CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA

Na Figura abaixo, é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) entre os dias 21 e 27 do mês de agosto de 2022. Na parte Central do Pacífico Equatorial, houve predomínio de anomalias negativas de até -1,5°C, chegando a valores de até -2,0°C na costa oeste da América do Sul e em alguns pontos da área central, indicando a persistência de temperaturas mais frias nestas regiões.

Já na região do Niño 3.4 (área entre 170°W e 120°W), a anomalia média de TSM durante o mês de agosto permaneceu negativa, indicando a persistência de uma La Niña com intensidade fraca. Nos primeiros 12 dias do mês, os valores de TSM permaneceram em torno de -0,6°C, com uma tendência de diminuição até o dia 23, chegando a -1,0°C. Na última semana, houve uma ligeira tendência de aumento dos valores de anomalia, chegando a valores próximos de -0,8°C.

A análise do modelo de previsão do ENOS (El Niño – Oscilação Sul) realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI) indica que as condições de La Niña ainda devem permanecer durante os meses de primavera (setembro, outubro e novembro), com probabilidades entre 70% e 80%, até o início do verão.

PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO OUTUBRO, NOVEMBRO
E DEZEMBRO DE 2022

As previsões climáticas, segundo o modelo estatístico do INMET, são mostradas na Figura abaixo. Para a região Norte do país, há previsões de chuva acima da média climatológica, com exceção de áreas do centro-sul do Pará, sudoeste e leste do Amazonas e centro de Rondônia, onde a previsão indica uma tendência de chuvas dentro ou abaixo da média.

Na região Nordeste, o modelo indica chuvas dentro ou acima da média climatológica em praticamente toda a região, o que deve favorecer as fases mais sensíveis das culturas em grande parte do SEALBA, como o feijão e o milho terceira safra. Já em áreas do MATOPIBA, o início da safra deve ser marcado por chuvas dentro ou acima da média climatológica, principalmente nos meses de outubro e novembro, o que será favorável para a elevação dos níveis de água no solo, principalmente em áreas do oeste da Bahia e no estado do Tocantins, e poderá favorecer o estabelecimento e as fases inicias das culturas.

Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, a previsão trimestral indica chuvas dentro ou ligeiramente acima da média em grande parte da região, com exceção de áreas no sul do Mato Grosso, sudeste do Mato Grosso do Sul e no estado de São Paulo, onde há previsão de chuvas abaixo da climatologia.

Porém, principalmente no mês de outubro, há previsão do retorno gradual das chuvas em grande parte da região, o que será importante para a elevação do armazenamento de água no solo, o estabelecimento e as fases iniciais das culturas no campo, como a soja, o milho e o algodão.

Já na região Sul, com a previsão da persistência de condições de La Niña, nos próximos três meses, o prognóstico climático aponta para chuvas ligeiramente abaixo da média em grande parte da região, principalmente nos meses de outubro e novembro. Porém, no mês de setembro, o modelo indica chuvas dentro ou ligeiramente acima da média, favorecendo uma manutenção da umidade do solo, o que pode contribuir para o menor impacto nas fases iniciais dos cultivos da safra de grãos, caso ocorra chuvas abaixo da média, principalmente no mês de outubro.

Em relação à temperatura média do ar, há previsão de temperaturas ligeiramente dentro ou acima da média climatológica em praticamente todo o país, principalmente em áreas do Matopiba nos meses de setembro e outubro. Já em grande parte das regiões Sudeste e Sul, com exceção de áreas do oeste de São Paulo e norte do Paraná, há previsão de temperaturas dentro ou ligeiramente abaixo da média.

Mais detalhes sobre o prognóstico e o monitoramento climático podem ser vistos na opção clima do menu principal do site do Inmet, https://portal. inmet.gov.br.

ANÁLISE CLIMÁTICA DE SETEMBRO

Em setembro de 2022, os maiores acumulados de chuva foram registrados principalmente entre Paraná e Santa Catarina, com acumulados que ultrapassaram 200 mm, além de áreas do noroeste do Amazonas. Em áreas do Brasil Central, depois de mais de 100 dias sem chuva, foram registrados acumulados de chuva que ultrapassaram 20 mm, mas que tem mantido os níveis de água no solo baixos.

Na Região Norte, os maiores acumulados de chuva foram superiores a 150 mm, principalmente em áreas do noroeste da região, mantendo os níveis de armazenamento de água no solo elevados. Nas demais áreas, os acumulados de chuva foram inferiores a 70 mm, e impactaram negativamente os níveis de água no solo, principalmente em grande parte do Pará e Tocantins.

Na Região Nordeste, os acumulados de chuva foram inferiores a 100 mm, e concentraram-se na costa leste da região, favorecendo o armazenamento de água no solo e as lavouras em desenvolvimento na região do Sealba, como o milho terceira safra, com exceção de áreas localizadas mais no interior da Bahia, onde houve redução do armazenamento hídrico por conta da diminuição das chuvas. Nas demais áreas da região, os volumes de chuva foram inferiores a 20 mm, reduzindo os níveis de água no solo.

Na Região Centro-Oeste, foram registrados maiores volumes de chuva em grande parte do Mato Grosso do Sul, com acumulados que ultrapassaram 120 mm em áreas do sul do estado, mantendo os níveis de água no solo elevados e beneficiando as culturas de inverno na região, além de estabelecer boas condições para o início da nova safra de verão. Nas demais área houve o início gradual das chuvas, depois de mais de 100 dias sem chuva em várias localidades da região, porém os níveis de água no solo continuam baixos.

Os maiores acumulados de chuva na Região Sudeste foram observados no sul e oeste de São Paulo e Rio de Janeiro, com valores acima de 120 mm, mantendo o armazenamento de água no solo elevado, importante para o início da safra de verão nessas áreas. Em áreas do norte de Minas Gerais e Espírito Santo não foram registrados acumulados de chuva, o que provocou ainda mais a redução do armazenamento de água no solo. Nas demais áreas, os volumes de chuva ficaram entre 40 mm e 120 mm, causando um ligeiro aumento dos níveis de água no solo.

Na Região Sul, foram registrados volumes de chuva em toda a região, com acumulados que ultrapassaram 150 mm principalmente no Paraná e norte de Santa Catarina, favorecendo os cultivos de inverno que se encontravam em fases reprodutivas, além da semeadura dos cultivos de verão. Nas demais áreas, os volumes de chuva foram inferiores a 120 mm, o que mantiveram os níveis de água no solo e permitiram o início do plantio da soja nessas áreas.

Em setembro também ocorreu a redução nas temperaturas em grande parte da Região Centro-Sul, principalmente nos estados da Região Sul, que registrou a ocorrência de geadas de intensidade fraca a forte. Entretanto, a maioria das culturas de inverno que se encontravam nas áreas atingidas pela geada estavam em desenvolvimento vegetativo, não sendo observados danos significativos às culturas nessas regiões.

Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira de grãos – v.1, n.1 (2013-) – Brasília : Conab, 2013- v, publicado em 06/10/22.

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