Os preços da soja oscilaram em agosto. Na primeira quinzena, caíram fortemente, refletindo as expectativas de maior oferta global. Esse cenário deixou consumidores retraídos das aquisições envolvendo grandes volumes no spot nacional. Já na segunda metade do mês, houve recuperação de parte das perdas, diante do aquecimento na demanda da China e da retração de sojicultores domésticos em negociar o remanescente da safra 2023/24.
No balanço, prevaleceram as baixas, com os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá e CEPEA/ESALQ – Paraná registrando os menores patamares desde abril deste ano, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de julho/24), de R$ 133,21/saca de 60 kg e R$ 129,24/sc de 60 kg, na média de agosto. Em relação a julho/24, os recuos foram de 3,5% e 3,2% e, frente ao mesmo período de 2023, de expressivos 13,9% e 11,2%.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre julho e agosto, os preços da oleaginosa caíram 2,4% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e 2,7% no de lotes (negociações entre empresas). No comparativo anual, as quedas foram de 8,9% no balcão e de 7,5% no de lotes. O dólar foi cotado à média de R$ 5,55, estável em relação a julho, porém se valorizando 13,2% frente a ago/23.
FARELO DE SOJA – Boa parte dos compradores adquiriu lotes pequenos de farelo de soja em agosto, à espera de valores mais baixos nos próximos meses. Esses agentes estiveram fundamentados na maior oferta do grão e ao fato de a demanda aquecida por óleo de soja poder elevar a disponibilidade de farelo no Brasil. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo de soja caíram 3,7% entre julho e agosto. No comparativo anual, a queda foi de expressivos 10,9%, em termos reais.
ÓLEO DE SOJA – Por outro lado, as cotações do óleo de soja subiram no mercado brasileiro em agosto, limitando as baixas do grão. A alta do coproduto esteve atrelada à firme demanda doméstica, tanto de indústrias alimentícias quanto de biodiesel.
Além disso, a disputa entre compradores internos e externos pelo óleo de soja brasileiro esteve mais acirrada, sobretudo na primeira dezena de agosto. Isso porque, naquele período, consumidores estrangeiros redirecionaram as aquisições do derivado ao País, devido à greve de indústrias esmagadoras na Argentina. Levantamento do Cepea mostra que o óleo de soja posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS, se valorizou 4,3% de julho para agosto e 21,3% de ago/23 a ago/24, indo para R$ 6.317,25/t – esta é a maior média desde fevereiro de 2023, em termos reais.
FRONT EXTERNO – Nos Estados Unidos, a soja em grão voltou a ser negociada abaixo dos US$ 10/bushel, cenário que não era visto desde set/20, o que, consequentemente, pressionou as cotações no mercado brasileiro.
A queda dos futuros, por sua vez, se deve às boas condições das lavouras norte-americanas, o que reforça as projeções de safra recorde naquele país.
Além disso, de acordo com relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), as exportações dos EUA somaram 44,7 milhões de toneladas na temporada 2023/24 (de setembro/23 até 29 de agosto/24), 14,5% a menos que o escoado no mesmo período da safra passada e abaixo da última estimativa do USDA, de 46,26 milhões de toneladas.
Com isso, na CME Group (Bolsa de Chicago), o contrato de primeiro vencimento da soja caiu 11,8% de julho para agosto, a US$ 9,8474/bushel (US$ 21,71/sc de 60 kg), o menor valor desde ago/20. No comparativo anual, a queda foi de expressivos 29,1%.
Para o farelo, o contrato de primeiro vencimento cedeu 9,6%, a US$ 322,48/tonelada curta (US$ 355,47/t), valor 24,4% abaixo do de ago/23. O contrato de primeiro vencimento do óleo de soja teve média de US$ 0,4139/lp (US$ 912,55/t) em agosto, quedas de 10,6% frente a julho e de 37,9% em relação a ago/23.
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Fonte: CEPEA