Os preços da soja subiram em setembro no mercado doméstico. Além da demanda aquecida, sobretudo por parte das indústrias esmagadoras, a resistência de produtores em negociar grandes volumes, tanto para entrega imediata (referente ao remanescente da safra 2023/24), quanto para contratos a termo (envolvendo a temporada 2024/25), reforçou o movimento de alta. Sojicultores estiveram cautelosos devido às chuvas irregulares no Brasil no período de início das atividades de campo da nova safra.
Com isso, o Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná subiu fortes 5,7% entre agosto e setembro, passando para a média de R$ 136,65/saca de 60 kg, a maior do ano, em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI de agosto). Para o Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá, a valorização foi de 5%, com a média a R$ 139,90/sc de 60 kg, a mais alta dos últimos três meses, também em termos reais.Já no comparativo com o mesmo período do ano passado (setembro/23), os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá e CEPEA/ESALQ – Paraná apresentam quedas reais de 9% e 6%, nesta ordem.
As primeiras estimativas da Conab referentes à temporada 2024/25 indicam que a área destinada à soja pode crescer 3% frente à safra anterior, alcançando 47,4 milhões de hectares – deste total, a Companhia aponta que 2,4% foram semeados até o final de setembro. Dentre as regiões, 10% foram semeados no Paraná; 3%, em Mato Grosso do Sul; 2,6%, em Mato Grosso e 2%, no Paraná. A produção é projetada pela Conab em 166,28 milhões de toneladas, 12,8% superior aos dados da temporada 2023/24 e um recorde.
ÓLEO DE SOJA
Os prêmios de exportação e os preços domésticos do óleo de soja também subiram em setembro. O impulso veio da baixa disponibilidade do coproduto para embarques imediatos, uma vez que o mercado local absorveu a maior parte da oferta nacional, tanto por indústrias alimentícias quanto por indústrias de biodiesel.
Levantamento do Cepea mostra que o preço médio do óleo de soja, posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS, subiu 1,5% em relação a agosto, passando para R$ 6.413,71/t em setembro – este é o maior valor real desde janeiro/23.
Com base no porto de Paranaguá (PR) e no embarque em Out/24, o prêmio de exportação do óleo de soja foi de 3 cents de dólar/libra peso do lado do comprador, e 6 cents de dólar/libra-peso do lado do vendedor no final de setembro/24; em período equivalente de 2023, os prêmios estavam negativos.
FARELO DE SOJA
O farelo de soja se valorizou no spot nacional em setembro, influenciado pela maior demanda doméstica – parte dos consumidores adquiriu novos volumes para completar estoques. Com isso, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, de agosto a setembro, os preços do farelo subiram 2,7%. No comparativo anual, por outro lado, observa-se queda de 8,7%.
Diante do avanço mais expressivo na cotação da matéria-prima frente à dos derivados, a “crush margin” recuou em setembro. Tendo-se como base os valores da soja em grão, do farelo e do óleo de soja no estado de São Paulo, a “crush margin” caiu fortes 20,7% entre as médias dos dois últimos meses, calculada pelo Cepea a R$ 536,46/tonelada, em setembro. Na média do mês, o retorno em relação ao custo da soja foi de 24,7%, contra 33,8% em agosto.
FRONT EXTERNO
Os preços externos subiram, impulsionados pela firme demanda internacional. Além disso, o baixo índice pluviométrico no Brasil e as chuvas no Meio-Oeste dos Estados Unidos, que limitaram as atividades de campo no Hemisfério Norte, reforçaram as altas. Ainda assim, de acordo com relatório de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), dos 34,9 milhões de hectares cultivados com soja, 26% foram colhidos até 29 de setembro, acima dos 20% registrados há um ano e dos 18% na média dos últimos cinco anos.
Com isso, na CME Group (Bolsa de Chicago), o contrato de primeiro vencimento da soja se valorizou 3% de agosto para setembro, a US$ 10,1421/bushel (US$ 22,36/sc de 60 kg). No comparativo anual, por outro lado, houve significativa baixa de 23,4%. O contrato de primeiro vencimento do óleo de soja teve média de US$ 0,4178/lp (US$ 921,03/t) em setembro, avanço de 0,9% sobre agosto; frente a período equivalente de 2023, observa-se forte recuo de 32,7%. Para o farelo, o contrato de primeiro vencimento cedeu ligeiro 0,2% no mês e expressivos 19,1% no ano, a US$ 321,90/tonelada curta (US$ 354,82/t) em setembro/24.
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Fonte: Cepea