Os preços do algodão em pluma subiram em novembro, sobretudo no encerramento do mês. Além do aumento da demanda, o movimento de alta esteve atrelado à forte valorização do dólar frente ao Real e ao consequente avanço na paridade de exportação – vale lembrar que esse cenário incentiva as exportações da pluma em detrimento de negociá-la no mercado doméstico.
Atentos à valorização do dólar, vendedores estiveram firmes em suas ofertas. Compradores, com necessidades mais urgentes, se dispuseram a pagar valores maiores nas novas aquisições no spot. Empresas estiveram comprando lotes de pluma para manutenção dos estoques de final de ano e também para garantir a matéria-prima para atender à necessidade de curto prazo. Comerciantes buscaram a pluma para negócios “casados” e para atender programações realizadas anteriormente.
Com a proximidade do final de ano, agentes estão focados nos embarques dos contratos a termo, direcionados aos mercados interno e externo. Outra parcela dos players deve voltar a negociar somente após a virada de ano e/ou realiza algumas programações para a entressafra.
Assim, entre 31 de outubro e 29 de novembro, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu 3,35%, fechando a R$ 4,0654/lp no dia 29 – o maior valor desde 6 de agosto deste ano (R$ 4,0675/lp). Em novembro, o Indicador ficou, em média, 4,2% abaixo da paridade de exportação, a maior desvantagem das vendas internas sobre as externas desde outubro/23.
Cálculos do Cepea apontam que a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) subiu 3,26% entre 31 de outubro e 29 de novembro, passando para R$ 4,2875/lp (US$ 0,7139/lp) no porto de Santos (SP) e R$ 4,2980/lp (US$ 0,7156/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 29. O impulso veio da valorização de 3,89% do dólar frente ao Real em novembro – a moeda norte-americana foi cotada a R$ 6,006 no dia 29, enquanto houve retração de 0,67% no Índice Cotlook A, para US$ 0,8200/lp no mesmo período.
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), de 31 de outubro a 29 de novembro, o vencimento Dez/24 se valorizou 5,43%, a US$ 0,7335/lp no dia 29; o Mar/25 subiu 0,14%, a US$ 0,7193/lp; já para Maio/25, houve retração de 0,65%, a US$ 0,7298/lp, e, para Jul/25, a baixa foi de 1,1%, a US$ 0,7393/lp.
SAFRA BRASILEIRA 2024/25 – O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de algodão em pluma, e as estimativas de novembro apontam que a produção doméstica deve atingir novo recorde na temporada 2024/25. Dessa forma, a necessidade de se escoar o excedente deve manter as exportações também recordes, já que o consumo pode ter crescimento ainda tímido na temporada. Porém, a maior oferta interna deve manter os preços da pluma no Brasil alinhados à paridade de exportação.
No relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no dia 14 de novembro, as estimativas para a produção nacional de algodão em pluma tiveram reajuste positivo de 1,06%, indo para o recorde histórico de 3,704 milhões de toneladas na safra 2024/25, com aumento de 0,1% frente à temporada 2023/24. A área cultivada é estimada em 2,008 milhões de hectares, avanços de 0,32% no comparativo mensal e de 3,3% com relação à safra 2023/24. A produtividade nacional é prevista com redução de 3,1% em comparação com a temporada anterior, mas com aumento de 0,73% frente aos dados de outubro/24, ficando em 1.845 kg/ha.
Quanto ao consumo, foi estimado em 710 mil toneladas pela Companhia, elevação de 1,43% frente à projeção de outubro/24 e aumento de 2,16% em relação à safra 2023/24. A exportação deve chegar a 2,93 milhões de toneladas em 2024/25, com ajustes positivos de 2,45% na comparação mensal e de 2,73% frente à temporada anterior. Logo, o estoque de passagem, em 31 de dezembro de 2024, está previsto para 2,388 milhões de toneladas.
ICAC – Dados divulgados no dia 2 de dezembro pelo Icac (Comitê Consultivo Internacional do Algodão) trouxeram números semelhantes aos do mês anterior. A produção mundial da safra 2024/25 foi estimada em 25,299 milhões de toneladas, com reajuste mensal positivo de apenas 0,1%, mas 4,88% superior à de 2023/24.
As estimativas de consumo mundial de algodão ficaram inalteradas, em 25,404 milhões de toneladas, com aumento de 1,7% se comparado ao da safra 2023/24 e apenas 0,42% acima da produção. No entanto, a exportação mundial recuou 2,01% frente à temporada passada, podendo chegar a 9,673 milhões de toneladas na safra 2024/25. O estoque final foi projetado em 18,538 milhões de toneladas, 0,15% acima do estivado em novembro/24 e leve baixa de 0,13% em relação à safra 2023/24.
Quanto ao preço da temporada 2024/25, o Comitê aponta média do Índice Cotlook A de US$ 0,94/lp, variando de US$ 0,92/lp a US$ 0,97/lp.
CAROÇO DE ALGODÃO – Os preços estão em movimento de alta desde agosto/24 e, em novembro, atingiram os maiores patamares do ano – com exceção da Bahia, onde as máximas foram registradas em janeiro/24.
O impulso veio da posição firme de vendedores, da oferta limitada e da demanda aquecida. Mesmo com a produção recorde na temporada 2023/24, a falta de chuva em boa parte deste ano reduziu o estoque de passagem, uma vez que as pastagens ficam comprometidas. Além disso, os aumentos nos preços da pecuária nacional têm estimulado o setor e resultado em aquecida demanda por alimentação animal, resultando em busca consistente de pecuaristas por caroço, farelo e/ou torta de algodão. Nesse cenário, levantamento do Cepea mostra que o valor médio do caroço no mercado spot em novembro/24 foi de R$ 830,41/tonelada em Campo Novo do Parecis (MT), altas de 21,5% em relação ao mês anterior e de 41,6% sobre novembro/23 (R$ 586,32/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de outubro/24.
Em Lucas do Rio Verde (MT), a média avançou 23,5% na comparação mensal e 51,4% na anual, para R$ 819,00/t em novembro/24. Em Primavera do Leste (MT), a média foi de R$ 920,12/t, respectivas altas de 20,7% e de 30,8%. Em São Paulo (SP), a valorização no mês foi de 15,3% e no ano, de 10,7%, com a média a R$ 1.284,49/t em novembro/24. Em Barreiras (BA), o preço médio, de R$ 1.087,94/t, subiu 34,1% frente ao de outubro/24 e 3% em relação ao de novembro/23.
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Fonte: Cepea