Por Dr. Argemiro Luís Brum
O primeiro mês cotado, em Chicago, fechou a quinta-feira (29) em US$ 3,71/bushel, ficando em nível idêntico ao registrado uma semana antes. Isso, após ensaiar um pequeno recuo durante a semana.
Nos EUA, a qualidade das lavouras, na condição entre boas e excelentes, recuou para 65% no dia 25/08, segundo o USDA, contra 56% no mesmo momento do ano anterior. Por outro lado, 11% das mesmas estavam em fase de maturação, contra 6% na média histórica.
Já em relação aos embarques estadunidenses do cereal, na semana encerrada em 22/08, o volume atingiu a 894.295 toneladas, ficando dentro das expectativas do mercado. Em todo o atual ano comercial os embarques já chegam a 51 milhões de toneladas, sendo 39% acima do registrado no mesmo período do ano anterior.
E, no Brasil, os preços do cereal voltaram a registrar viés de alta, com a média gaúcha fechando a semana em R$ 59,19/saco, enquanto as principais praças se mantiveram em R$ 55,00. Já no restante do país, os preços oscilaram entre R$ 40,00 e R$ 59,00/saco.
A colheita da safrinha estando praticamente encerrada, a oferta do produto diminui, fato que pressiona os preços para cima. Entretanto, a demanda externa e interna continua fraca. Já em relação ao plantio da nova safra de verão do cereal, até o dia 22/08 a mesma alcançava 4,2% da área esperada para o Centro-Sul, contra 7,5% um ano atrás. A estimativa é que a área de verão venha a ser reduzida em 3,5% no Centro-Sul brasileiro neste próximo ano comercial, devido aos baixos preços e o temor com o clima. (cf. AgRural).
Pelo sim ou pelo não, o fato é que a menor produção neste último ano deve levar o Brasil a deixar o posto de maior exportador mundial de milho, situação conquistada em 2023. Este posto havia sido obtido uma única vez, até então, no ano de 2013. Lembrando que no ano passado o país chegou a exportar um pouco mais de 55 milhões de toneladas. Para este ano de 2024 as estimativas mais consolidadas indicam um volume entre 35 e 38 milhões de toneladas apenas. Além da redução de nossa safra passada, igualmente “a recuperação da produção nos Estados Unidos, somada ao retorno de grandes exportadores como Argentina e Ucrânia, estão reduzindo nossa competitividade no mercado internacional”. (cf. Biond Agro).
Por outro lado, a Secex informou que nos primeiros 17 dias úteis de agosto o Brasil exportou um total de 4,6 milhões de toneladas de milho, o que representa 49,2% do total exportado em todo o mês de agosto de 2023. Assim, a média diária de exportação representa um recuo de 33,5% sobre agosto do ano passado. Espera-se que, em todo o agosto deste corrente ano, o Brasil consiga exportar entre 6 e 7 milhões de toneladas de milho, ou seja, entre 2,5 e 3,5 milhões a menos do que em agosto do ano anterior.
Assim, entre fevereiro (início do atual ano comercial brasileiro para o milho) e agosto, nossas exportações do cereal somariam cerca de 14 milhões de toneladas. Para chegar ao menos em 40 milhões no final do ano comercial, em 31/01/25, o país ainda precisaria escoar 26 milhões de toneladas de milho, ou seja, 5,2 milhões de toneladas mensais. Não é impossível, porém, teremos que fazer um esforço importante. E, mesmo assim, os estoques de milho ainda deverão ficar elevados para o início do próximo ano comercial, inibindo os preços.
Enfim, segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), o milho disponível no Mato Grosso fechou a última semana na média de R$ 38,77/saco, com uma alta de 2,41% sobre a semana anterior. Quando comparado à safra anterior, a cotação do milho naquele estado apresenta elevação de 13,24%.
“Vale destacar que, o preço do milho, em 2023, foi fortemente influenciado pela maior oferta do cereal no mercado interno, devido ao recorde de 52,5 milhões de toneladas produzidos na safra 2022/23 no estado, e a comercialização em agosto de 2023 estava atrasada quando comparado com as safras anteriores”. Os técnicos do Instituto salientam que “apesar da cotação, neste ano, estar maior, os produtores seguem preocupados, pois nos atuais níveis de preços não deverá ser possível cobrir todas as despesas que tiveram no ano 2023/24”.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).