O milho (Zea mays L.) é uma das culturas mais importantes da agricultura brasileira, sendo cultivado praticamente em todo o país. Além disso, é extremamente necessário suprir a demanda interna do grão e manter a externa. Devido à grande diversidade de épocas de semeadura, permanece no campo o ano todo sendo uma importante ferramenta para o sistema de rotação de culturas na safra de verão e também muito utilizado como forragem/silagem na alimentação animal.
A cultura tem expectativa de rendimento alta, porém, se torna bastante exigente a genética, as características do solo, a adubação e principalmente as variáveis climáticas. Outro ponto importante para o rendimento dos grãos é observar a quantidade de macro e micronutrientes que a cultura demanda. Dentre os micronutrientes, o zinco participa de vários processos metabólicos nas plantas, sendo a cultura do milho extremamente responsiva a esse elemento, e por isso se torna suscetível a deficiência do mesmo. Na solução do solo, normalmente o zinco se apresenta na forma de Zn2+, o qual é absorvido metabolicamente, porém pouco redistribuído pela planta. Segundo MENGEL e KIRKBY (1987) a extração pode ser de 15,00 a 58,80 g t-1 de grão produzido onde a exportação é de 17,90 a 29,90 g t-1 do elemento pela cultura.
A deficiência de zinco geralmente ocorre em solos arenosos (região de cerrado), mas também acontece ao ser induzida pela aplicação excessiva de calcário, pois com o aumento do pH do solo ocorre uma diminuição na disponibilidade de zinco, com probabilidade maior de ser observada no cultivo do milho em sucessão a aplicação corretiva. O mesmo problema também pode ocorrer com a aplicação de altas doses de adubos fosfatados no sulco da semeadura, já que o fósforo inibe a absorção de zinco.
Nas plantas, o zinco desempenha várias funções importantes sendo responsável por ativar inúmeras enzimas, como a anidrase carbônica que é fundamental para a fotossíntese de plantas C3, também é um cofator do aminoácido triptofano em ácido indol-acético (AIA), hormônio importante no crescimento das plantas, além de influenciar na floração, melhorar o desenvolvimento inicial e o rendimento final de grãos, bem como, antecipar a colheita.
Quanto a deficiência de zinco no milho, só é possível detectar através de uma análise foliar, a qual avalia se o teor do elemento está acima ou abaixo do preconizado para a cultura, e consequentemente sua disponibilidade pelo solo. Entretanto, também percebemos os sintomas de clorose paralela às nervuras centrais de cor amarelas-brancas que se iniciam na base da folha. A deficiência ocorre principalmente nas folhas novas pelo nutriente ser pouco móvel na planta. As margens, a nervura central e a ponta das folhas permanecem verdes (figura abaixo). Em deficiência muito severa poderá aparecer coloração roxa na borda de folhas e caule.
Vale lembrar, que quando os sintomas são externados pela planta e possível de serem visualizados a campo, a planta já perdeu potencial. Os sintomas podem ser amenizados com aplicações pontuais e corretivas do elemento, servindo principalmente para tomada de decisão com relação a correção para os próximos cultivos. Os micronutrientes na sua grande maioria são pouco móveis nas plantas e a aplicação via solo é a principal estratégia para o manejo corretivo.
Uma vez que o diagnóstico determina a necessidade de aplicar Zn, é essencial alcançar uma alta eficiência no uso de fertilizantes, tanto na dose, no momento da aplicação como na fonte utilizada. A dose aplicada influenciará a concentração de Zn no grão e no balanço de Zn no solo. Algumas fontes usadas são sulfato de zinco, carbonato de zinco e outras que podem ser utilizadas via solo ou também via folha.
Portanto, pode-se concluir que é necessário conhecer a área onde será implantada a cultura do milho, bem como disponibilizar uma nutrição equilibrada para repor e suprir a demanda de micronutrientes como o zinco, garantindo alto desempenho e produtividade. Outro ponto importante é ficar atento aos sintomas de deficiência do elemento que podem piorar em solos orgânicos, de pH alto e com teor de fósforo elevado, além de condições de frio e umidade, onde irão afetar a produtividade da cultura.
Autores: Amanda Maraschin Piva e Katiane Abling Sartori, acadêmicas do curso de Agronomia da UFSM, campus Frederico Westphalen, membras do Programa de Educação Tutorial – PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor professor Dr. Claudir José Basso.
Referências:
FLOSS, Elmar Luiz. Fisiologia das Plantas Cultivadas: O estudo do que está por trás do que se vê. 5 ed. Passo Fundo-RS. Editora UPF, 2011.
Zinco, um micronutriente limitante para o milho. Mais Soja, 2018. Disponível em https://maissoja.com.br/zinco-um-micronutriente-limitante-para-o-milho. Acesso em 04.10.2021.
Milho, Deficiência de zinco. Yara Brasil, 2021. Disponível em: https://www.yarabrasil.com.br/nutricao-de-plantas/milho/deficiencias-milho/deficiencia-de-zinco-milho/. Acesso em: 05.10.2021