Por Argemiro Luís Brum

O primeiro mês cotado para a soja, em Chicago, registrou recuo em sua cotação nesta semana, na expectativa do relatório de oferta e demanda que seria divulgado na sextafeira (11). Este relatório iremos analisar com detalhes no próximo boletim. Com isso, na véspera do relatório (dia 10) o fechamento ficou em US$ 10,14/bushel, contra US$ 10,46 uma semana antes.

Dito isso, o USDA informou que, até o dia 06/10, a colheita de soja nos EUA atingia a 47% da área, contra 34% na média histórica para a data. Por sua vez, o relatório reduziu para 63% as lavouras a colher, entre boas a excelentes, contra 51% na mesma época do ano anterior. Outras 26% estavam em condições regulares e 11% em condições ruins ou muito ruins.

E no Brasil o plantio da nova safra 2024/25 chegava a 5,3% da área esperada, contra 10% na mesma época do ano passado, 11,2% em 2022 e 8,9% na média histórica (cf. Pátria Agronegócios).

Em tal contexto, e diante da manutenção de um câmbio oscilando entre R$ 5,45 e R$ 5,60 por dólar durante a semana, os preços internos da soja recuaram um pouco. A média gaúcha fechou a semana em R$ 123,41/saco, enquanto as principais praças trabalharam com R$ 120,00. Nas demais regiões do país os preços oscilaram entre R$ 122,00 e R$ 138,00/saco.

Especificamente no Mato Grosso, o plantio da soja atingia a 2,1% nesta semana, contra 14,3% no ano anterior nesta época e 9,5% na média histórica. O plantio continua bastante lento naquele estado devido ao clima seco, apesar de algumas chuvas terem ocorrido no Centro-Oeste brasileiro nesta semana. Por enquanto, o Mato Grosso continua esperando colher 44 milhões de toneladas de soja, sobre uma área semeada de 12,7 milhões de hectares e uma produtividade média de 58 sacos/hectare (cf. Imea).

Já no Paraná, o plantio da soja atingia a 33% da área nesta semana, sendo o maior desde 2018 para esta época. Na mesma época do ano passado o mesmo atingia a 31% da área (cf. Deral).

Por outro lado, a comercialização antecipada da nova safra chegava a 24,8% no país, para uma safra esperada em 171,8 milhões de toneladas. No ano anterior este percentual era de 21,4%, enquanto a média histórica atinge a 29,4%. No Mato Grosso esta venda antecipada atingia a 35%, contra a média histórica de 37,8% (cf. Safras & Mercado). Lembrando que, por enquanto, para 2025 os preços da soja continuam com pressão baixista. Já a comercialização da safra 2023/24 (safra velha) o volume chegou a 87,7% no início de outubro, contra a média histórica de 90,1% (cf. Safras & Mercado).

Vale destacar que nos últimos dias o óleo de soja subiu fortemente, puxado por melhores cotações externas, somado à piora do conflito no Oriente Médio o qual fez disparar o preço do petróleo. Assim, segundo o Cepea/Esalq, “a cotação média do óleo de soja, posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS incluso, foi de R$ 6.413,71/tonelada, a maior desde fevereiro/23, em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI de agosto/24). Em relação a agosto/24, o avanço foi de 1,5%”.

Enfim, o Imea divulgou uma projeção de área a ser semeada com soja no Mato Grosso nos próximos 10 anos, concluindo que aquele estado, em 2033/34, deverá plantar 16,6 milhões de hectares, com crescimento de 33,2% sobre o semeado em 2023/24. O aumento se dará particularmente sobre áreas de conversão de pastagens em lavouras. Em isso se confirmando, significará uma taxa média de crescimento anual de 2,91% na área de soja do Mato Grosso, um ritmo menor que o observado nos últimos dez anos, o qual teve uma taxa média de 3,99% ao ano.

A expectativa é de que, em 2033/34, a produtividade média atinja 64,7 sacos/hectare, o que corresponde a um avanço de 24,1% sobre a safra 2023/24, que foi impactada pela seca. Assim, a produção total do Mato Grosso deverá atingir a 64,5 milhões de toneladas, em clima normal, por volta de 2033/34. Hoje, o Mato Grosso, se fosse um país, seria o quarto maior produtor mundial de soja, atrás dos tradicionais Brasil, EUA e Argentina.

Segundo ainda o Imea, até 2034, “15,62 milhões de hectares de pastagens plantadas em Mato Grosso estarão aptas para serem convertidas para agricultura, impulsionando a produção agrícola”. Mesm assim, “a produção de carne bovina naquele Estado, também o maior produtor de gado do Brasil, é projetada para crescer, alcançando 1,9 milhão de toneladas em 2034, alta de cerca de 7% ante a projeção para este ano, devido a investimentos em tecnologia e genética animal, que proporcionam ganho de produtividade”.

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

Site: Informativo CEEMA UNIJUÍ

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