BICUDO DO ALGODOEIRO (Anthonomus grandis)
O bicudo é a principal praga e possui o maior potencial de redução da produtividade na cultura do algodão.
Os danos podem atingir 70% da produção. É responsável por perdas de 200 dólares/hectare/ano, atingindo até 10% de custos de produção (Embrapa, 2018).
As pulverizações realizadas para controle da praga podem variar de 18-23/safra. Mesmo assim, as perdas são significativas (Embrapa, 2018). O período crítico de ataque da praga é de 40-90 dias após a semeadura, compreendendo desde a floração até a colheita (Agro Bayer Brasil).
Figura 1. Ataque do bicudo no algodoeiro.
Os danos desta praga estão relacionados com a excessiva produção de massa verde na fase vegetativa, apresentando abundância de folhas. No entanto, a produção é reduzida.
A praga possui grande habilidade de reprodução e disseminação. O principal dano ocorre nas estruturas reprodutivas. Além disso, todo o desenvolvimento de larva, pupa e até atingir a fase adulta, ocorre no interior do botão (Azambuja & Degrande, 2014).
Lesões:
- Separação das brácteas dos botões florais;
- Amarelecimento;
- Grande queda de botões (principal alimento da praga).
Além dos botões florais, alimentam-se das maçãs que se encontram ainda pequenas e macias. O botão atacado cai e as flores apresentam formato de balão, pois as pétalas não se abrem.
Figura 2. Flores com aspecto de balão.

As sementes e as fibras também são destruídas dentro dos capulhos. Na extremidade do rostrum, possuem mandíbulas afiadas. Esta estrutura perfura os botões e as maçãs, servindo de alimento e local para postura dos ovos (Instituto Biológico – APTA, 2016).
Os ataques decorrentes da praga são as principais vias de entrada de fungos e bactérias, acarretando em apodrecimento das maçãs. Os botões da porção mediana da planta são preferidos para alimentação, enquanto que os botões da parte superior do dossel, para oviposição.
Figura 3. Orifício de oviposição e alimentação.

O bicudo inicia a sua infestação nas bordas das lavouras, próximo a matas e vegetação permanente. Esta área se torna a mais prejudicada pelo ataque, reduzindo até o centro da lavoura (Scarpellini et al., 2015). Os danos causados por esta praga reduzem a produção e a qualidade da pluma. As plantas apresentam poucos capulhos e maçãs viáveis (Agro Bayer Brasil). O cultivo sucessivo da cultura é a melhor forma para favorecer o desenvolvimento da praga. Recomenda-se realizar o vazio sanitário para interromper seu ciclo de desenvolvimento.
MOSCA-BRANCA (Bemisia tabaci)
A praga é considerada um inseto sugador, causador de danos diretos e indiretos desde a sua fase ninfal.
Os danos diretos estão relacionados com a capacidade de sugar a seiva das plantas e injetar toxinas, causando distúrbios fisiológicos, como:
- Amarelecimento das folhas;
- Pontos necróticos nas nervuras;
- Murcha;
- Morte precoce das folhas.
Os danos indiretos ocorrem através da transmissão de viroses, como o mosaico comum no algodão. As cultivares suscetíveis a este vírus, apresentam perdas que podem atingir 50% da lavoura. Os sintomas são: coloração amarelada, redução da área foliar e queda de folhas e frutos (Araújo et al., 2000).
Figura 4. Mosaico comum no algodão.

Além disso, ao se alimentar da planta, a praga excreta uma substância açucarada chamada “Honeydew” que servirá para o desenvolvimento de fungos, como a fumagina. A fumagina ocorre na superfície dos capulhos e nas hastes e possui coloração escura. Este fato reduz a fotossíntese. O melado se torna pegajoso nas fibras do algodão e reduz o valor comercial.
Figura 5. Fibra contaminada pela fumagina.

O alvo de oviposição da praga é a parte inferior dos folíolos, dificultando o controle químico para atingir os ovos e as ninfas. Os danos estão estimados de 30-80% de perdas, até o prejuízo total da lavoura
Veja também: Algodão Bt – a tecnologia que controla pragas e beneficia o produtor
CURUQUERÊ DO ALGODOEIRO (Alabama argilacea)
O ataque desta praga pode ocorrer desde a germinação até à floração, atentando-se para o início do ciclo da cultura. É considerada a principal praga desfolhadora do algodão. As partes atacadas são: folhas novas do ponteiro, folhas medianas, folhas baixeiras, ramos, talos e maçãs, até a desfolha geral. Entretanto, possuem preferências pelas folhas novas do ponteiro.
Figura 6. Curuquerê do algodoeiro.

