Já se foi o tempo em que a população desinformada conceituava o cooperativismo como um bando de espertalhões se aproveitando da inocência de um grupo de associados, quer no meio urbano, quer no rural. Antigamente existia um ditado que perguntava qual a diferença das pilhas Rayovac, de uma cooperativa. A resposta em geral era: as pilhas têm os gatos por fora, e as cooperativas por dentro. Triste recordação para aqueles que defendiam o cooperativismo como princípio de união e resultados comuns, e que honestamente trabalhavam muitas vezes abandonando suas propriedades particulares para tentar resolver os problemas comuns de uma comunidade ou setor.
Felizmente os tempos mudaram e hoje o conceito de cooperativa é outro e a transparência e a devolução de resultados, mesmos para os mais críticos e eternos descontentes, são palpáveis. Em SC o avanço foi maior e não queremos ser os melhores ou maiores, mas sempre estamos à frente das novidades que possam contribuir para o desenvolvimento das cooperativas e dos seus associados.
O Congresso Brasileiro de Cooperativismo realizado em Brasília mostrou isso. Embora eu não tenha participado pessoalmente para sentir as reações de bastidores e no cafezinho para poder comentar aqui, os contatos e relatos recebidos mostram que a principal decisão considerada como prioridade para o cooperativismo, nós em SC já está adotando. O resumo divulgado pela OCB mostra que a intercooperação, a profissionalização da gestão nas cooperativas, os estímulos aos jovens e a comunicação que serão algumas das prioridades a partir de agora em nível nacional, por aqui já existem há vários anos.
É verdade que ainda temos dirigentes cooperativistas que se consideram insubstituíveis, outros que acham que podem andar sozinhos sem parcerias e intercooperação e outros tantos que consideram comunicação e conscientização despesas e não investimento, porém, mesmo assim estamos à frente do que acontece em outras regiões do país.
No rol de decisões tomadas pelos congressistas do cooperativismo brasileiro também aparece ampliação da participação democrática nas direções das cooperativas. Por aqui, a começar pela Organização Estadual, a Ocesc, quem elege seus dirigentes são as cooperativas no geral e não um pequeno grupo como adotados em outros estados. A proposta do Estado do Acre, embora discutível quanto a sua efetivação, também deve ser avaliada pelos atuais dirigentes. Eles propuseram e o Congresso aprovou que as cooperativas centrais, federações e confederações também participem do processo de votação para escolha dos dirigentes da Organização nacional. Hoje são apenas as OCEs, que escolhem um conselho e esse escolhe os dirigentes executivos da OCB, significando um processo de eleição indireta. Com o novo sistema poderá ser mais democrático o processos eleitoral, oportunizando maior rotatividade de lideranças no comando.
O cooperativismo brasileiro tem avançado, e o Sescoop tem sido nos últimos anos o grande contribuidor, pois com treinamento, formação e conscientização cooperativista, associados e lideranças tem se aperfeiçoado e acompanhado as novas tecnologias que existem no mercado não apenas no meio rural, mas em todos os setores de administração. Quanto mais conscientes formos dos princípios do cooperativismo, mais eficientes seremos e mais adesão e credibilidade conseguiremos no nosso público e na sociedade em geral. Pense nisso.
Fonte: Fecoagro