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Adubação Nitrogenada na Cultura do Milho

O milho (Zea mays) é uma gramínea pertencente à família Poaceae, destacando-se como uma das principais culturas cultivadas no país, tanto pelo volume da produção quanto pela importância socioeconômica. A área destinada ao cultivo de milho na safra 2022/23 atingiu 22.267,4 milhões de hectares, com uma produtividade média de 5.922 Kg ha-1, com aumento de 13% em relação à safra anterior (CONAB, 2023).

O aumento expressivo na produtividade e produção do milho nos últimos anos, conforme destaca Coelho (2006), está relacionado a conscientização dos produtores sobre a necessidade da melhoria da qualidade do solo, visando uma produção mais sustentável, tais melhorias, estão relacionadas ao manejo adequado do solo, bem como a manutenção da sua fertilidade. A cultura do milho é altamente exigente em nitrogênio, o que torna esse nutriente o mais limitante à sua produtividade.

De acordo com a Fundação MT (2023), a adubação nitrogenada no milho é uma prática que está diretamente relacionada a obtenção de altas produtividades. Isso ocorre principalmente devido ao fato de que os solos que têm sido cultivados, tendem a apresentam baixos níveis de matéria orgânica, não sendo suficiente para atender às demandas nutricionais do milho. Nesse sentido, a adubação nitrogenada torna-se necessária para garantir um suprimento adequado de nutrientes às plantas e, consequentemente, maximizar o rendimento da cultura.

As necessidades nutricionais de uma planta são determinadas pela quantidade de nutrientes que ela extrai ao longo do seu ciclo de desenvolvimento. Essa extração está diretamente relacionada com o rendimento obtido e a concentração de nutrientes tanto nos grãos quanto na palhada. É importante destacar que a extração de nitrogênio e outros nutrientes aumenta de forma proporcional com o incremento na produção (Coelho & França). Em média são necessários aproximadamente 20 Kg de nitrogênio (N) por tonelada de grãos produzidos, onde grande parte é translocado para os grãos (Coelho, 2006).

De acordo com Martin et al. (2016), a quantidade de nitrogênio que o milho absorve varia ao longo do ciclo da planta, e isso depende de vários fatores, como a quantidade de raízes, a taxa de absorção por unidade de massa das raízes, as condições ambientais e o estágio fenológico da planta. Os autores destacam que a quantidade aumenta gradualmente durante a fase vegetativa, atingindo o seu ponto máximo no início do estágio reprodutivo, para depois diminuir durante a fase de enchimento de grãos.

Para planejar o manejo da adução nitrogenada, é importante compreender como ocorre o processo de absorção dos nutrientes nas diferentes etapas de desenvolvimento da planta, isso possibilita identificar o momento em que os nutrientes são demandados em maiores quantidades. Na cultura do milho, a absorção de nutrientes ocorre em dois períodos distintos, o primeiro ocorre durante o desenvolvimento vegetativo, geralmente entre os estádios V12 a V18, quando o potencial de grãos está sendo estabelecido. O segundo período de maior demanda, ocorre durante a fase reprodutiva, especialmente durante a formação da espiga, quando o potencial produtivo da planta é atingido (Coelho, 2006).

As doses recomendadas de nitrogênio (N) para a cultura de milho, conforme destacam Eicholz et al. (2020), variam de acordo com diversos fatores, incluindo o teor de matéria orgânica do solo, a cultura que foi cultivada anteriormente e a quantidade de biomassa produzida por essa cultura. Não é recomendada a aplicação total da dose de nitrogênio por ocasião da semeadura, uma vez que o excesso desse nutriente pode interferir no estabelecimento do estande de plantas na lavoura. Para alcançar bons rendimentos na cultura do milho, recomenda-se realizar o parcelamento da adubação nitrogenada (Martin et al., 2016).



