Por Argemiro Luís Brum
Nesta semana de relatório de oferta e demanda do USDA, as cotações da soja subiram um pouco. O primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (12) em US$ 9,95/bushel, contra US$ 9,93 uma semana antes.
O relatório, divulgado no dia 10, trouxe, para o ano de 2024/25, poucas novidades. A produção dos EUA ficou em 121,4 milhões de toneladas, enquanto seus estoques finais foram mantidos em 12,8 milhões. Já a produção mundial da oleaginosa foi aumentada para 427,1 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais ficaram em 131,9 milhões. A produção da Argentina passou a 52 milhões de toneladas, enquanto a brasileira foi mantida em 169 milhões. Com isso, até o momento, a produção da futura safra sul-americana está projetada ao redor de 238 milhões de toneladas neste novo ano comercial, contra algo em torno de 218 milhões na safra anterior. As importações chinesas foram mantidas em 109 milhões de toneladas. Assim, o preço médio ao produtor estadunidense, em 2024/25, foi reduzido para US$ 10,20/bushel, contra US$ 10,80 em novembro.
E na China, o Ministério da Agricultura local lançou novas estimativas para a sua safra de grãos. Para o ano 2024/25, em milho, os chineses esperam colher 293,8 milhões de toneladas, com recuo de 1% na comparaçao com a previsão de novembro. Já na soja, a produção aumentou 0,54%, com o volume sendo estimado em 20,6 milhões de toneladas.
Aqui no Brasil, com o câmbio sinalizando, finalmente, um recuo abaixo dos R$ 6,00 por dólar (o aumento de um ponto percentual na Selic deverá acelerar este movimento), Chicago estável e os prêmios futuros mais baixos, os preços estabilizaram, porém, o viés é de baixa caso o câmbio realmente volte a valorizar o Real. Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 129,41/saco, enquanto as principais praças locais atingiram entre R$ 127,00 e R$ 129,00. Já nas demais regiões brasileiras os valores oscilaram entre R$ 125,00 e R$ 137,00/saco.
Enquanto isso, o plantio da nova safra 2024/25 chegou a 95% da área no país no dia 05/12. Novas e boas chuvas nas regiões produtoras do país, inclusive no sul, deram impulso ao plantio e, especialmente, ao desenvolvimento das plantas (cf. AgRural).
Por sua vez, a comercialização antecipada da nova safra atingia a 31,2% do total esperado a ser colhido. Esse total esperado estaria em 171,8 milhões de toneladas. Em igual período do ano passado, a comercialização antecipada da nova safra atingia 27% e a média para o período é de 35,5%. Já a comercialização da safra velha (2023/24) atingiu 95,6% da produção, ante 92,6% no levantamento anterior (cf. Safras & Mercado).
Especificamente no Mato Grosso, a comercialização antecipada de soja da nova safra chegava a 41,1% da produção estimada, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Segundo o mesmo instituto, em novembro o preço médio negociado da safra nova fechou em média de R$ 111,68/saco, com uma alta de 0,62% em relação ao mês de outubro. Mesmo assim, a comercialização antecipada está atrasada em relação a média histórica, para a época, que é de 47,6% naquele Estado.
Enfim, a Secex informa que o complexo soja perdeu a liderança nas exportações nacionais deste ano, no período de janeiro a novembro. É um fato raro, pois nos últimos 10 anos isso somente aconteceu em 2021. Os motivos são os menores preços internacionais da oleaginosa e seus derivados em 2024, o que implica em menor receita bruta na exportação, assim como vendas do complexo soja 1,3% menores na comparação ao recorde de 2023. Quem ultrapassou a soja neste ano foi o petróleo, a partir do aumento significativo das exportações graças as descobertas do pré-sal.
Dito isso, segundo a Anec, as exportações de soja, pelo Brasil, em dezembro, devem atingir a 1,6 milhão de toneladas, sendo este o menor volume mensal do ano e 50% menor do que o exportado em dezembro de 2023. Assim, em se confirmando tal volume, o Brasil fechará 2024 com exportações de 97,4 milhões de toneladas do grão de soja, contra 101,3 milhões em 2023. Já em farelo de soja, o país deverá exportar 1,9 milhão de toneladas em dezembro, somando um total anual de quase 23 milhões de toneladas, sendo este um recorde.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).