O presidente CNA, João Martins, afirmou que “o agro é parte da solução para os desafios climáticos” durante o evento da entrega do posicionamento do agro para a COP 29 que acontece em novembro, em Baku, no Azerbaijão.

O evento “Pré-COP 29 – De Baku a Belém” reuniu, na sede da Confederação, especialistas, pesquisadores, políticos, embaixadores e diplomatas, autoridades, entidades e presidentes de Federações de Agricultura e Pecuária dos estados para a divulgação do documento da CNA com o posicionamento do setor agropecuário para a Conferência do Clima .

Na abertura, João Martins entregou o documento à presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, ao chefe de gabinete da Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, Marco Túlio Scarpelli Cabral, ao embaixador da República do Azerbaijão no Brasil, Rashad Novruz, e à deputada federal e representante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no evento, Marussa Boldrin.

No início de seu discurso, Martins ressaltou que representar mais de cinco milhões de produtores rurais traz a responsabilidade de posicionar o setor agropecuário brasileiro diante dos compromissos frente às mudanças climáticas, nas próximas décadas.

“Além de principal afetado pelos eventos extremos, o agro é parte da solução para os desafios climáticos. Oferecemos não apenas mitigação e adaptação, mas também contribuímos para o desenvolvimento econômico, a segurança alimentar, energética e climática”, destacou.

Neste contexto, ele propôs uma estratégia clara e transparente para o Brasil cumprir suas metas ambiciosas de redução de emissões, equilibrando os interesses sociais, econômicos e ambientais.

“Devemos reconhecer o papel do agro brasileiro como base do esforço de mitigação e adaptação, pois seu modelo de eficiência é parte essencial do cumprimento das metas assumidas”, afirmou.

Martins acrescentou que “cabe lembrar que a preocupação climática já está incorporada aos sistemas produtivos do Brasil, que aliam eficiência e sustentabilidade”.

Na sua avaliação, a NDC brasileira (Contribuição Nacionalmente Determinada), que trata das metas brasileiras em relação ao clima, já é bastante ambiciosa, e conta com a importante contribuição do setor agropecuário em sua estratégia de redução de emissões por meio de tecnologias que permitem o aumento da produção, com menor impacto ambiental.

Ele também defendeu que o combate ao desmatamento ilegal também deve fazer parte da estratégia de alcance da NDC brasileira, com horizonte de ser erradicado no ano de 2030. “Ser mais ambicioso implicará investir pesadamente em novas tecnologias menos emissoras”, buscando financiamento e cooperação técnica.

“Isso remete ao principal mandato da COP 29, que é ser a COP dos meios de implementação. A COP de Baku será crucial para o futuro do acordo do clima e à implementação das ações climáticas das partes, com base na nova meta coletiva e quantificada de financiamento”.

Em relação à COP 30, em Belém, Martins lembrou que o evento marcará os 10 anos do Acordo de Paris, e será o momento de conhecer a nova ambição climática para o período de 2031-2035, especialmente para o alcance da meta de não aumentar a temperatura global em mais de 1.5 grau.

O presidente da CNA frisou, ainda, que a CNA sempre participou ativamente da agenda climática multilateral e reforçou a necessidade de fortalecer a agricultura em um cenário de eventos extremos cada vez mais frequentes. Desta forma, incrementou, “na COP de Belém, teremos a oportunidade de mostrar ao mundo a sustentabilidade do agro brasileiro.

Por fim, João Martins reafirmou o compromisso com a redução das emissões de gases de efeito estufa, garantindo a eficiência produtiva do agro, baseada em inovação, ciência, tecnologia, preservação ambiental e sustentabilidade.

“Buscamos o reconhecimento das ações empreendidas até o momento, bem como medidas de incentivo compatíveis com a grandeza do agro brasileiro”, concluiu.

Papel do agro – O chefe de gabinete da Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Marco Túlio Scarpelli Cabral, destacou o papel do agro na contribuição para o combate às mudanças climáticas, com tecnologias que sequestram carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa, aumento de produtividade, produção de biocombustíveis, entre outras frentes.

“Sabemos da importância do agro para a sociedade brasileira, para a economia e para os desafios das mudanças do climáticas, tanto do ponto de vista da mitigação quanto de adaptação”, disse o representante do Itamaraty.

Para a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, é fundamental chegar à COP com dados e informações baseadas em ciência, que mostram impactos sociais e econômicos e que também mostrem a sustentabilidade da agropecuária brasileira.

“Tem sido uma prioridade da Embrapa trazer esses indicadores e métricas do ponto de vista da sustentabilidade”, afirmou.

Ela também mencionou ações da Embrapa em relação à agricultura de baixa emissão de carbono, taxonomia, além de tecnologias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. E falou ainda sobre discussões dentro da Embrapa que envolvem grupos que discutem simulações de cenário e reforçou a importância do aprimoramento dos dados do agro brasileiro.

“Temos por exemplo dados que mostram que a floresta sozinha estoca 20 quilos de carbono por ano. Quando você trabalha em um sistema integrado, estoca 30 quilos. São dados que mostram o que fazemos e temos que mostrar esses dados”, disse Sílvia.

A deputada federal Marussa Boldrin representou a FPA no evento e reafirmou o trabalho do produtor rural para mostrar seu compromisso com a sustentabilidade e uso de tecnologias que confirmam o comprometimento do setor com a proteção ambiental.

“O Brasil está fazendo seu dever de casa e vamos mostrar isso na COP”, disse a parlamentar.

Já o embaixador do Azerbaijão no Brasil, Rashad Novruz, disse que a COP precisa entregar resultados efetivos, com a participação de todos os países envolvidos e o Brasil tem papel essencial nesse processo.

“O Brasil é um parceiro relevante na COP 29 e o setor do agronegócio é muito importante para a segurança alimentar mundial”.

Após a abertura, o presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA, Muni Lourenço Silva Júnior, apresentou os principais pontos do documento. Em seguida, ocorreu o painel “O que o Agro espera da COP 29?”, com o sócio-diretor do Agroícone, Rodrigo Lima, e o professor Daniel Vargas, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e mediação do coordenador de Sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias.

Depois do encontro, João Martins se reuniu com embaixadores e representantes de embaixadas estrangeiras no país para entregar o posicionamento da CNA.

Fonte: CNA



 

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