Uma semente de qualidade deve apresentar bons atributos físicos, genéticos, fisiológicos e sanitários. Dentre os atributos fisiológicos, germinação e vigor são os mais avaliados, apresentando relação direta com o estabelecimento das plantas no campo, densidade populacional da lavora e produtividade da cultura.
Infelizmente, por mais que os processos para a produção de sementes de qualidade sejam rigorosos, é possível que perdas qualitativas sejam observadas em lotes de sementes, principalmente se tratando dos atributos fisiológicos. Conforme destacado por França-Neto et al. (2016), a deterioração por umidade é um dos principais fatore que afetam a qualidade das sementes de soja em pós-colheita, depreciando as sementes e reduzindo características como germinação e vigor.
Além do teor de umidade relativa do ar e dos grãos, a deterioração por umidade é fortemente influenciada pela temperatura em que as sementes são acondicionadas, sendo possível observar relação entre o tempo de armazenamento das sementes e a deterioração por umidade.
Figura 1. Evolução do dano de deterioração por umidade na classe 3, conforme determinado pelo teste de tetrazólio, em lotes de alto e baixo vigor de sementes de soja da cultivar Embrapa 48, armazenadas em armazém não refrigerado na região de Mandaguari, PR, pelo período de 225 dias (França-Neto et al., 2016).
Embora não tão discutido quando o beneficiamento e armazenamento de sementes, o transporte exerce importante papel na manutenção da qualidade e atributos fisiológicos das sementes, sendo que temperatura e umidade são alguns dos principais fatores durante o transporte que podem causar danos às sementes.
Normalmente quando o controle da temperatura é desconsiderado e a semente, que anteriormente estava em uma câmara refrigerada, é exposta a um clima mais quente, a semente ativa seu metabolismo e degrada suas reservas, o que compromete o vigor (Gazolla, 2021). Com isso em vista, visando a manutenção da qualidade das sementes, alguns critérios precisão ser estabelecidos para o adequado transporte delas.
Durante o transporte deve-se evitar que a semente seja transportada no mesmo compartimento de carga que contenha substâncias químicas prejudiciais à sua qualidade, como, por exemplo, alguns herbicidas. Caso o transporte rodoviário ocorra por meio de caminhões graneleiros, o ideal é que as sementes sejam protegidas por lonas impermeáveis de cor clara e, se possível, que essas lonas tenham algum tipo de isolante térmico (França-Neto et al., 2016).
Figura 2. Caminhão bi-trem, utilizando lona de coloração clara, usado para o transporte de semente de soja.
Lonas de coloração escura tendem a absorver maior radiação solar, causando o aumento da temperatura no interior do compartimento de carga, o que pode contribuir para o a maior deterioração das sementes. Além do adequado acondicionamento das sementes para transporte, é fundamental atentar para o processo logístico, evitando paradas desnecessária e realizado a entrega e descarga das sementes em local adequado, o mais breve possível.
Corroborando a importância do adequado processo de transporte para a manutenção da qualidade fisiológica de sementes, Bertan (2013) observou que para sementes de milho, conforme dados ajustados, a germinação das sementes apresentou pequeno incremento inicial atingindo o ponto de máxima as 36,5 h após início do transporte. Posteriormente, a germinação das sementes reduziu significativamente a medida em que houve o aumento do tempo de transporte.
Figura 3. Germinação de sementes de milho em função do período de permanência durante o transporte, na posição superior do palete em caminhão graneleiro enlonado.
Dessa forma, fica evidente a necessidade de destinar atenção especial ao processo de transportes para garantir a manutenção da qualidade das sementes produzidas.
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Referências:
BERTAN, F. O. SISTEMA RODOVIÁRIO DE TRANSPORTE NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MILHO. Universidade Federal de Uberlândia, Tese de Doutorado, 2013. Disponível em: < https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/12073/1/SistemaRodoviarioTransporte.pdf >, acesso em: 20/10/2022.
FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTE DE SOJA DE ALTA QUALDIADE. Documentos, n. 380, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 20/10/2022.
GAZOLLA, A. TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DE SEMENTES EXIGEM UMA SÉRIE DE CUIDADOS. Alexandre Gazolla, 2021. Disponível em: < https://alexandregazolla.com.br/2021/07/29/transporte-e-armazenamento-de-sementes-exige-uma-serie-de-cuidados/ >, acesso em: 20/10/2022.