O mais novo caso relatado de planta daninha resistente a herbicidas no Brasil foi o da espécie Amaranthus hybridus.
O caso foi relatado em lavoura de soja e trata-se de uma resistência múltipla, ou seja, a dois herbicidas de diferentes mecanismos de ação.
No caso do Amaranthus hybridus foi verificado a resistência ao glyphosate (EPSPs) e ao chlorimuron (ALS).
Amaranthus hybridus. Fonte: Heap (2019).
No mundo já se tem 32 casos de biótipos desta espécie com resistência a herbicidas.
São 17 casos nos Estados Unidos, mas o mais preocupante para nós são os casos próximos ao Brasil, como na Argentina e Bolívia. Outras casos estão distribuídos na Itália, Canadá, França, Israel, África do Sul, Espanha e Suíça.
Na Argentina são relatados 5 casos de biótipos de Amaranthus hybridus resistentes:
- chlorimuron e imazethapyr (ALS);
- glyphosate (EPSPs);
- glyphosate e imazethapyr (EPSPs e ALS);
- 2,4-D, dicamba e glyphosate (Auxinas Sintéticas e EPSPs);
- 2,4-D e dicamba (Auxinas Sintéticas).
Identificação de Amaranthus hybridus. Fonte: Penckowski e Maschietto (2019).
Segundo Penckowski e Maschietto (2019), a presença de Amaranthus hybridus em lavouras de milho e soja, pode reduzir o rendimento em até 80% e dificultar a colheita mecânica.
Outra informação preocupante é que as plantas de Amaranthus hybridus possuem hibridação natural, podendo ocorrer transferência da resistência à herbicidas para outras espécies de caruru (Penckowski e Maschietto, 2019).
Identificação de Amaranthus hybridus. Fonte: Penckowski e Maschietto (2019).
Em trabalho realizado por Oliveira et al. (2019), foi identificado uma população de Amaranthus hybridus resistente ao glyphosate, proveniente da região de Pelotas, no Rio Grande Sul.
No final de 2018 identificou-se baixo controle de plantas de caruru após repetidas aplicações de glyphosate, que sobreviveram a doses acima de 1.500 g e.a. ha-1 (Oliveira et al., 2019).
Amaranthus hybridus: testemunha (esquerda) e planta tratada com glyphosate (direita), 15 dias após a aplicação. Fonte: Oliveira et al. (2019).
O trabalho de Oliveira et al. (2019), também identificou que 100% das plantas sobreviventes tem uma tripla mutação (TAP-IVS: T102I, A103V e P106S), que está relacionada a alta resistência ao herbicida glyphosate.
Conclusão
A cada ano surgem novos casos de resistência de plantas daninhas a herbicidas.
Para não deixarmos a situação fugir mais do controle, é essencial utilizarmos às técnicas de manejo integrado de plantas daninhas.
Existem diferentes métodos de controle, que podem ser integrados para garantir redução das infestações ao longo dos anos como: manejo químico, físico, biológico, mecânico, cultural e preventivo.
O manejo proativo é a melhor forma de prevenir o desenvolvimento da resistência.
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Sobre a Autora: Ana Ligia Girardeli, Sou Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar) e Doutora em Fitotecnia (USP/ESALQ). Atualmente, estou cursando MBA em Agronegócios.
Bom dia! Quando eu era criança já vi minha mãe cortar essa erva e alimentar os porcos.será a mesma? Eu amo ler esses artigos…
Bom dia Maria, tudo bem?
Pode ser que sim, existem muitas plantas daninhas que são comestíveis, são conhecidas por plantas alimentícias não convencionais, além disso existem muitas espécies de caruru. Temos que ficar atentos para identificação correta, pois muitas plantas daninhas também são tóxicas.