Durante seu ciclo de desenvolvimento, a soja está sujeita a incidência de várias doenças as quais podem causar perdas consideráveis na qualidade e produtividade dos grãos ou sementes, em alguns casos, até mesmo comprometendo a viabilidade do cultivo. Segundo Godoy et al. (2018), a mancha-alvo, causada pelo fungo (Corynespora cassiicola) é uma das doenças de maior incidência na cultura da soja, quando infecta cultivares suscetíveis, a redução da produtividade pode chegar a 50%.

Veja também: Eficiência de fungicidas para o controle da mancha-alvo, Corynespora cassiicola, na cultura da soja, na safra 2018/19.

Godoy et al. (2018) destacam que o fungo sobrevive em resíduos culturais e sementes infectadas, podendo ser disseminado com facilidade. Além disso, os autores enfatizam que a incidência da doença tem aumentado nos últimos anos, em razão do aumento da semeadura de cultivares suscetíveis e da menor sensibilidade do fungo aos fungicidas metil benzimidazol carbamato (MBC) e inibidores da quinona externa (IQe).

Figura 1. Mancha-alvo na soja.

Foto: Maurício Stefanelo – Ceres Consultoria

Outra doença preocupante que pode incidir sobre a cultura da soja é a ferrugem-asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Segundo Godoy et al. (2019), a ferrugem-asiática é uma das doenças mais severas que incide sobre a cultura da soja, seus dados podem variar de 10 a 90% dependendo da intensidade e severidade da doença. Dentre as alternativas de manejo recomenda-se a utilização de cultivares com genes de resistência a doença, o uso de fungicidas preventivamente, o uso de cultivares de ciclo precoce, entre outros.



Embora o emprego de fungicidas seja a forma mais usual para o manejo e controle de doenças fungicas na cultura da soja, a resistência/menor sensibilidade do fungo P. pachyrhizi a fungicidas do grupo dos inibidores da desmetilação (IDM), inibidores da quinona externa (IQe) e inibidores da succinato desidrogenase (ISDH) já foi relatada no Brasil (Godoy et al., 2019).

Figura 2. Ferrugem-asiática em soja.

Tendo em vista a importância do controle dessas e de outras doenças no cultivo da soja, é essencial atentar para o posicionamento de produtos, visando adequar o uso de fungicidas, de forma a promover além do controle de doenças em soja, o manejo da resistência dessas, sendo fundamental a inserção de fungicidas protetores no manejo de doenças da soja.

Dando continuidade à Série “Conduzindo a Safra”, Lucas Navarini explica que atualmente tem-se registrados, produtos de sete mecanismos de ação diferentes para o controle de doenças em soja, sendo eles:

– Benzimidazóis: utilizados no controle de Cercospora; Oídio; manchas foliares, entre outras;

– Triazóis: “ferramenta curativa mais utilizada nos últimos anos”, dentre eles o Tebuconazol e o Ciproconazol;

– Triazolinthione;

– Morfolinas;

– Estrobilurinas: utilizadas como ferramentas de controle preventivo, devido seu efeito residual;

– Carboxamidas: sendo considerados o grupo de fungicidas mais atuais, com relação a fungicidas sítio-específicos;

Protetores – multissítios.

Lucas destaca que a alta adaptabilidade dos fungos, associada a utilização constantes de fungicidas de mesmo grupo favoreceu o desenvolvimento de biótipos resistentes de doenças, sendo uma das principais, a ferrugem-asiática. Dentre as resistências desenvolvidas pelo fungo causador da ferrugem-asiática, Navarini chama atenção para a resistência apresentada a Triazóis, Estrubilurinas e Carboxamidas.

 Dentre as futuras alternativas para um controle eficiente de doenças na cultura da soja, segundo Lucas, a mistura de mecanismos de ação, visando a utilização de efeitos complementares é uma das principais estratégias para um controle eficiente visando a longevidade dos produtos.

Outras ferramentas como novas moléculas vem sendo desenvolvidas visando maior eficiência de controle de doenças em soja, sendo alternativas interessantes para inserção no manejo de doenças da soja após o lançamento.

Dentre os fungicidas protetores com maior importância no manejo de doenças da soja, podemos destacar o Mancozebe, o Oxicloreto de Cobre e o Clorotalonil. Navarini explica que esses três fungicidas apresentam ação multissítio. O uso de fungicidas protetores, especialmente os multissítios é interessante porque reduz os riscos do desenvolvimento da resistência de fungos a esses fungicidas, sendo uma ferramenta imprescindível no manejo de resistência e na preservação do potencial de controle de novos fungicidas e/ou combinações que poderão vir a ser utilizadas no controle de doenças em soja.

Confira o vídeo abaixo com as dicas do Dr. Lucas Navarini.


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Referências:

GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2018/19: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 148, 2019.

GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA MANCHA-ALVO, Corynespora cassiicola, NA CULTURA DA SOJA, NA SAFRA 2017/18: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica n. 139, 2018.

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