Vendedores de soja brasileiros encerram 2024 registrando renda menor. A área cultivada cresceu neste ano, mas a produtividade caiu em importantes regiões, o que resultou em queda na produção nacional. Mesmo nesse ambiente, os preços recuaram, já que a produção mundial aumentou mais que a demanda, elevando a relação estoque/consumo. A situação só não foi pior porque houve aumento na demanda por óleo de soja, visando a produção de biodiesel.
Em termos gerais, os preços da soja no Brasil cederam em janeiro, em fevereiro e em agosto e registraram recuperações nos demais meses. Com isso, o valor médio de dezembro/24 da soja ficou em linha com o nominal de dezembro/23, mas o de 2024 ficou bem abaixo do de 2023. Inclusive, as médias anuais dos Indicadores da soja ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ – Paraná foram as menores desde 2019, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de dez/24), a R$ 140,09/sc e a R$ 135,71/sc de 60 kg, com respectivas quedas de 12,7% e de 11,2% frente às de 2023. O dólar teve valor médio de R$ 5,3869 em 2024, sendo 7,8% acima do de 2023.
A produção global de soja somou 394,87 milhões de toneladas na safra 2023/24, um recorde, e 4,42% superior à temporada 2022/23, de acordo com o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). A América do Sul foi responsável por 55% da oferta mundial. Apesar de a produção brasileira ter caído 5,6%, para 153 milhões de toneladas, a oferta da Argentina cresceu expressivos 92,8%, mais que compensando as perdas brasileiras. Também foram registrados crescimentos nas ofertas da China (2,7%), do Paraguai (7,3%) e do Canadá (6,7%). Nos Estados Unidos, houve redução de 2,5% e na Índia, de 4,3%. Outros países elevaram a oferta em 16,7%.
Ainda de acordo com o USDA, os embarques de soja nos EUA somaram 46,12 milhões de toneladas de (setembro/23 a agosto/24), a quantidade mais baixa desse a temporada 2019/20. A partir do segundo semestre, os preços norte-americanos foram pressionados, diante da entrada da safra 2024/25 (121,42 milhões de toneladas) e da valorização do dólar frente a uma cesta de moedas, o que desfavoreceu as negociações dos Estados Unidos.
O contrato de primeiro vencimento da soja, negociado na CME Group (Bolsa de Chicago), passou a operar abaixo de US$ 10,00/bushel a partir de agosto, cenário que não era visto desde setembro/20. A média de 2024 foi de US$ 11,0163/bushel (US$ 24,29/sc de 60 kg), queda de 22% em relação à de 2023.
Neste ambiente, os prêmios de exportação de soja em grão subiram 2024, compensando as quedas nos preços futuros. Esse movimento foi resultado também da firme demanda pela soja brasileira.
No Brasil, as exportações de soja em grão em 2024 somaram 98,81 milhões de toneladas, 3% abaixo da quantidade escoada em 2023, de acordo com a Secex. Os envios à China (principal destino do grão nacional) caíram 2,6%, somando 72,56 milhões de toneladas neste ano. O segundo principal destino da soja brasileira foi a Espanha, que adquiriu volume recorde do Brasil, de 4,18 milhões de toneladas, 53,1% a mais que em 2023.
ÓLEO DE SOJA – Os preços do óleo de soja avançaram em praticamente todo o ano de 2024 (a exceção foi dezembro), influenciados pelos prêmios de exportação e pela firme demanda doméstica, sobretudo pelas indústrias de biodiesel – vale lembrar que a mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel passou de B12 (12%) para B14 (14%) em março de 2024.
Do volume produzido no Brasil na temporada 2023/24 (10,94 milhões de toneladas), 9,45 milhões de toneladas foram consumidos internamente, segundo o USDA, sendo 56,1% pelo setor industrial e 43,9% pelo alimentício. Segundo a Secex, em 2024 (de janeiro a novembro), os embarques de óleo de soja somaram apenas 1,23 milhão de toneladas, a menor quantidade desde 2020 (928,66 mil toneladas).
O óleo de soja negociado na região de São Paulo (com 12% de ICMS incluso) se valorizou 3,7% entre 2023 e 2024, com média anual de R$ 6.163,13/tonelada, a maior desde 2022, em termos reais. Já na CME Group, o contrato de primeiro do óleo de soja recuou 23% de 2023 para 2024, com média anual de US$ 0,4439/lp (US$ 978,66/t).
FARELO DE SOJA – Em 2024, o mercado de farelo de soja enfrentou desafios significativos. Mas, apesar da recuperação da produção na Argentina, o Brasil exportou 23,14 milhões de toneladas de farelo em 2024, um recorde, de acordo com a Secex.
Boa parte dos consumidores domésticos esteve cautelosa em 2024, devido às expectativas de maior excedente de farelo, uma vez que a firme demanda por óleo de soja elevou o esmagamento de grãos.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o preço anual do farelo caiu 16,8% entre 2023 e 2024, em termos reais. Na CME Group, a desvalorização do primeiro vencimento foi de 23,4% entre as médias de 2023 e de 2024, a US$ 334,76/tonelada curta (US$ 369,00/t).
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Fonte: Cepea