Os preços do algodão em pluma estiveram predominantemente em alta ao longo de julho. A média do mês é a maior desde mar/24, em termos reais (IGP-DI de junho/24). De modo geral, o suporte dos altos patamares vem da oferta ainda restrita no spot nacional, reforçada pela posição firme de grande parte dos vendedores, que seguem focados no cumprimento dos contratos a termo para o mercado interno e para exportação, principalmente.
Já os períodos de baixa foram influenciados pela maior flexibilidade de alguns vendedores, na tentativa de liquidar lotes da temporada 2022/23 e/ou para captar recursos no curto prazo. Além disso, os valores internacionais também enfraquecidos reforçaram a pressão sobre as cotações domésticas.
Com o avanço da colheita e do beneficiamento, lotes da nova temporada já começaram a ser comercializados; porém, players aguardam a intensificação das atividades. Segundo colaboradores do Cepea, há relatos de que boa parte do produto deste início da safra 2023/24 que é disponibilizada no mercado tem alguma qualidade intrínseca inferior às desejadas por compradores, apresentando, especialmente, micronaire elevado.
Entre 28 de junho e 31 de julho, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu 2,67%, fechando a R$ 4,0757/lp no dia 31. A média do Indicador em julho ficou 3,6% acima da paridade de exportação.
A média mensal do Indicador, de R$ 4,0793/lp, supera em 3,76% a de junho/24 e em 3,10% a de julho/23, em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI de junho/24). Além disso, é a maior desde mar/24, quando chegou a R$ 4,3019/lp, também em termos reais. Ainda, em julho, a média do Indicador à vista, de US$ 0,7340/lp, esteve 6,6% acima da do primeiro vencimento na Bolsa de Nova York (ICE Futures), de US$ 0,6886/lp, mas 10% abaixo da média do Índice Cotlook A (US$ 0,8153/lp).
MERCADO INTERNACIONAL
Cálculos do Cepea apontam que a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) caiu 5,7% entre 28 de junho e 31 de julho, para R$ 3,9165/lp (US$ 0,6917/lp) no porto de Santos (SP) e para R$ 3,9271/lp (US$ 0,6936/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 31. Ainda, em julho, houve retração de 6,85% do Índice Cotlook A, para US$ 0,7960/lp no dia 31. Já o dólar se valorizou 1,32% frente ao Real no mesmo período, a R$ 5,662 no dia 31.
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), de 28 de junho a 31 de julho, o vencimento Out/24 se desvalorizou 5,56%, para US$ 0,6798/lp no dia 31; o Dez/24 caiu 5,09%, a US$ 0,6899/lp; o Mar/25 recuou 4,96%, a US$ 0,7067/lp e o contrato Mai/25 teve retração de 4,97%, para US$ 0,7193/lp.
EXPORTAÇÃO
Os preços do algodão em pluma para exportação estiveram acima dos praticados no mercado doméstico ao longo de praticamente toda a safra 2022/23, que se encerra em julho, favorecendo os embarques brasileiros. Em julho, o valor médio da pluma exportada foi de R$ 4,6741/lp (US$ 0,8427/lp), 14,6% superior ao do Indicador CEPEA/ESALQ, de R$ 4,0793/lp – agosto/23 foi o único mês desta temporada com menor remuneração externa (-0,7%).
Dados da Secex mostram que, em 20 dias úteis de julho, as exportações brasileiras somaram 155,7 mil toneladas, volume significativamente maior (+114,4%) que o escoado em todo o mês do ano passado (72,6 mil toneladas), mas 2,9% menor que o de junho/24 (160,4 mil toneladas).
Na safra 2022/23 (de agosto/23 até a parcial de julho/24), o Brasil já escoou 2,67 milhões de toneladas, expressivos 84,2% acima da quantidade embarcada no total da temporada 2021/22 (de agosto/22 a julho/23), de 1,45 milhão de toneladas. Ao se considerar o ano civil (de janeiro a julho/24), foram 1,55 milhão de toneladas enviadas ao exterior, apenas 4,3% inferior ao volume embarcado em 2023.
COMERCIALIZAÇÃO
Segundo registros de negócios da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM) tabulados pelo Cepea, até julho, do total da temporada 2022/23, foram registradas 1,4 milhão de toneladas, equivalentes a 44,2% da produção nacional estimada, sendo 50,8% para o mercado interno; 40% para o externo; e 9,2% para contratos flex (exportação com opção para mercado interno).
Já para a temporada 2023/24, também até julho, 880,3 mil toneladas foram comercializadas; assim, ao menos 24,2% da safra brasileira já estaria comprometida, sendo 392,5 mil toneladas para o mercado interno; 387,6 mil toneladas para o externo; e 100,2 mil toneladas para contratos flex.
Para Mato Grosso, dados divulgados no dia 8 de julho pelo Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) apontam que 98,07% da temporada 2022/23 já foi comercializada no estado. Para a próxima safra, o Instituto indica que a comercialização está em 63,92% em Mato Grosso.
USDA
Segundo relatório divulgado no dia 12 de julho, na temporada 2023/24, o Brasil deve ser o maior exportador mundial de pluma pela primeira vez na história, chegando a 2,7 milhões de toneladas de agosto/23 a julho/24 e ultrapassando os Estados Unidos, país que ocupava essa posição desde a safra 1993/94.
Para o Departamento, esse cenário foi influenciado pela produção brasileira que mais que dobrou nos últimos sete anos, atingindo recorde na temporada, favorecida pelo aumento no rendimento, devido à evolução tecnológica, como sementes geneticamente modificadas, e ao aumento de área. O Brasil também se beneficia de uma moeda mais fraca, que contribui para que as exportações sejam mais acessíveis no mercado global frente a outros países.
CAROÇO DE ALGODÃO
Ainda que o ritmo de comercialização de caroço de algodão esteja limitado, houve leve aumento da disponibilidade do produto com o avanço da colheita e do beneficiamento.
Levantamento do Cepea mostra que a cotação média do caroço no mercado spot em julho/24 foi de R$ 663,54/t em Primavera do Leste (MT), baixa de 9,5% em relação à do mês anterior e de fortes 27,7% sobre a de julho/23 (R$ 917,30/t), em termos reais – deflacionamento também pelo IGP-DI de junho/24.
Em Lucas do Rio Verde (MT), a média recuou 10,1% na comparação mensal e 28,8% na anual, para R$ 517,06/t em julho/24. Em Campo Novo do Parecis (MT), a média está em R$ 574,06/t, respectivas quedas de 5,8% e de 31,6%. Em Barreiras (BA), a média está em R$ 842,13/t, retrações de 1,7% frente a junho/24 e de 26,3% em relação à de julho/23. Em São Paulo (SP), houve baixas de 1,2% no mês e de 19% no ano, com a média passando para R$ 1.159,67/t em julho/24.
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Fonte: CEPEA