Considerada uma doença de final de ciclo da soja, a antracnose é uma doença fúngica causada pelo fungo Colletotrichum truncatum, e pode afetar a fase inicial da formação de vagens, sendo favorecida por condições de elevadas precipitações e altas temperaturas (Grigolli, 2015).
Sementes infectadas podem ser a origem a doença na lavoura. Quando sementes infectadas são utilizadas para a semeadura da soja, dão origem a plântulas infectadas que podem morrer durante a germinação ou germinar com necrose nos cotilédones que se estende para o hipocótilo e radícula, provocando tombamento da plântula e reduzindo o estande de plantas (Agro Bayer Brasil).
Figura 1. Plântulas de soja infectada por Colletotrichum truncatum.
Além de sementes infectadas, o fungo pode sobreviver em resíduos culturais e plantas hospedeiras, sendo assim, práticas como a rotação de cultura e controle de plantas daninhas são de fundamental importante para em conjunto com o uso de sementes certificadas (livres do fungo) reduzir a incidência da doença na cultura da soja.
Conforme destacado por Henning et al. (2014), além do tombamento de plântulas os sintomas da doença incluem manchas negras nas nervuras das folhas, hastes e legumes, podendo haver queda total de legumes e/ou deterioração de sementes em casos em que há condições favoráveis ao desenvolvimento da doença e atraso na colheita da soja.
Figura 2. Sintomas de antracnose em cotilédones e folhas de soja.
As vagens infectadas nos estádios R3-R4 adquirem coloração castanho-escura a negra e ficam retorcidas; nas vagens em granação, as lesões iniciam-se por estrias de anasarca e evoluem para manchas negras (Henning et al., 2014).
Figura 3. Sintoma de antracnose em legumes de soja.
Em casos em que a infecção já é observada nos legumes de soja, o atraso da colheita em conjunto a condições favoráveis ao desenvolvimento da doença pode resultar em depreciação dos grãos e consequentemente redução da produtividade e qualidade da soja produzida.
Figura 4. Grãos de soja com antracnose.
Tendo em vista o potencial da doença em causar danos, seu manejo deve ser eficiente visando reduzir a incidência na antracnose na cultura da soja. Dentre as possíveis estratégias para melhor manejo da doença podemos citar o uso de cultivares menos susceptíveis, o uso de sementes certificadas, o tratamento de sementes do fungicidas e o adequado posicionamento de fungicidas durante o ciclo de desenvolvimento da cultura.
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Com relação ao uso de fungicidas para parte aérea da soja, deve-se priorizar o uso de fungicidas registrados para o controle da antracnose na cultura, dando atenção especial para áreas com histórico de ocorrência da doença, atuando de forma preventiva. Tendo em vista que o plantio direto se baseia principalmente na cobertura do solo com resíduos culturais (palhada), a eliminação desses resíduos nem sempre é possível para reduzir a pressão de inoculo da doença, entretanto, a eliminação de plantas daninhas e hospedeiras do fungo seja na safra ou entressafra exerce papel fundamental na redução da incidência da antracnose em soja.
Referências:
AGRO BAYER BRASIL. ANTRACNOSE (Colletotrichum truncatum). Disponível em: < https://www.agro.bayer.com.br/essenciais-do-campo/alvos-e-culturas/doencas/antracnose >, acesso em: 15/03/2021.
GRIGOLLI, J. F. J. MANEJO DE DOENÇAS NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2014/2015, 2015. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/216/216/newarchive-216.pdf >, acesso em: 15/03/2021.
HENNING, A. A. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, 2014. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/991687/manual-de-identificacao-de-doencas-de-soja >, acesso em: 15/03/2021.