Os preços de milho apresentaram comportamentos distintos em maio. No início do mês, as cotações foram impulsionadas pelas incertezas quanto ao desenvolvimento das lavouras de segunda safra, em função da irregularidade das chuvas nas principais regiões produtoras. Esse ambiente de preocupações no campo refletiu em menor interesse de negociação por parte do produtor. Além disso, compradores relataram a necessidade de recompor estoques no curto prazo.

O movimento de alta nos preços perdeu força na segunda quinzena de maio. O mês se encerrou com algumas regiões iniciando a colheita do milho segunda safra e, assim, compradores pressionaram as cotações e postergaram a negociação de grandes lotes.

Outro fator de pressão sobre os valores na segunda quinzena do mês foi a queda nas intenções de compra nos portos, pois, até meados de maio, alguns chegaram a sinalizar R$ 51,00/sc e, nos últimos dias do mês, passou para R$ 45,00/sc. A queda do dólar frente ao Real influenciou este cenário. A moeda norte americana caiu 2% no acumulado do mês, fechando a R$ 5,34 na sexta-feira, 29. Neste ambiente, produtores devem priorizar a negociação de novos lotes no mercado interno.

Apesar dessas oscilações, as cotações acumularam alta no mês. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços subiram 2,5% para as negociações entre empresas (mercado disponível) e 3,6% para os valores pagos ao produtor (balcão).

Na região consumidora de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa registrou alta de 3,8% entre 30 de abril e 29 de maio, fechando a R$ 50,19/sc da 60 kg na sexta-feira, 29. Porém, a média do mês foi de R$ 50,12/saca de 60 kg, queda de 5,3% na comparação com a de abril.

Exportação – O ritmo de negócios para exportação permaneceu lento em maio, visto que a prioridade foi o embarque de soja. De acordo com dados da Secex, foram exportadas apenas 24,9 mil toneladas de milho em maio, contra 957,6 mil toneladas há um ano.

Campo – Em Mato Grosso, o relatório do Imea divulgado no dia 29 apontou que cerca de 1,58% da área estadual já foi colhida. Esse total representa aproximadamente metade do que havia sido colhido no mesmo período de 2019, e o atraso é reflexo do plantio tardio nesta temporada.

No Paraná, a colheita teve início em parte das primeiras lavouras das regiões centro-oeste e sudoeste do estado, contando com 2% da área estadual colhida até o dia 1º de junho, segundo o Seab/Deral. Com a irregularidade das chuvas ao longo do desenvolvimento das lavouras, a produtividade das lavouras de milho da segunda safra passou a ser estimada em 4,99 toneladas/ha, queda de 16% em relação à temporada passada.

No estado do Rio Grande do Sul, maiores volumes de chuva foram registrados em maio, amenizando as perdas. A colheita da safra verão está praticamente finalizada, restando apenas cerca de 5% do total, segundo os dados da Emater.

Mercado Internacional – Na Argentina, a falta de chuvas manteve um bom ritmo de colheita durante a maior parte do mês, com impulso nas regiões de Córdoba, Santa Fé e Entre Rios. Segundo relatório da Bolsa de Cereais do dia 27, a colheita alcançou 47,2% da área nacional estimada.

Nos Estados Unidos, a semeadura do milho seguiu em ritmo bom em maio e, até o dia 31, a implantação do cereal havia avançado 67 p.p., chegando a 93% da área estimada para os 18 maiores estados produtores norte-americanos. Destas lavouras, 78% emergiram, frente a 42% no ano anterior.

Já quanto às cotações na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos de milho apresentaram alta volatilidade no mês. Nas primeiras semanas, mesmo com a abertura gradual da economia dos Estados Unidos, os preços do cereal refletiram a ainda baixa demanda por etanol. Já na segunda quinzena do mês, os preços foram influenciados pela sinalização de que a demanda por etanol pode melhorar. Isso porque, de acordo a Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos, a produção média de etanol na penúltima semana de maio foi a maior desde o fim de março, totalizando 724 mil barris.

Diante disso, entre 30 de abril e 29 de maio, o contrato Jul/20 subiu 1,8%, passando para US$ 3,257/bushel (US$ 128,24/t). O contrato Set/20 reagiu 1,07%, passando para US$ 3,3175/bushel (US$ 129,9/t).

Fonte: Cepea

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