O cultivo de plantas de cobertura no período entressafra proporciona inúmeros benefícios ao sistema produtivo, possibilitando a melhoria de atributos físicos, biológicos e químicos do solo, além de contribuir para a conservação do solo e manejo de pragas como nematoides fitopatogênicos entre outros.
Quando inseridas no sistema de rotação de culturas, algumas espécies de plantas de cobertura podem atuar inclusive, como fontes de adubação verde, através da ciclagem e acúmulo de nutrientes. Após a decomposição e mineralização dos resíduos culturais, os nutrientes acumulados por essas plantas de cobertura tendem a ficar disponíveis no solo para a cultura sucessora.
Normalmente, plantas da família Fabaceae, popularmente conhecidas como leguminosas, tendem a liberar mais rapidamente os nutrientes acumulados em comparação a plantas da família Poaceae (gramíneas), após degradação dos resíduos culturais. Esse fato se deve principalmente a relação C/N da cultura, sendo que quando menor a relação C/N, mas rapidamente são degradados os resíduos culturais.
Veja mais: Culturas de cobertura – Manejo de nematoides e ciclagem de nutrientes
Visando não só proporcionar uma boa ciclagem de nutrientes, mas também a boa cobertura do solo, o adequado posicionamento de plantas de cobertura é fundamental, principalmente se tratando da persistência da cobertura do solo. Embora os resíduos culturais de plantas com baixa relação C/N sejam mais rapidamente degradados, essa rápida degradação pode resultar na baixa cobertura do solo.
Como forma de contornar esse problema, aconselha-se o cultivo de leguminosas consorciadas com gramíneas, e/ou até mesmo o uso do mix de plantas de cobertura. Por apresentar maior relação C/N, normalmente a palhada das gramíneas apresenta maior persistência na superfície do solo, proporcionando maior tempo de cobertura a ele.
Ainda que haja poucas recomendações para culturas de cobertura, Carlos; Costa; Costa (2006) trazem algumas orientações para o cultivo de algumas das principais espécies utilizadas como plantas de cobertura. Além da adequada profundidade de semeadura, os autores apresentam informações como espaçamento e densidade de sementes, tanto para semeadura a lanço quando em linha (Tabela 1), demonstrando ainda, características particulares de cada espécie, como ciclo aproximado até o florescimento, hábito de crescimento, altura e produção de matéria verde e seca (Tabela 2).
Tabela 1. Espaçamento e Demanda de Sementes em Plantio Exclusivo.

Tabela 2. Características particulares de algumas das principais espécies de plantas de cobertura.

Embora haja recomendações quanto ao período de semeadura para a maioria das espécies de plantas de cobertura com base nas regiões de cultivo, a época de semeadura pode variar em função de fatores ambientas, sendo recomendado, atentar para as condições de umidade do solo e regularidade de chuvas.
Já com relação ao manejo das plantas de cobertura (corte/incorporação/dessecação), recomenda-se que essas práticas sejam realizadas quando a cultura atingir o pleno florescimento (maior acúmulo de nutrientes em sua biomassa), potencializando a ação de adubação verde desempenhada pelas culturas de cobertura.
Referências:
CARLOS, J. A. D.; COSTA, J. A.; COSTA, M. B. ADUBAÇÃO VERDE: DO CONCEITO A PRÁTICA. Universidade de São Paulo – USP Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ, Série Produtor Rural, n. 30, 2006. Disponível em: < https://ciorganicos.com.br/wp-content/uploads/2017/10/Adubacao-Verde-do-conceito-a-pratica-USP-CI-Organicos-OrganicsNet.pdf >, acesso em: 13/05/2022.