Os preços e os prêmios de exportação do óleo de soja subiram no Brasil em julho, impulsionados pela maior demanda, sobretudo de indústrias domésticas de biodiesel. O maior interesse comprador tende a absorver parcela da produção doméstica de óleo de soja nesta temporada, reduzindo o excedente exportável.
De acordo com relatório do USDA divulgado em julho, a produção brasileira de óleo de soja deve ser recorde, tanto na safra 2023/24 (de outubro/23 a setembro/24) quanto na 2024/25 (de outubro/24 a setembro/25), ambas projetadas em 10,8 milhões de toneladas. Deste total, 9,15 milhões de toneladas devem ser consumidas pelo mercado doméstico na safra atual e 9,52 milhões de toneladas na 2024/25.
Vale ressaltar que 54,6% do consumo interno deve ser destinado à produção industrial em 2023/24 e 55,64%, na temporada 2024/25. De acordo com a ANP, a produção de biodiesel foi recorde em 2023, com potencial de ser ainda maior neste ano. O consumo de óleo de soja pelas indústrias alimentícias é projetado em volume recorde em ambas as safras, o que pode acirrar a disputa pelo coproduto nacional.
Com base no porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação do óleo de soja para embarque em agosto/24 passou de -4,40 centavos de dólar/libra-peso na ponta compradora, no dia 1º de julho, para -1,5 centavo de dólar/libra-peso no dia 31. Na ponta vendedora, os prêmios saíram de -2 centavos de dólar/libra-peso para -0,5 centavo de dólar/librapeso. Vale lembrar que, em 30 de julho de 2023, o prêmio de exportação do óleo de soja havia sido negociado a -19 centavos de dólar/libra-peso.
Diante disso, levantamento do Cepea mostra que o preço do óleo de soja posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS, subiu expressivos 9% entre as médias de junho e de julho, indo para R$ 6.056,37/t no último mês – o maior valor desde fev/23, em termos reais (IGP-DI, de Jul/24). No comparativo anual, o aumento foi de fortes 15,2%, também em termos reais.
Com a firme demanda por óleo de soja, indústrias tendem a elevar o esmagamento de farelo de soja, resultando maior excedente desse subproduto, o que, por sua vez, gera maior desafio para as esmagadoras escoarem o derivado.
Além disso, boa parte dos consumidores adquiriu pequenos lotes de farelo de soja, basicamente para completar os estoques, à espera de preços mais atrativos nos próximos meses. Com isso, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o derivado se desvalorizou 4,4% entre junho e julho. No comparativo anual, a queda foi de 5,7%, em termos reais.
SOJA EM GRÃO
Os preços da soja, por sua vez, oscilaram no decorrer de julho, com baixas prevalecendo na média do mês. A oferta elevada da oleaginosa 2023/24 na América do Sul e as expectativas de que a safra2024/25 seja volumosa no Hemisfério Norte pressionaram as cotações nos mercados doméstico e internacional.
Diante das baixas, sojicultores brasileiros se mostraram reticentes nas negociações de grandes quantidades no spot nacional. Esses agentes também estiveram atentos à forte volatilidade cambial registrada no último mês, o que pode favorecer as vendas nos próximos meses – esse cenário limitou as quedas de preços da oleaginosa.
O dólar se valorizou 2,8% frente ao Real de junho para julho, com a média passando para R$ 5,55, a maior desde dezembro/21. Em relação a julho/23, a alta foi de expressivos 15,5%.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, de junho para julho, os preços da oleaginosa caíram 0,4% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e 0,3% no de lotes (negociações entre empresas). Em um ano, as baixas são de respectivos 4,3% e 2,5%.
O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná recuou 0,4% no comparativo mensal e5,9% no anual (em termos reais), a R$ 133,50/saca de 60 kg no último mês. Para o Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá, as quedas foram de 0,6% de junho para julho e de 9% sobre julho/23, com média deR$ 138,09/sc de 60 kg.
FRONT EXTERNO
Os futuros da soja e do farelo de soja recuaram em julho, refletindo a baixa demanda pela oleaginosa nos Estados Unidos e as condições climáticas satisfatórias às lavouras da safra 2024/25. Relatório de inspeção e exportação do USDA divulgado no dia 1º de agosto mostra que, na parcial desta temporada (de setembro/23 a 1º de agosto/24), as exportações dos EUA caíram 15,31% frente a igual intervalo da safra passada.
Com isso, na CME Group (Bolsa de Chicago), os primeiros vencimentos da soja e do farelo de soja se desvalorizaram 4,8% e 1,6%, em relação a junho, com respectivas médias de US$ 11,1616/bushel (US$ 24,61/sc de60 kg) e de US$ 356,73/tonelada curta (US$ 393,23/t) em julho.
Já o contrato de primeiro vencimento do óleo de soja subiu fortes 5,9%, aUS$ 0,4628/lp (US$ 1.020,27/t). Além da recompra de contratos, após a expressiva baixa no mês anterior, a firme demanda para a produção de biodiesel nos EUA, também, deu suporte aos futuros.
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Fonte: CEPEA