As cotações da soja, em Chicago, subiram nesta semana, voltando a ultrapassar os US$ 14,00/bushel, puxadas pela informação de que a Rússia não iria mais cumprir o acordo de exportação feito com a Ucrânia, assim como diante da forte elevação nos preços do óleo de soja. O fechamento desta quinta-feira (03/11) ficou em US$ 14,26/bushel, após ter chegado a US$ 14,40 na véspera, contra US$ 13,82 uma semana antes. A média de outubro ficou em US$ 13,81/bushel, contra US$ 14,60 no mês de setembro, o que representa um recuo de 5,4% entre os dois meses. Para comparação, a média de outubro de 2021, foi de US$ 12,30/bushel. Ou seja, em relação há um ano atrás, o bushel de soja está valorizado em US$ 1,51.

Por outro lado, a colheita da soja, nos EUA, chegava a 88% da área, no dia 30/10, contra 78% na média histórica para esta data. Já os embarques de soja estadunidenses, na semana encerrada em 31/10, somaram 2,57 milhões de toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado. Mesmo assim, em relação ao mesmo período do ano anterior, o acumulado do ano comercial está 10% menor, com 10,2 milhões de toneladas. Do volume exportado nesta semana, 49% foi embarcado pelos portos do Golfo.

Já na União Europeia, as importações de soja, no ano 2022/23, que se iniciou em 1º de julho naquela região, somam 3,66 milhões de toneladas até o dia 30/10, contra 4,09 milhões em igual período do ano anterior. O Brasil é o principal fornecedor da oleaginosa ao bloco europeu, ao responder por 45,7% do grão exportado à União Europeia nesta safra, o que corresponde a cerca de 1,67 milhão de toneladas. O Brasil também lidera o fornecimento de farelo de soja para a União, à frente da Argentina que é a maior exportadora global do produto. Por outro lado, as compras de colza/canola pela União Europeia atingiram a 2,28 milhões de toneladas, contra 1,71 milhão de toneladas um ano antes. Ao mesmo tempo, as importações de farelo de soja, no mesmo período, totalizaram 5,34 milhões de toneladas contra 5,41 milhões de toneladas na temporada anterior, enquanto as aquisições de óleo de palma ficaram em 1,16 milhão de toneladas contra 1,95 milhão de toneladas em igual intervalo de 2021/22. Enfim, as importações de óleo de girassol pela União Europeia, que em sua maioria vêm da Ucrânia, foram de 559.487 toneladas, em comparação com 551.588 toneladas um ano antes. (cf. Comissão Europeia)

Outra informação relevante, neste contexto de mercado, está no fato de que a Rússia, depois de anunciar que deixaria o acordo de exportação de grãos, especialmente trigo e milho, feito com a Ucrânia meses atrás, fato que causou uma forte alta nos preços do cereal e outros grãos no início da semana, voltou atrás e disse que renovará sua participação no acordo. Este fato segurou as altas da soja no final da semana.

Dito isso, no Brasil os preços pouco se alteraram. As elevações em Chicago foram compensadas pela revalorização do Real, após as eleições do dia 30/10, tendo a moeda estadunidense chegado a R$ 5,10 por dólar no início do pregão da quinta-feira (03). Assim, o saco de soja, no Rio Grande do Sul, fechou a semana na média de R$ 174,65, enquanto as principais praças gaúchas ficaram em R$ 172,00. Já no restante do país, o produto oscilou entre R$ 159,00 e R$ 174,00/saco.

O bom andamento do plantio da nova safra igualmente segura os preços internos, já que o país atingia a 53,3% de área semeada em 28/10, para o ano 2022/23, contra 39,8% na média histórica. (cf. Pátria Agronegócios) Neste contexto, o Mato Grosso atingia a 83,4% de sua área esperada, que é de 11,8 milhões de hectares. Este plantio mais acelerado naquele Estado pode representar uma janela climática mais favorável para o milho da segunda safra, plantado após a colheita da oleaginosa. (cf. Imea)

Por sua vez, no Paraná o plantio atingia a 67% da área até o dia 1º de novembro, sendo este um pouco superior à média recente. O referido Estado espera semear um total de 5,7 milhões de hectares de soja. Neste momento, 95% das lavouras de soja paranaenses estão em boas condições. Em milho de verão, o plantio do Paraná atingia a 91% da área no início da presente semana, enquanto a colheita de trigo atingia a 72% da área semeada.

Neste quadro, novas projeções de safra dão conta de que a colheita de soja no Brasil, no início do próximo ano, poderá resultar em 154,4 milhões de toneladas, ou seja, 3 milhões a mais daquilo que vinha sendo projetado. Ao mesmo tempo, as exportações da oleaginosa poderão recuar 4 milhões de toneladas devido a menor demanda chinesa. Assim, para se atingir este novo número de produção, a área semeada global do país terá que superar os 43 milhões de hectares. Apesar das expectativas positivas, os próximos meses serão decisivos para definir o tamanho da safra de soja no Brasil, já que o fenômeno La Niña tende a se fazer presente pelo terceiro ano consecutivo. (cf. Stone X)

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



 

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