Por Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do milho, em Chicago, igualmente continuaram em recuo neste início de agosto. O bushel do cereal, para o primeiro mês cotado, chegou a US$ 3,79 no dia 06/08, tendo fechado o dia seguinte (07) em US$ 3,84, contra US$ 3,94 uma semana antes. A média de julho ficou em US$ 4,06, recuando 5,6% sobre a média de junho. O excelente avanço da nova safra do cereal nos EUA, somado à guerra tarifária imposta por Trump, derrubam as cotações do milho.
De fato, no dia 03/08 as lavouras em condições entre boas a excelentes, nos EUA, chegavam a 73% do total, contra 67% um ano atrás na mesma época. Neste início de agosto, 88% das lavouras estavam em fase de embonecamento, contra 89% na média histórica, e 42% das mesmas estavam em fase de formação de grãos.
Já na área das exportações, os EUA embarcaram, na semana encerrada em 31/07, um total de 1,2 milhão de toneladas, superando as expectativas do mercado. Com isso, o total exportado até o momento, no atual ano comercial, chega a 48 milhões de toneladas, volume 28% maior ao registrado no mesmo período do ano anterior.
E no Brasil, os preços se mantêm relativamente estáveis, mas em níveis baixos e pressionados. A média gaúcha fechou a semana em R$ 61,98/saco, enquanto as principais praças praticaram valores entre R$ 58,00 e R$ 60,00. Nas demais regiões do país, os preços oscilaram entre R$ 44,00 e R$ 63,00/saco.
Dito isso, segundo analista privado, o Brasil já colheu, até este início de agosto, 74,2% de sua área da safrinha, contra a média de 72,2%. Nota-se uma aceleração da colheita neste momento (cf. Pátria AgroNegócios). Já no Centro-Sul brasileiro, até o dia 31/07, a colheita chegava a 81% da área, contra 95% um ano atrás (cf. AgRural). Enfim, em todo o país, segundo a Conab, a colheita da segunda safra atingia a 75,2% da área no dia 03/08, contra 77,6% na média histórica.
Enquanto isso, no Mato Grosso, segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), a oferta total de milho, no ano 2024/25, deverá ser de 55,1 milhões de toneladas, com 13,3% de aumento sobre o ano anterior. A demanda está projetada em 53,7 milhões naquele estado, aumentando 10,5% sobre o ano anterior. Com isso, a exportação mato-grossense de milho poderá subir 15,9%, atingindo a 28 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno no estado ficaria em 17,4 milhões, com aumento de 6,7% sobre o ano anterior. Este consumo interno corresponderia a 32,4% da demanda total. Com isso, os estoques finais no Mato Grosso, para o ano 2024/25, seriam de 1,41 milhão de toneladas. Tudo isso consolida um ano recorde para o milho no Mato Grosso.
Em termos de país, analista privado estima uma safrinha total em 111,7 milhões de toneladas, após revisão. Com isso, o total nacional de produção do cereal poderá ser de quase 140 milhões de toneladas (cf. StoneX) (lembrando que existem expectativas de uma produção total de até 150 milhões).
Quanto às exportações brasileiras de milho, segundo a Secex, entre fevereiro e a quarta semana de julho (atual ano comercial brasileiro fev/25-jan/26) o Brasil exportou apenas 4,3 milhões de toneladas do cereal, contra 7 milhões no mesmo período do ano anterior. Portanto, ainda muito distante da projeção de vendas totais, no ano comercial, que é de 34 milhões de toneladas.
Enfim, o Brasil deverá produzir um recorde de óleo de milho, devendo atingir a 430.000 toneladas até o final de 2025, sendo que 320.000 toneladas serão originadas na indústria de biocombustível. A indústria de moagem úmida de milho (wet milling), focada na produção de amidos e outros derivados, deve gerar cerca de 85.000 toneladas. Já a indústria de moagem a seco (dry milling) contribuirá com aproximadamente 25.000 toneladas.
Por sua vez, em 2013 o Brasil foi responsável por esmagar ao menos 100.000 toneladas de milho para a produção de etanol. Doze anos depois (2025), o país caminha para processar cerca de 20 milhões de toneladas do grão para o mesmo fim, o que aumenta a oferta do óleo (cf. Vinculum Agro Consultoria). Segundo informações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Brasil exportou, em abril de 2025, 54.200 toneladas de óleo de milho, com valor recorde de US$ 55,2 milhões. O estado de Goiás destacou-se, com exportações superiores às do ano de 2024 inteiro. “Hoje, o quilo do óleo de milho está na faixa de R$ 5,60. Uma usina que extrai 15 quilos/tonelada gera uma receita adicional de quase R$ 84,00/tonelada de milho.”
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).