Em sua fase larval, constrói um casulo entre as bordas das folhas e produz fios de seda, permanecendo neste local até se tornar mariposa.
Quando o ataque ocorre na fase inicial de desenvolvimento da planta, ocorre:
- Maturação forçada das maçãs;
- Redução da resistência das fibras;
- Diminuição da produção de fotoassimilados para formação dos capulhos (Gonçalves et al., 2015).
A deposição de fezes sobre as fibras também reduz o valor comercial. Os danos podem atingir até 35% do rendimento (Gonçalves et al., 2015). Os maiores ataques ocorrem devido a não destruição da soqueira da safra anterior.
PULGÃO DO ALGODOEIRO (Aphis gossypii)
Incide na lavoura desde as fases iniciais de desenvolvimento do algodão, até o final do ciclo, atacando brotos, caule e maçãs, entretanto, preferem os tecidos novos. Quanto mais cedo esta praga estiver presente na lavoura, maiores serão os danos.
Os ataques desempenham perdas de até 44% de produtividade (desconsiderando viroses) e 10% de perdas em lavouras destinadas a produção de sementes (Agro Bayer Brasil). Possui capacidade de causar danos diretos pela sucção da seiva, ocasionando enrolamento das folhas e deformação dos brotos.
Figura 7. Pulgões no algodoeiro.

Os danos indiretos ocorrem através da transmissão de viroses. Os vírus mais comuns são: vermelhão do algodoeiro e mosaico-das-nervuras. O vermelhão do algodão provoca regiões avermelhadas entre as nervuras da planta, ocasionando prejuízos de até 50% da produção (IFF – MT, 2016).
O mosaico-das-nervuras ou doença azul causa amarelecimento e rugosidade no limbo foliar. Em sua fase mais crítica, conhecida como “Ribeirão Bonito”, acarreta paralisação do crescimento e redução dos entre-nós. No início de desenvolvimento das plantas, acarreta em perdas totais da produção (Dalva, 2010).
Figura 8. Vermelhão do algodão e Mosaico-das-nervuras.

Outro dano indireto está relacionado com a liberação de uma substância açucarada, favorecendo o desenvolvimento de fumagina. Este fungo reduz a fotossíntese e causa o “algodão caramelizado” quando a planta está na fase de abertura das maçãs, depreciando a fibra na sua utilização industrial.
Figura 9. Fumagina no algodão.

Em regiões do cerrado brasileiro, os pulgões foram responsáveis por cerca de 80% das pulverizações e sem controle satisfatório (Dalva, 2010).
LAGARTA-DO-CARTUCHO (Spodptera frugiperda)
Os danos desta praga têm se intensificado nos últimos anos devido à resistência de inseticidas vinculado ao seu uso indiscriminado e a disponibilidade de “pontes verdes” durante quase todo o ano no cerrado (Cultivar Grandes Culturas). O período crítico de ataque da praga ocorre de 40-60 dias após a semeadura, especialmente durante o surgimento dos botões florais até o aparecimento do 1º capulho.
Figura 10. Fase crítica de ataque.
Os danos estão relacionados com a raspagem das folhas até perfurações mais intensas dependendo do estágio que se encontra a lagarta. O ataque ocorre normalmente da parte mediana da planta até o ponteiro. Além das folhas, perfuram as estruturas reprodutivas, como brácteas, botões florais, flores e maçãs. Em situações de ataques mais severos, ocorre infestação no colmo, acarretando em queda da planta. Excrementos e raspagem nas brácteas, indicam a presença da praga (Miranda, 2006).
LAGARTA DAS MAÇÃS (Heliothis virescens)
Ataca especialmente as estruturas reprodutivas do algodão, como os botões florais e as maçãs. As lagartas de instares iniciais se alimentam de folhas jovens, inclusive dos pontos de crescimento da planta.
Em instares mais avançados, atacam as estruturas reprodutivas, como botões florais e maçãs, realizando aberturas e destruição por completo do conteúdo interno das maçãs. Quando atacam os botões, acarretam em queda desta estrutura.
Os orifícios que realizam na planta, servem de porta de entrada para outros microrganismos que reduzem ainda mais a produtividade.
Figura 11. Lagarta-das-maçãs atacando o algodão.

O período crítico compreende desde o aparecimento dos botões florais até a abertura dos capulhos (Agro Bayer Brasil).
Figura 12. Danos na maçã (a) e nos botões florais (b).

