A água no solo é fundamental para o crescimento das plantas. No caso da soja, a quantidade de água que a planta pode usar entre uma chuva ou irrigação depende de dois fatores: (i) o quanto o solo consegue fornecer água e (ii) a capacidade das plantas de alcançar essa água. Isso é medido pela Capacidade de Água Disponível (CAD), que corresponde à diferença entre a quantidade de água que o solo retém após uma chuva (Capacidade de Campo – CC) e o ponto em que a planta já não consegue mais absorver água (Ponto de Murcha Permanente – PMP).

A CAD do solo varia de acordo com fatores como textura, densidade, quantidade de matéria orgânica e mineralogia. Entre esses, a textura do é o principal fator. Solos argilosos, por exemplo, conseguem reter mais água, enquanto os arenosos deixam a água escoar rapidamente, o que limita a quantidade de água disponível para as plantas.

A Figura 1 mostra a capacidade de água disponível em três lavouras de soja do Soybean Money Maker na safra 2023/2024, ilustrando claramente a diferença de CAD em condições boas (A), ruins (B) e médias (C) para essa cultivar. No cenário de melhor desempenho (A), a CAD alcança 414 mm, enquanto no cenário mais desfavorável (B), a CAD é de apenas 110 mm. No cenário mediano (C), a CAD fica em 236 mm. Essa variação de água disponível está diretamente ligada às condições do solo e ao manejo adotado. Quanto maior a profundidade do sistema radicular, mais água a planta pode acessar, o que impacta diretamente a produtividade.

Figura 1. Capacidade de Água Disponível de três lavouras do Soybean Money Maker, sendo uma boa (A), uma ruim (B) e a média (C) do Soybean Money Maker na safra 2023/2024.

Para que as plantas possam aproveitar a água do solo, suas raízes precisam se desenvolver e alcançar camadas mais profundas. Quanto mais profunda for a raiz, maior será a quantidade de água e nutrientes que a planta pode acessar, principalmente em períodos de seca. Em solos arenosos, se as raízes conseguem atingir 80 cm de profundidade, a planta pode acessar até 60 mm a mais de água do que se as raízes ficarem limitadas a 50 cm de profundidade. Em solos argilosos, essa diferença pode ser ainda maior.

Os dados apresentados na Figura 1 evidenciam essa importância. Na lavoura com CAD mais alta (A), o volume de água acessado é maior em todas as camadas de solo, principalmente nas mais profundas (125-150 cm), onde se registra uma CAD de 68 mm. Já no cenário ruim (B), a planta acessa bem menos água, com apenas 15 mm nas camadas mais profundas.

Investir em práticas que promovam o crescimento radicular em maior profundidade pode ser a chave para garantir altas produtividades, mesmo em cenários de menor disponibilidade hídrica. Com isso, os produtores que adotarem estratégias focadas na melhoria da acessibilidade à água do solo estarão mais preparados para enfrentar as variações climáticas e garantir maior estabilidade de produção ao longo dos anos.

Referências bibliográficas:

Dalla Nora, Marcos et al. Soybean Money Maker: a revolução da sustentabilidade na lavoura de soja. 4. ed. Santa Maria, 2024.

Tagliapietra, Eduardo L. et al. Ecofisiologia da soja: visando altas 2. ed. Santa Maria, 2022.



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