A qualidade fisiológica pode ser definida como a capacidade de desempenhar funções vitais, caracterizada pela germinação, vigor e longevidade, que afeta diretamente a implantação da cultura em condições de campo.
Resultados de pesquisa mostram que a baixa qualidade fisiológica de sementes pode resultar em reduções na velocidade e emergência total, desuniformidade de emergência, menor tamanho inicial de plântulas, produção de matéria seca e na área foliar (Khah et al., 1989; Schuch, 1999; Höfs et al., 2004a; Kolchinski et al., 2006).
Também foi constatado que plântulas de soja provenientes de sementes com menor qualidade fisiológica emergiram posteriormente e apresentaram as primeiras folhas trifolioladas menores em relação às plântulas provenientes das sementes com alta qualidade, resultando em menor taxa de acúmulo de matéria seca durante o período de crescimento.
Por isso, o tema qualidade fisiológica da semente e seus efeitos na produtividade da soja foi o assunto tratado no webinar da safra 2019/2020. Nesse webinar, a Embrapa Soja divulgou uma palestra no canal do Youtube Embrapa – Radar da Tecnologia Soja, onde o pesquisador da Embrapa Soja José de Barros França Neto comentou sobre o manejo que deve ser realizado para garantir a qualidade da semente além da obtenção de uma semente e alta produtividade.
O pesquisador ressaltou que a semente foi considerada para ele um insumo de alta importância, assim como os fertilizantes, herbicidas, inseticidas, fungicidas e outros insumos. Entretanto, ultimamente ele ressalta que passou a considerar a semente como uma matéria-prima, e toda matéria-prima, em todo o processo de produção, é fundamental que seja da melhor qualidade possível.
Na figura abaixo pode-se perceber um aspecto muito positivo, onde as plântulas recém emergidas possuem todas o mesmo padrão, sem falhas e aglomerados, com bom espaçamento entre si e apresentando um bom vigor.

Em contrapartida, nas imagens abaixo pode-se perceber falhas, aglomerados de plântulas e plântulas de baixo desempenho agronômico, provavelmente provenientes de sementes de baixa qualidade.


O pesquisador ressalta que essas plântulas provenientes de sementes de baixa qualidade tendem a serem menores que as demais, se desenvolvendo de forma tardia em relação às demais e isso resulta no sombreamento dessas plantas, que certamente produzirão menos em relação às demais.
Uma falha/m2 causa uma perda de 180 a 240 kg de soja/ha, colocou o pesquisador. Plantas duplas, por sua vez, dificultam a proteção e causam perdas de folhas.
No gráfico abaixo, José demonstra a precisão da semeadura e sua relação na redução da produtividade quando ocorrem 1, 2 e 3 falhas por metro linear, onde pode-se perder até 24% da produtividade da cultura.
Gráfico 1: Produtividade de soja originada de sementes de alto e baixo vigor.

Na instalação da lavoura, a semente possui um papel fundamental, mas a semeadora também tem funções primordiais, como cortar a palha, preparar o leito pra as sementes, semear em profundidade adequada e no espaçamento adequado, sem falhas ou aglomerados e fechar o sulco. Nesse sentido, a velocidade da semeadora é também de extrema importância para garantir uma semeadura uniforme.
Veja no gráfico abaixo, em trabalho realizado por Paulo Arbex (2017), da Unesp, onde foi realizado um estudo com três sistemas de distribuição de sementes distintos e comprovou-se que à medida em que aumentamos a velocidade de deslocamento da semeadora a precisão vai diminuindo, independente do sistema de distribuição, refletindo, consequentemente, na produtividade.
Dados recentes do IAPAR realizados no Paraná e no Mato Grosso, mostram que 40% dos produtores rurais cometem erros no momento da regulagem da semeadora, e a razão principal que acarreta nesses erros é a idade da semeadora.
Dessa forma, o pesquisador destaca a importância de se investir também em semeadoras novas e bem ajustadas, sendo uma combinação ideal ter-se uma semente de alto vigor com uma semeadora de precisão, bem operada e bem ajustada.
O pesquisador ressaltou também que uma semente de alto vigor possui vantagens em relação à uma semente de baixo vigor no que se refere a estresses, como por exemplo ocorrência de seca após a semeadura, profundidade de semeadura, compactação superficial, assoreamento após chuva pesada, baixas temperaturas, ataque de fungos e insetos. Isso se dá em virtude de que o uso de sementes vigorosas assegura o estabelecimento de uma população de plantas adequada mesmo em condições estressantes, afirma o pesquisador.
Veja, nas imagens abaixo, estudos realizados pela Embrapa comparando sementes de baixo, médio e alto vigor, onde os resultados podem ser analisados abaixo.


Por fim, o pesquisador destaca as seguintes vantagens de sementes vigorosas em relação às sementes de mais baixo vigor:
- Melhor germinação e emergência, mesmo em condições de estresse;
- Maior velocidade de germinação e emergência;
- Plântulas que emergem mais cedo acabam tendo vantagens competitivas em relação às que emergem depois, como as plantas daninhas;
- Estande adequado, com plantas vigorosas e uniformes.
Veja a palestra completa do pesquisador José de Barros França Neto abaixo.
Fonte: Embrapa Soja – Canal Radar Da Tecnologia – Youtube
Elaboração: Engenheira Agrônoma Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.