O fracionamento da adubação nitrogenada é recomendado quando necessário aplicar altas dose do nutriente, nesse sentido, recomenda-se aplicar 50% da dose quando as plantas estiverem nos estádios fenológicos V4 a V6 e os 50% restantes, nos estádios V8 a V9. Além disso, quando a densidade de plantas excede 65.000 plantas por hectare, é aconselhável aumentar a dose de nitrogênio em 10 kg ha-1 para cada acréscimo de 5.000 plantas ha-1. Em lavouras de milho que visam rendimentos superiores a 10 toneladas por hectare, recomenda-se um aumento na dose de nitrogênio em uma faixa de 20 a 40% (Eicholz et al., 2020).

Coelho (2006) salienta que a divisão da adubação nitrogenada em aplicações parceladas pode variar dependendo da dose de nitrogênio necessária e das características da textura do solo. Abaixo, podemos observar as sugestões para a aplicação parcelada de nitrogênio em cobertura na cultura do milho, de acordo com essas considerações.

Figura 1. Sugestões para aplicações parceladas de nitrogênio em cobertura na cultura do milho.

Fonte: Coelho (2006).

A ureia é a principal fonte de nitrogênio utilizada, apresentando em sua composição elevada concentração de N além de apresentar custo mais acessível por unidade do nutriente aplicado. No entanto, cabe destacar que a ureia está sujeita a sofrer perdas por volatilização de amônia, principalmente quando aplicada em superfície sob condições desfavoráveis, como a baixa umidade do solo, pouca presença de palha no solo e temperaturas elevadas (Coelho, 2006). Portanto, é fundamental realizar o planejamento dessa prática, uma vez que a adubação nitrogenada é essencial para a cultura do milho. A adubação nitrogenada deve ser planejada de acordo com as necessidades da cultura, o momento adequado e as condições ideais para maximizar seus efeito.


Veja mais: Exigências Nutricionais da Soja



Referências:

COELHO, A. M. NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DO MILHO. Circular técnica 78, Embrapa. Sete Lagoas – MG, 2006. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPMS/19622/1/Circ_78.pdf >, acesso em: 29/09/2023.

COELHO, A. M.; FRANÇA, G. E. SEJA O DOUTOR DO SEU MILHO: NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO. Arquivo do Agrônomo, n. 2. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3137/$File/Milho.pdf >, acesso em: 29/09/2023.

CONAB. ACOMPANHAMENTO DA SAFRA BRASILEIRA DE GRÃOS SAFRA 2022/23. 12° levantamento, Companhia Nacional de Abastecimento, 2023. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/component/k2/item/download/49098_b2d232d2b5fbe4da1a15d9e457cde081 >, acesso em: 29/09/2023.

EICHOLZ, E. D. et al. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA O CULTIVO DO MILHO E SORGO NA REGIÃO SUBTROPICAL DO BRASIL: SAFRAS 2019/20 E 2020/21. Micosul, Associação Brasileira de Milho e Sorgo. Sete Lagoas – MG, 2020. Disponível em: < https://www.agricultura.rs.gov.br/upload/arquivos/202011/23092828-informacoes-tecnicas-para-o-cultivo-do-milho-e-sorgo-na-regiao-subtropical-do-brasil-safras-2019-20-e-2020-21.pdf >, acesso em: 29/09/2023.

FUNDAÇÃO MT. ADUBAÇÃO NITROGENADA NO MILHO, O QUE VOCÊ PRECISA SABER. Fundação MT, 2023. Disponível em: < https://www.fundacaomt.com.br/noticias/adubacao-nitrogenada-no-milho-o-que-voce-precisa-saber-8a21 >, acesso em: 29/09/2023.

MARTIN, T. N.; CUNHA, V. S.; PICADA, F. MANEJO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA NO MILHO. Revista Cultivar, Grandes Culturas – Milho, ed. 173, 2016. Disponível em: < https://revistacultivar.com.br/artigos/manejo-da-adubacao-nitrogenada-no-milho >, acesso em: 29/09/2023.

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Equipe Mais Soja
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