Dentre as lesões causadas nos botões florais e nas maçãs, 1 lagarta possui capacidade de atacar 23,7 estruturas (Lins, 2014). As perdas variam de 18-32% de produtividade decorrente aos ataques desta praga no algodão (Lins, 2014).
LAGARTA ROSADA (Pectinophora gossypiella)
O período crítico ocorre desde a formação dos botões florais até a abertura dos capulhos. As injúrias ocorrem nos botões florais, de forma a impedir a formação das maçãs, formando-se uma “roseta”. A murcha e a queda nos botões também ocorrem. Quando a praga ataca as maçãs, destroem as fibras e as sementes. Os capulhos amadurecem rapidamente, com manchas nas fibras apresentando sintomas de ferrugem (Miranda, 2006).
Figura 13. Momento de ataque da lagarta rosada.

BROCA-DA-RAIZ (Eutinobothrus brasiliensis)
A praga já inicia seu desenvolvimento dentro da planta, pois as fêmeas ovipositam os ovos no colo do algodoeiro.
Este inseto é um besouro que se alimenta abrindo galerias nos vasos lenhosos das plantas. A medida que a praga avança de desenvolvimento, o diâmetro da galeria aumenta e impedem a transmissão do fluxo de seiva. O primeiro sintoma é a paralisação do crescimento da planta.
O algodoeiro apresenta uma cor vermelho no limbo foliar, murcha, seca e queda das folhas. Na região do colo da planta, onde a praga está abrigada, ocorre um engrossamento do caule (Miranda, 2006).
Figura 14. Danos de broca-da-raiz.

PERCEVEJO-CASTANHO (Scaptocoris castanea e Atarsocoris brachiariae)
Tanto as formas jovens quanto adultas possuem capacidade de causar danos a cultura, alimentando-se da seiva das raízes. A sucção das seivas acarreta em paralisação do crescimento da planta, murcha, seca e manchas nas raízes.
As plantas que conseguem se desenvolver mesmo sendo atacadas, apresentam sintomas de redução da produtividade das estruturas florais. Apresentam redução de crescimento, com altura reduzida em 31% (Oliveira et al., 2008).
Figura 15. Percevejo-castanho.

Helicoverpa armigera
Está presente durante a fase vegetativa e na reprodutiva.
O ataque desta praga causa queda dos botões florais e das maçãs.
Nas maçãs maiores, abrem um orifício para se alimentarem e depositar seus excrementos. A maçã não se desenvolve normalmente e apodrece. Durante a safra 2012/2013 na Bahia, as perdas atingiram 80% da produção (Da Cunha, 2016).
Figura 16. Ataque de H. armigera

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As pragas na cultura do algodoeiro atacam, principalmente, a fase reprodutiva, como os botões florais e as maçãs.
É de grande importância identificar de qual praga estamos tratando, a fim de realizarmos o manejo adequado e de forma sustentável.
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REFERÊNCIAS
Agro Bayer Brasil. Bicudo. Disponível em: < https://www.agro.bayer.com.br/alvos/bicudo#tab-4>. Acesso em: 14.05.2020
Agro Bayer Brasil. Pulgão do algodoeiro. Disponível em: < https://www.agro.bayer.com.br/alvos/pulgao-do-algodoeiro-aphis-gossypii#tab-4>. Acesso em: 14.05.2020
Agro Bayer Brasil. Lagarta das maçãs. Disponível em: < https://www.agro.bayer.com.br/alvos/lagarta-das-macas-heliothis-virescens#tab-3>. Acesso em: 14.05.2020
ARAÚJO, et al. Manejo de Mosca Branca Bemisia Argentifolii Bellows & Perring no Algodoeiro. Embrapa – Circular Técnica, 2000.
AZAMBUJA, Rosalia; DEGRANDE, Paulo Eduardo. Trinta anos do bicudo-do-algodoeiro no Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, v. 81, n. 4, p. 377-410, 2014.
CULTIVAR GRANDES CULTURAS. Alternativa de proteção contra a lagarta do cartucho em algodão. Disponível em: < https://www.grupocultivar.com.br/artigos/alternativa-de- protecao-contra-a-lagarta-do-cartucho-em-algodao>. Acesso em: 14.05.2020
DA CUNHA, Beatriz Ribeiro. Preferência larval de Helicoverpa armigera (Hübner, 1805)(Lepidoptera: Noctuidae) por estruturas vegetativas e reprodutivas da soja e do algodoeiro. 2016. Tese de Doutorado. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz.
Embrapa. Artigo – O tamanho do prejuízo do bicudo e a necessidade do monitoramento. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-
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GONÇALVES, Suziane Gomes et al. Oviposição do curuquerê e alimentação de suas lagartas neonatas em algodoeiros tratados com caulim. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 50, n. 7, p. 526-533, 2015.
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Redação: Equipe Mais Soja.