Desde meados de março, os preços do algodão em pluma vêm oscilando em um pequeno intervalo – entre as casas de R$ 3,80 e R$ 4,10 por libra-peso. Em setembro, novamente, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, atravessou o mês nesses patamares, encerrando o período operando pouco acima dos R$ 4 por libra-peso. A sustentação aos valores veio dos avanços externos e da paridade de exportação. Apesar do término da colheita e do progresso do beneficiamento, a maior parte do algodão disponível no mercado spot nacional segue sendo destinada ao cumprimento dos contratos a termo.
O ritmo de comercialização envolvendo a realização de novos contratos a termo esteve maior em setembro, visando entrega nos próximos meses e/ou até mesmo programações envolvendo a pluma da próxima temporada (2024/25).
Quanto às negociações de fios, agentes consultados pelo Cepea apontam melhora no ritmo de comercialização, refletindo em uma demanda pontual para atender à necessidade imediata e/ou à reposição de estoque. Nesse cenário, entre 30 de agosto e 30 de setembro, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, avançou 3,43%, encerrando o mês a R$ 4,0197/lp. Em setembro, o Indicador ficou, em média, 0,2% abaixo da paridade de exportação.
A média mensal de setembro foi de R$ 3,9686/lp, ligeiro 0,87% abaixo da de agosto/24, mas 5,6% inferior à de setembro/23, em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI de agosto/24). Em dólar, em setembro, a média do Indicador à vista foi de US$ 0,7149/lp, 0,9% superior à do primeiro vencimento na Bolsa de Nova York (ICE Futures), de US$ 0,7149/lp, porém, 13,3% menor que a média do Índice Cotlook A (referente a pluma posta no Extremo Oriente), de US$ 0,8242/lp.
MERCADO INTERNACIONAL
Cálculos do Cepea apontam que a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) subiu 2,3% entre 30 de agosto e 30 de setembro, passando para R$ 4,0155/lp (US$ 0,7360/lp) no porto de Santos (SP) e R$ 4,0261/lp (US$ 0,7379/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 30 de setembro. Esse movimento é resultado da desvalorização 3,43% do dólar frente ao Real no mês – a moeda norte-americana passou para R$ 5,456 no dia 30, enquanto o Índice Cotlook A subiu 5,88% no acumulado de setembro, para US$ 0,8465/lp no encerramento do mês.
Os contratos na Bolsa de Nova York acumularam alta em setembro. O vencimento Out/24 se valorizou 5,4%, a US$ 0,7356/lp no dia 30; o Dez/24registrou alta de 5,17%, a US$ 0,7361/lp; para Mar/25, o avanço foi de5,18%, a US$ 0,7536/lp, e, para Maio/25, de 5,01%, a US$ 0,7652/lp.
COTTON OUTLOOK
Relatório divulgado no dia 27 de setembro pelo Cotton Outlook estima a produção mundial da temporada 2024/25 em25,285 milhões de toneladas, reajuste positivo de 0,68% frente aos dadosde agosto/24 e 0,83% maior que o volume esperado para 2023/24 (25,076milhões de toneladas).
O consumo mundial está projetado em 24,295milhões de toneladas na temporada 2024/25, retração de 0,31% se comparado ao mês anterior, mas avanço de 0,75% se comparado com asafra 2023/24. Logo, a oferta global superaria em 4,1% a demanda. Para o Brasil, especificamente, a estimativa de oferta para a safra 2024/25passou de 3,65 milhões de toneladas para 3,836 milhões de toneladas (+5,1%). Para o consumo brasileiro, a projeção segue estável, em 720 miltoneladas na temporada 2024/25.
CAROÇO DE ALGODÃO
Mesmo com o aumento da oferta, diante dos avanços da colheita e do beneficiamento da temporada 2023/24, os preços de caroço de algodão seguiram firmes em setembro. Ao mesmo tempo em que agentes continuaram voltados ao cumprindo os contratos a termo, a demanda ativa, sobretudo por parte de pecuaristas, deu suporte aos valores na maior parte das regiões. Essa procura no spot, por sua vez, está atrelada ao clima seco, que tem prejudicado as pastagens.
Levantamento do Cepea mostra que a cotação média do caroço no mercado spot em setembro/24 foi de R$ 607,00/t em Campo Novo do Parecis (MT), alta de 3,4% em relação à do mês anterior, mas recuo de5,8% sobre a de setembro/23 (R$ 644,56/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de agosto/24.
Em Lucas do Rio Verde (MT), a média avançou 10,2% na comparação mensal, mas caiu 7,4% na anual, para R$ 571,21/t em setembro/24. Em São Paulo (SP), houve elevação de apenas 1,6% no mês e retração de16,3% no ano, com a média passando para R$ 1.074,46/t em setembro/24.Já em Primavera do Leste (MT), a média fechou em R$ 642,16/t, respectivas quedas de 1,5% e de 15,8%. Em Barreiras (BA), por sua vez, média esteve em R$ 802,69/t, retrações de 3% frente a agosto/24 e de23,7% em relação à de setembro/23.
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Fonte: Cepea