Por Argemiro Luís Brum
O fechamento de Chicago, nesta quinta-feira (18), considerando o primeiro mês cotado, ficou em US$ 10,52/bushel, contra US$ 10,93 uma semana antes. Ou seja, as cotações da soja naquela Bolsa despencaram nestas últimas duas semanas. Apesar deste forte recuo nas últimas semanas, importante se faz salientar que, um ano atrás, o mesmo estava em US$ 9,51. Ou seja, ainda assim a soja se encontra mais valorizada em relação ao mesmo período de 2024. No caso do farelo, a tonelada curta chegou a US$ 298,20 no dia 17, contra US$ 287,20 um ano antes. E o óleo de soja registrou 48,52 centavos de dólar por libra-peso agora, contra US$ 40,62 um ano antes.
Dito isso, a Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos Estados Unidos informou que o esmagamento de soja nos EUA, em novembro, atingiu a 5,88 milhões de toneladas. O volume é recorde para o mês de novembro e marca um aumento de 11,8% em relação ao mesmo mês de 2024. A associação informou ainda que os estoques de óleo de soja registraram o volume máximo em sete meses e 40% maiores do que os de novembro do ano passado.
E aqui no Brasil, sustentados por um câmbio que chegou a atingir R$ 5,52 por dólar em alguns momentos da semana, e prêmios um pouco mais firmes, os preços da soja se mantiveram entre R$ 124,00 e R$ 125,00/saco nas principais praças gaúchas, enquanto nas demais regiões brasileiras os mesmos giraram entre R$ 116,00 e R$ 123,50/saco. Um ano antes, o Rio Grande do Sul trabalhava com R$ 125,00 e as demais regiões do país com valores entre R$ 125,00 e R$ 132,00/saco. Dito isso, nesta semana muitas praças estiveram sem cotação diante das dúvidas cambiais e do movimento baixista em Chicago. Lembrando que a colheita da nova safra de soja brasileira deve iniciar no final de janeiro pelos Estados do Norte.
Até o início da presente semana, a área semeada chegava a 94,6% no país, contra a média de 94,4% para esta época do ano (cf. Pátria AgroNegócios)
Vale, ainda, destacar que no mercado spot houve aquecimento de negócios devido ao aumento da “demanda para completar cargas nos portos brasileiros, cenário que valorizou os prêmios de exportação no Brasil e ajudou a segurar os preços internos” (cf. Cepea).
Enfim, há forte preocupação do mercado nacional devido ao uso de sementes de soja não certificadas nesta atual safra da oleaginosa. Inclui-se aí sementes piratas e sementes salvas e comercializadas irregularmente. A crise dos produtores, com altos custos de produção, preços em baixa e crédito escasso e caro, vem levando a um aumento desta prática. Segundo a Céleres Consultoria e a ABRASS, na safra 2025/26, 27% da área semeada no país deverá ser cultivada com sementes não certificadas, o que equivale a 13 milhões de hectares. Assim, uma parcela de sementes salvas, que deveria ser para uso do próprio produtor que a colheu, acaba sendo comercializada ilegalmente, o que a torna semente pirata. Isso tende a causar menor produtividade nas lavouras.
Estudos indicam que o uso de tais sementes provoca um recuo de quatro sacos por hectare na produtividade média. Aplicado isso sobre os 13 milhões de hectares previstos, teríamos uma redução de 2,8 milhões de toneladas de soja na próxima colheita. Além disso, isso implicaria em perda ao redor de 1,9 milhão de toneladas nas exportações e 900.000 toneladas no consumo interno. Em termos de perdas econômicas, 16,4 milhões de sacos de sementes certificadas deixam de ser comercializadas, o que gera um prejuízo de R$ 8 bilhões para o setor de sementes. Em royalties genética, as perdas somam R$ 590 milhões, o que “compromete investimentos em pesquisa, inovação e desenvolvimento de novas cultivares”. Enfim, a situação causaria uma menor geração de empregos qualificados no setor, ao redor de 4.500 postos diretos de trabalho.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).







