A balança comercial do agronegócio brasileiro apresentou superávit de US$ 43,7 bilhões no acumulado do ano, de janeiro a abril de 2022. As exportações do setor no mesmo período tiveram alta de 34,9%, enquanto as importações registram estabilidade, com alta de 0,7%, na comparação com o mesmo período de 2021. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (19/5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Como o saldo dos demais bens foi um déficit de US$ 23,5 bilhões no mesmo período, o saldo da balança comercial total (com produtos de todos os setores da economia) apresentou superávit de US$ 20,2 bilhões, conforme tabela abaixo:
O agronegócio exportou US$ 14,9 bilhões em abril, o que contribuiu para um superávit de US$ 13,6 bilhões no saldo da balança comercial do setor, crescimento de 15,2% frente ao mesmo mês de 2021. As importações brasileiras do setor totalizaram US$ 1,3 bilhão no mês, com alta de 11,7% na comparação interanual. Porém, os demais bens fecharam o mês de abril com déficit de US$ 5,5 bilhões – sendo US$ 3,7 bilhões a mais que no mesmo período de 2021. Ainda assim, a balança comercial total encerrou abril com saldo positivo de US$ 8,1 bilhões, conforme tabela abaixo:
Na comparação com o mês de abril de 2021, houve crescimento de 14,9% do valor exportado do setor. Esse resultado segue tendência de alta observada desde fevereiro de 2021, que teve seu pico nos primeiros meses deste ano, período de entressafra e típico de baixas importações para o Brasil.
Ana Cecília Kreter, pesquisadora associada do Ipea, sinaliza que desde dezembro do ano passado o Brasil tem exportado mais, em valor, do que nos anos anteriores. “Em abril deste ano, as exportações foram 81,6% maiores que em 2019, 52,3% maiores que em 2020, e 14,9% maiores que em 2021”, destacou Kreter, que assina a nota em coautoria com José Ronaldo Souza Júnior, Fábio Servo e Rafael Pastre. O que explica esse desempenho é a alta nos preços internacionais das commodities, principalmente as agropecuárias.
A soja ainda lidera as exportações do agronegócio no país. Em relação a abril do ano passado, a soja em grão registrou significativa queda no volume exportado por conta da sobreoferta de carne suína da China, o maior consumidor do produto. O resultado foi a formação de estoques de carne congelada e redução de investimentos da reposição do rebanho, reduzindo também a demanda por rações. Em abril, o valor exportado da soja teve leve alta, motivado pelo aumento de 41,8% no preço do grão, ante abril de 2021.
Os preços médios de exportação da carne bovina seguem elevados por conta da demanda chinesa pela proteína. Por sua vez, as exportações de carne suína seguem aquém do ano passado, tanto em preço, quanto em volume, em razão da sobreoferta na China. Enquanto isso, a carne de frango continua expandindo mercados, uma vez que a Ucrânia tinha importante presença com o produto na Ásia. Os pesquisadores destacam o aumento de 27,2% no preço médio da ave e 5,6% nas quantidades exportadas da proteína.
No caso do trigo, principal item da pauta de importação do agronegócio brasileiro, a safra recorde em 2021/2022 e a demanda internacional aquecida explicam a sua participação também na pauta de exportação nos meses de março e abril, ainda que o volume enviado ao exterior em abril tenha sido cerca de um sexto do registrado em março. No entanto, as importações do cereal retornaram aos patamares de anos anteriores.
A nota destaca que, no total, o valor das importações cresceu 11,7% em abril, puxado pelo aumento geral de preços. Dos 16 produtos acompanhados nesta edição, 14 tiveram alta de preços, enquanto nove tiveram queda nas quantidades, incluindo quatro dos cinco itens mais expressivos da pauta de importações: pescados, produtos hortícolas, papel e malte.
O estudo inclui uma breve análise sobre fertilizantes, cujas importações, fundamentais para o bom desenvolvimento da próxima safra, seguem monitoradas pelos pesquisadores. Em abril, a entrada de adubos e fertilizantes no país foi 72,4% superior ao verificado em igual período de 2021, resultando em aumento de 6,4% no acumulado do ano.
Fonte: IPEA