ANÁLISE CLIMÁTICA DE ABRIL
Em abril de 2023, os maiores acumulados de chuva se concentraram no Extremo-Norte do país, além de áreas da Região Centro-Sul e sul da Bahia, com volumes que ultrapassaram 150 mm, contribuindo para a manutenção dos níveis de água no solo e para o desenvolvimento dos cultivos de segunda safra na maioria das regiões produtoras. Já em áreas do nordeste da Bahia, centro e norte de Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, os volumes de chuva foram inferiores a 70 mm, causando restrição hídrica às lavouras que se encontravam em fases reprodutivas. Nas demais áreas, os acumulados de chuva ficaram entre 70 mm e 150 mm.
Em grande parte da Região Norte, foram observados acumulados de chuva maiores que 200 mm, e que ultrapassaram 400 mm em áreas do nordeste do Pará, o Amapá e noroeste do Amazonas mantêm os níveis de água no solo elevados e favorecendo a recuperação da umidade em Roraima.
Na Região Nordeste, foram registrados grandes volumes de chuva na faixa norte, principalmente, em áreas do norte do Maranhão e do Piauí, e no sul da Bahia, com valores que ultrapassaram 250 mm, prejudicando parte da colheita da soja, mas beneficiando as culturas que se encontravam em enchimento de grãos. Matopiba, os volumes foram menores que 120 mm, porém os níveis de água no solo continuaram favoráveis para o desenvolvimento das culturas em grande parte da região, além de favorecer a colheita dos cultivos de primeira safra. Em áreas do Sealba, os baixos volumes de chuva impediram o avanço da semeadura dos cultivos de terceira safra, em especial, o milho.
Já na Região Centro-Oeste, com exceção de áreas centrais de Mato Grosso, foram registrados acumulados de chuva maiores que 120 mm. Em grande parte de Mato Grosso do Sul e no extremo-norte de Mato Grosso, os volumes de chuva ultrapassaram 150 mm, mantendo bons níveis de água no solo em grande parte das áreas produtivas. Em geral, a boa distribuição espacial e temporal das chuvas na região favoreceram o desenvolvimento das lavouras, principalmente, os cultivos de algodão e milho segunda safra.
Na Região Sudeste, foram registrados volumes de chuva acima de 120 mm em áreas do centro-sul da região, ultrapassando 200 mm em áreas do Rio de Janeiro, mantendo a umidade no solo em níveis satisfatórios e beneficiando o desenvolvimento das culturas na região. Porém, em áreas do centro e norte de Minas Gerais e norte do Espírito Santo, os volumes de chuva foram inferiores a 50 mm, causando redução do armazenamento de água no solo e restrição hídrica nas lavouras de milho.
Na Região Sul, os volumes de chuva foram significativos em áreas do Paraná e Santa Catarina, com valores maiores que 120 mm, mantendo os níveis de água no solo elevados, além de favorecer o desenvolvimento dos cultivos de segunda safra. Já no Rio Grande do Sul, os acumulados de chuva foram menores que 100 mm, causando uma certa restrição hídrica aos cultivos de feijão segunda safra e soja. Entretanto, a falta das chuvas beneficiou as lavouras de soja que se encontravam em maturação e colheita.
As temperaturas, especialmente as mínimas, em abril ficaram dentro ou acima da média em grande parte do país. Entretanto, no final do mês, o avanço de uma massa de ar frio causou queda nas temperaturas, com valores chegando a 0 °C em áreas de maiores altitudes da Região Sul. Já em áreas das Regiões Centro-Oeste e Sudeste, além do norte da Região Sul e sul da Região Norte, as temperaturas máximas ficaram dentro ou abaixo da média por conta dos grandes acumulados de chuva associados à alta nebulosidade, principalmente no período da tarde, enquanto entre o norte de Minas Gerais e sul da Bahia foram observadas altas temperaturas.
CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA
Na figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) entre os dias 2 e 29 de abril de 2023. Na parte Central do Pacífico Equatorial houve predomínio de anomalias próximas a 0 °C, chegando a valores maiores que 3 °C na costa oeste da América do Sul, indicando o aquecimento das águas na região. Considerando a região do Niño 3.4 (área entre 170°W e 120°W), desde o início de fevereiro de 2023 houve tendência de aumento da anomalia média de TSM, chegando a valores de 0,2 °C no final de abril.
A análise do modelo de previsão do El Niño – Oscilação Sul (ENOS), realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), indica que as condições de neutralidade devem permanecer até o início do inverno, com uma possível transição para condições de El Niño nos próximos meses, com probabilidades maiores que 70%, chegando a 83% durante os meses de inverno.
PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO MAIO, JUNHO E JULHO DE 2023
As previsões climáticas para os próximos três meses, segundo o modelo do Inmet, são mostradas na figura abaixo. Para a Região Norte, há previsão de chuvas acima da média em grande parte de Roraima e Amapá, além de áreas do oeste do Amazonas e do Acre, leste de Rondônia e sudoeste e nordeste do Pará. Em áreas do Matopiba, o modelo indica chuvas dentro ou abaixo da média, com exceção de áreas do centro-sul do Maranhão, podendo afetar as culturas de segunda safra que se encontrarem em estágios fenológicos mais sensíveis. Já na costa leste, com exceção do sul da Bahia, e no extremonorte da Região Nordeste, as previsões indicam chuvas dentro ou abaixo da média, o que também pode contribuir para a redução do armazenamento de água no solo.
Em grande parte das Regiões Centro-Oeste e Sudeste, com exceção de áreas do norte de Mato Grosso, sul de São Paulo e na divisa entre Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, o modelo indica chuvas dentro ou abaixo da média. Além disso, a partir de maio, há previsão de redução do armazenamento hídrico devido à diminuição das chuvas, que é característico da região, podendo afetar as culturas agrícolas de segunda safra e de inverno, que estiverem em estádios fenológicos sensíveis ou sob deficiência hídrica.
Na Região Sul, há previsão de chuvas dentro ou abaixo da média em áreas do oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná, enquanto nas demais regiões desses estados as chuvas podem ficar dentro ou acima da média. Além disso, os níveis de água no solo ainda poderão continuar altos devido às chuvas regulares que foram observadas nos últimos meses, beneficiar as áreas produtoras da região. Já no Rio Grande do Sul, o modelo indica chuvas dentro ou ligeiramente acima da média em grande parte do estado, o que será importante para a recuperação do armazenamento de água no solo e o desenvolvimento dos cultivos de segunda safra e de inverno.
Em relação à temperatura média do ar, o modelo continua indicando que, nos próximos três meses, as temperaturas podem ficar dentro ou acima da média climatológica em grande parte do país, principalmente em áreas do Centro e Norte do Brasil. Já na Região Sul, as temperaturas podem ficar dentro ou ligeiramente abaixo da média, principalmente em maio e julho, além da possibilidade da entrada de massas de ar frio e ocorrência de geadas em áreas que já são suscetíveis a este fenômeno.
Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do site do Inmet https://portal.inmet.gov.br
Fonte: Conab