ANÁLISE CLIMÁTICA DE FEVEREIRO

Em fevereiro de 2023, os maiores acumulados de chuva continuaram sobre a Região Norte e em grande parte do Centro-Sul, com volumes que ultrapassaram 300 mm, contribuindo para a manutenção dos níveis de água no solo, para o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra e para a implantação das culturas de segunda safra. Já no Rio Grande do Sul, Roraima e na costa leste da Região Nordeste, os volumes de chuva foram inferiores a 120 mm, ainda menores que 40 mm em áreas entre Sergipe, Alagoas e Pernambuco e entre o norte de Minas Gerais e centro-sul da Bahia. Esses baixos acumulados impactaram negativamente o armazenamento de água no solo, causando restrição hídrica às lavouras, principalmente, em áreas do Rio Grande do Sul, norte de Minas Gerais e de parte da Bahia.

Na Região Norte foram observados grandes acumulados de chuva que ultrapassaram 400 mm em áreas do noroeste e nordeste do Amazonas e do nordeste do Pará, mantendo os níveis de água no solo elevados. Em Roraima, os volumes foram inferiores a 150 mm, causando redução do armazenamento de água no solo. Já no extremo-sul de Tocantins, foram observados acumulados de chuva menores que 200 mm, porém os níveis de água no solo continuaram satisfatórios e favoreceram os cultivos de primeira safra em frutificação e de segunda no início do desenvolvimento.

Na Região Nordeste, os maiores volumes de chuva foram registrados em grande parte do Maranhão, além de áreas do norte do Piauí e Ceará, com acumulados variando entre 120 mm e 400 mm, mantendo bons níveis de água no solo e favorecendo o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra. Nas demais áreas do Matopiba, os volumes foram inferiores a 150 mm, porém foram suficientes para atender a demanda hídrica das culturas na maior parte da região, além de favorecer o início da colheita da soja. Já na costa leste da região, os volumes foram menores que 120 mm, sendo ainda menores em áreas do centro-sul e centro-norte baiano e entre Sergipe, Alagoas e Pernambuco, causando redução do armazenamento de água no solo.

Na Região Centro-Oeste, com exceção de áreas do nordeste de Goiás e no Distrito Federal, foram registrados acumulados de chuva maiores que 150 mm. Em áreas do norte de Mato Grosso e sul de Goiás e Mato Grosso do Sul os valores foram superiores a 300 mm, mantendo o armazenamento de água no solo em grande parte das áreas produtivas e favorecendo o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra, além do início do desenvolvimento dos cultivos de segunda safra. Entretanto, foram observados danos pontuais por excesso de chuvas, principalmente em áreas de soja que se encontravam em maturação e colheita.

Na Região Sudeste foram registrados volumes de chuva acima de 150 mm em áreas do sul da região, enquanto em áreas do litoral e oeste de São Paulo os valores ultrapassaram 300 mm. Os altos acumulados de chuva foram responsáveis pela manutenção dos níveis de água no solo elevados, favorecendo o enchimento de grãos dos cultivos de primeira safra e o estabelecimento dos cultivos de segunda. Porém, assim como no Centro-Oeste, o excesso de chuvas intensas provocou perdas pontuais às lavouras, além de interromper as operações de colheita dos cultivos de primeira safra.

Na Região Sul, por sua vez, os volumes de chuva observados foram maiores que 200 mm e se concentraram em grande parte do Paraná e leste de Santa Catarina, mantendo a umidade no solo. Já no Rio Grande do Sul, a distribuição de chuvas foi irregular, e os volumes foram inferiores a 150 mm, além de terem sido registradas altas temperaturas, mantendo os níveis de água no solo baixos e as culturas sob restrição hídrica, principalmente, as que se encontravam em enchimento de grãos, como parte da soja e do milho primeira safra.

Os grandes volumes de chuva registrados durante fevereiro, associados à alta nebulosidade, fizeram com que as temperaturas ficassem dentro ou ligeiramente abaixo da média, principalmente em áreas da Região Norte, Brasil Central e norte da Região Sul. Já no Rio Grande do Sul, as chuvas irregulares e os dias mais ensolarados ocasionaram aumento da temperatura, especialmente em áreas ao sul do estado, além de serem observados eventos de ondas de calor e valores de temperatura máxima superiores a 39 °C, principalmente na primeira quinzena do mês.

CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA

Na figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) entre os dias 29 de janeiro e 25 de fevereiro de 2023. Na parte Central do Pacífico Equatorial houve predomínio de anomalias ligeiramente negativas, chegando a valores de até -1 °C, indicando ainda a persistência de temperaturas mais frias nessa região. Entretanto, na costa oeste da América do Sul, os valores de TSM no Oceano Pacífico já apresentam anomalias positivas de até 1 °C, mostrando aquecimento das águas na região. Considerando a região do Niño 3.4 (área entre 170°W e 120°W), a anomalia média de TSM durante fevereiro permaneceu negativa, porém com tendência de aumento durante todo o mês, com valores de anomalia chegando a -0,44 °C.

A análise do modelo de previsão do El Niño – Oscilação Sul (ENOS), realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), indica que a transição das condições de La Niña para neutralidade deve ocorrer entre o final da estação de verão e os meses outono, com uma probabilidade de 94%.



PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO DE MARÇO, ABRIL E MAIO DE 2023

As previsões climáticas para os próximos três meses, segundo o modelo do Inmet, são mostradas na figura abaixo. Em grande parte das Regiões Norte e Nordeste, o modelo continua indicando chuvas dentro ou acima da média climatológica, incluindo áreas do Matopiba e Sealba. Esta condição poderá auxiliar a manutenção da umidade no solo e beneficiar as culturas de primeira safra na região, além do estabelecimento dos cultivos de segunda safra, como o milho e feijão.

Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, as condições climáticas observadas têm sido favoráveis para o bom desenvolvimento dos cultivos de primeira safra em grande parte das áreas produtoras. Para os próximos meses, no Centro-Oeste, com exceção do Mato Grosso do Sul, áreas do extremo-norte do Mato Grosso e noroeste de Goiás, o modelo indica chuvas dentro ou acima da média climatológica, principalmente em março, o que poderá favorecer a manutenção dos níveis de água no solo e beneficiar o estabelecimento dos cultivos de segunda safra. Já no Sudeste, a previsão é de chuvas dentro ou ligeiramente abaixo da média em grande parte da região, com exceção da divisa entre Minas Gerais, Espírito Santo e norte do Rio de Janeiro, onde as chuvas podem ocorrer próximas e ligeiramente acima da média. A previsão de chuvas ligeiramente abaixo da média pode beneficiar as fases finais dos cultivos de soja e milho primeira safra, porém deverá afetar negativamente os níveis de água no solo, principalmente em abril e maio.

A redução das chuvas, que foi observada nos últimos meses em grande parte da Região Sul, em especial no Rio Grande do Sul, foi causada principalmente pela persistência do fenômeno La Niña, o que causou restrição hídrica aos cultivos de primeira safra que se encontravam em estádios fenológicos mais sensíveis. Considerando o prognóstico climático, há previsão de chuvas dentro ou ligeiramente acima da média em áreas centrais do Rio Grande do Sul, principalmente em março, enquanto nas demais áreas do estado as chuvas poderão ainda continuar abaixo da média, impactando negativamente os níveis de água no solo. No Paraná e em Santa Catarina, o modelo indica chuvas abaixo da média, porém mesmo que isso realmente ocorra, os níveis de água no solo ainda deverão continuar altos, devido principalmente aos altos volumes de chuva que foram observados nos últimos meses, o que poderá beneficiar o estabelecimento dos cultivos de segunda safra e às fases finais dos cultivos de primeira safra.

Em relação à temperatura média do ar, o modelo indica que nos próximos três meses as temperaturas podem ficar dentro ou acima da média climatológica em grande parte do país, principalmente em áreas do Brasil Central e na Região Sul. Já na faixa norte da Região Nordeste, as temperaturas podem ficar dentro ou ligeiramente abaixo da média, sendo causadas especialmente devido à alta nebulosidade e aos acumulados de chuva acima da média previstos no trimestre.

Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do site do Inmet.

Fonte: 6º Levantamento da Safra de Grãos 2022/2023 – Conab



 

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