Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do trigo, em Chicago, para o primeiro mês cotado, após registrarem leves baixas nesta semana, se recuperaram no dia 23, fechando este dia em US$ 7,17/bushel, contra US$ 7,13 uma semana antes.

Nos EUA, até o dia 19/09, o plantio do trigo de inverno atingia a 21% da área esperada, contra 18% na média histórica nesta época. Por sua vez, os embarques de trigo, na semana encerrada em 16/09, chegaram a 563.390 toneladas, ficando próximos do limite superior esperado pelo mercado. Em todo o ano comercial, iniciado em 1º de junho, o total embarcado chega a 8,66 milhões de toneladas, ou seja, 11% menos do que um ano antes.

Já na Argentina, o Ministério da Agricultura local informou que a comercialização da safra de trigo de 2020/21 ficou em 12,19 milhões de toneladas até o dia 15/09, contra 15,4 milhões em igual data do ano anterior.

Aqui no Brasil, os preços estabilizaram. O balcão gaúcho, na média, fechou a semana em R$ 81,29/saco, enquanto no Paraná os preços oscilaram entre R$ 90,00 e R$ 91,00/saco.

A colheita do trigo ganhou ritmo no sul do Brasil, com 5,5% da área colhida até o dia 18/09, especialmente no Paraná. A mesma está atrasada já que no ano passado, nesta época, ela atingia 18% da área. Com maior oferta entrando, aos poucos, no mercado, os compradores se retiraram esperando preços mais baixos logo adiante. Especialmente porque muitos produtores podem ter necessidade de fazer caixa, acelerando as vendas do trigo novo.

Em sendo assim, o mercado do trigo disponível está com pouca atividade, em especial no Rio Grande do Sul, embora a colheita somente aconteça a partir de fins de outubro no Estado gaúcho. A partir de agora, tanto compradores quanto vendedores esperam a safra nova na região Sul, embora quem ainda tenha estoque da safra velha tente vender seu produto na faixa de R$ 91,20/saco CIF no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, onde se espera a maior safra de trigo da história, quem precisa comprar está recebendo ofertas de trigo gaúcho ao redor de R$ 89,40/saco FOB.

Já no Paraná , os preços da safra velha e safra nova estão igualados ao redor de R$ 96,00/saco, pois houve quebra importante no oeste daquele Estado em particular.

Enfim, estudos da Embrapa estão indicando altas produtividades do trigo irrigado no Cerrado brasileiro. Se isso avançar, espera-se que o Brasil finalmente venha a ser autossuficiente em trigo nos próximos anos. Naquela região o cultivo do cereal se dá em dois sistemas: trigo irrigado e trigo de safrinha. A cultivar de trigo irrigado BRS 264, desenvolvida pela Embrapa e que ocupa 70% da área cultivada com trigo na região, bateu novamente o recorde mundial de produtividade diária: 9.630 quilos/ha, ou seja, 160,5 sacos por hectare, colhidos em Cristalina (GO). Isso foi obtido em uma área de 50,8 hectares sob pivô central de irrigação.

E no Congresso da Abitrigo, realizado no dia 21/09, dentre diversos e importantes temas abordados, viu-se o fato de que o setor tritícola brasileiro é muito pulverizado, com o país possuindo 156 plantas industriais de 120 empresas. Geralmente são pequenas empresas que se dedicam à produção e transformação do cereal, porém, têm enfrentado dificuldades com a rentabilidade nos últimos anos. Um quadro que tende a se alterar nos próximos anos, concentrando mais o processo industrial em mãos de poucas empresas.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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