As cotações da soja, em Chicago, continuaram recuando nesta semana. O bushel da oleaginosa, para o primeiro mês cotado, bateu em US$ 10,09 no fechamento da quintafeira (08), contra US$ 10,22 uma semana antes. Um mês atrás o bushel estava em US$ 11,74. Ou seja, ele perdeu 14% de seu valor em dólares. Um ano atrás este bushel estava valendo US$ 14,14. Assim, em um ano o mesmo perdeu 28,6%, ou seja pouco mais de quatro dólares.

O clima positivo sobre as lavouras de soja estadunidenses tem sido o principal motivo, neste momento, para este recuo nas cotações da soja. Neste contexto o mercado espera o novo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o próximo dia 12/08. Enquanto isso, no dia 04/08, 68% das lavouras de soja dos EUA estavam em condições entre boas a excelentes, ganhando um ponto percentual sobre a semana anterior. Um ano antes este percentual era de 54%. Outros 24% estavam regulares e 8% entre ruins a muito ruins. Por sua vez, 86% das lavouras estavam em fase de floração, contra 84% na média histórica e 59% das mesmas na fase de formação de vagens.

Pelo lado das exportações, na semana encerrada em 1º de agosto, os EUA embarcaram 261.203 toneladas de soja, com este volume ficando dentro das expectativas do mercado. No atual ano comercial já foram embarcadas 43 milhões de toneladas, contra 50,8 milhões no mesmo período do ano anterior.

Pelo lado da demanda, as importações de soja pela China teriam aumentado 2,9% em julho, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Os preços mais baixos e o receio de que, em ganhando Trump nas eleições presidenciais estadunidenses, surjam novos conflitos comerciais entre os EUA e o país asiático, fazem os chineses aumentarem, neste momento, as compras. Assim, a China importou 9,85 milhões de toneladas de soja no mês passado, porém, o volume ficou bem abaixo do que esperava o mercado, que apostava em um volume entre 12 e 13 milhões. Desta forma, o total importado pelos chineses, nos primeiros sete meses do corrente ano, atinge a 58,3 milhões de toneladas de soja, ou seja, ainda um recuo de 1,3% sobre igual período do ano anterior. (cf. Administração Geral de Alfândega da China)

É bom lembrar que a China, no momento, possui sobra de soja estocada, em um momento em que sua demanda interna por ração animal está fraca. “As margens de esmagamento na China têm sido negativas desde o final de maio, com as esmagadoras no principal centro de processamento de Rizhao perdendo mais de 500 yuans (69,59 dólares) para cada tonelada de soja processada.” A demanda por carne suína e outras proteínas enfraqueceu à medida que os consumidores chineses enfrentam dificuldades perante uma economia interna mais fraca, o que leva os criadores a reduzir o tamanho de seus rebanhos. (cf. Reuters)

Já no terceiro produtor sul-americano de soja, o Paraguai, a produção da primeira safra de soja de 2023/24 teria fechado em 9,95 milhões de toneladas, havendo uma expectativa de que a safrinha do produto atinja a 1,05 milhão de toneladas, fato que levaria a produção final total do vizinho país a 11 milhões de toneladas. E o volume só não foi maior porque a região do Chaco enfrentou uma seca. Para a nova safra 2024/25 o Paraguai espera produzir 10,55 milhões de toneladas no total, desde que o clima ajude. Por outro lado, a comercialização da última colheita atingia a 87% do total nesta virada de semana, sendo este o nível mais baixo dos últimos anos. Isso ocorre devido aos baixos preços locais da oleaginosa. Com a recente melhoria dos prêmios, espera-se que, no restante do ano, as vendas aumentem.

E na Argentina houve interrupção de embarques nos portos locais devido a uma greve iniciada, nesta semana, pelos trabalhadores da indústria de oleaginosas local. Isso fez o óleo de soja disparar, momentaneamente, em Chicago. Lembrando que alguns portos argentinos não são filiados aos sindicatos que lançaram a greve, fato que osleva a operar normalmente.

E aqui no Brasil, com o Real se valorizando um pouco, ao atingir R$ 5,57 por dólar, após bater em quase R$ 5,80 na semana anterior, os preços médios recuaram um pouco. A média gaúcha ainda se manteve em R$ 124,59/saco, porém, as principais praças locais trabalharam com R$ 120,00. Nas demais regiões do país os preços oscilaram entre R$ 118,00 e R$ 126,00/saco, lembrando que no ano passado, nesta mesma semana, as principais praças gaúchas negociavam a oleaginosa a R$ 137,00, ou seja, 17 reais/saco a mais do que atualmente, enquanto as demais regiões do país negociavam o produto entre R$ 112,00 e R$ 130,00/saco.

Dito isso, como se viu no boletim passado, a nova área de soja a ser semeada no Brasil poderá ter um dos aumentos mais baixos da história. Por enquanto, aponta-se algo entre 0,79% (cf. StoneX) e 1,5% (cf. Datagro) de aumento. Lembrando que, segundo a Conab, a área plantada com soja no Brasil, em 2023/24, aumentou cerca de 4,5% frente ao ano anterior, enquanto em 2022/23 avançou 6%.

Por sua vez, muitos produtores estão travando preços futuros aproveitando a desvalorização do Real no momento, já que a tendência em Chicago não é boa. Todavia, um Real fraco também aumenta os custos de produção da nova safra. Enfim, a Abiove, ao revisar suas estatísticas, conclui que a produção final de soja, em 2023/24, ficou em 153,2 milhões de toneladas. Afora isso, considerando o realizado até junho, a Associação espera um esmagamento total de soja, neste corrente ano comercial, de 54,5 milhões de toneladas. Com isso, a produção de farelo tende a chegar a 41,7 milhões de toneladas e a de óleo em 11 milhões. O consumo interno do óleo de soja, especialmente puxado pela produção de biodiesel, deverá atingir a 9,9 milhões de toneladas. Por sua vez, as exportações totais de grãos de soja estão previstas em 97,8 milhões de toneladas, enquanto as de óleo ficariam em 1,15 milhão e as de farelo de soja em 21,8 milhões de toneladas. Com isso, a partir dos preços médios esperados, o Brasil obteria, com o complexo soja, um total de US$ 51,9 bilhões em exportação no corrente ano.

Autor/Fonte: CEEMA UNIJUÍ – Prof. Dr. Argemiro Luís Brum – Comentários referentes ao período entre 02/08/2024 e 08/08/2024

FONTE

Autor:CEEMA UNIJUÍ - Prof. Dr. Argemiro Luís Brum - Comentários referentes ao período entre 02/08/2024 e 08/08/2024

Site: CEEMA UNIJUÍ

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