMX Turbo, respectivamente. Leia o trabalho clicando aqui.


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Os pesquisadores da Embrapa Soja constataram que uma planta de buva produz de 100 a 300 mil sementes, além disso, a buva é uma planta extremamente agressiva. De cada centímetro que ela cresce em parte aérea, outros três se desenvolvem dentro do solo. Uma planta com dez centímetros acima do solo, por exemplo, tem outros 30 de raiz e compete de forma desleal por água, luz e nutrientes com a lavoura. Competição esta, que pode ocasionar até 40% de perda na produtividade, sem contar as perdas com impureza dos grãos.

Veja o trabalho completo realizado pela Embrapa clicando aqui.

Na figura 2 pode-se observar a intensidade em que a interferência de plantas de buva/m2 reduz a produtividade na cultura da soja.

Fonte: Embrapa Soja.

Em trabalho realizado por Gazzieiro et al. (2010), pode-se observar que uma infestação de 12,2 hastes m-2 de buva convivendo com a cultura da soja desde a emergência até a colheita, tem a capacidade de reduzir a produtividade da cultura em mais de 700 kg ha-1. Em condições extremas (presença de até 55,6 hastes de buva m-2) a redução da produtividade foi de cerca de 1500 kg ha-1.

Na figura 3, observa-se os resultados deste experimento.

Fonte: Gazzieiro et al. (2010).

 Na INFOS + Soja foi destacado que 1 planta de buva/m² reduz de 4 a 12% a produtividade da cultura da soja. Acesse o material clicando aqui:

Em trabalho realizado por Lamego et al., (2015), é destacado que a rotação de culturas e a cultura antecessora também exerce influência na presença de buva na lavoura, confira na imagem abaixo:

Fonte: Lamego et al., 31:433.

Manejo e controle

Devido à dificuldade de controlar estas espécies, especialmente através do método químico, e devido ao aparecimento de populações de biótipos resistentes aos herbicidas, as práticas de manejo de buva requerem a combinação de múltiplas ações, como:

  • Aumento da intensidade de manejo do solo;
  • Uso rotineiro da rotação de culturas;
  • Adoção de técnicas culturais apropriadas.

Para a prevenção e manejo da resistência a Embrapa recomenda as seguintes operações:

  1. Arrancar e destruir plantas suspeitas de resistência;
  2.  Fazer rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação;
  3.  Realizar aplicações sequenciais de herbicidas com diferentes mecanismos de ação;
  4.  Não usar mais do que duas vezes consecutivas herbicidas com o mesmo mecanismo de ação em uma área;
  5.  Fazer rotação de culturas;
  6.  Monitorar o início do aparecimento da resistência;
  7.  Evitar que plantas resistentes ou suspeitas produzam sementes;
  8. Usar práticas para esgotar o banco de sementes – estimular a germinação e evitar a produção de sementes das plantas daninhas.

Matéria completa acesse aqui

Além disso, a manutenção do solo coberto, manejo com herbicidas no momento ideal de controle da planta e evitar  preparo do solo, o deixando exposto, permitindo a passagem da luz solar, também constituem práticas de manejo a serem adotadas.

Assista também a entrevista do Dr. Aldo Merotto Júnior falando sobre as plantas resistentes.

 

Elaboração: Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.

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