A área cultivada de soja no estado do Piauí deverá crescer em uma menor proporção na safra 2024/25 se comparada aos últimos anos, de acordo com informações repassadas à Safras News pela Associação Brasileira dos Produtores de Soja no estado (Aprosoja-PI). Em 2023/24, o estado cultivou uma área de 1,087 milhão de hectares, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para o milho, a expectativa é de que a área da 1a safra deva ser mantida ou ficar mais baixa em relação à safra 2023/24 no Piauí, quando foram cultivados 406,1 mil hectares, por conta do atual cenário de margem negativa.

De acordo com o diretor executivo da Aprosoja-PI, Rafael Maschio, a princípio, em função dos preços e do custo ainda elevado, a área de soja deve crescer em torno de 5% em 2024/25, abaixo dos 10% a 15% observados nos últimos anos, seja via abertura de áreas ou ocupando áreas de milho 1a safra.

Rafael destaca que os custos de produção para a soja estão muito próximos aos preços pagos pelo produto, em função, especialmente, da redução das cotações. No caso do milho, os custos estão mais altos frente aos preços praticados no mercado. “Os investimentos, neste cenário, especialmente os novos, acabam sendo mais modestos”, admite. Ele pontua que os produtores se preocupam primeiramente em manter a adimplência com os investimentos já realizados e a pagar. Aqueles que conseguiram “acumular gordura” nos anos de melhor lucratividade são os que ainda podem manter os níveis de investimento.

O executivo sinaliza que a comercialização está atrasada tanto para o cereal quanto para a oleaginosa. O produtor vem buscando cumprir os contratos e pagar seus compromissos, mas o atual patamar de preço, tanto para a soja e especialmente para o milho, não são animadores. Ainda, com a atual situação de custos elevados, não há muita margem para sobrar produção e buscar um preço melhor, mas o produtor que pode vem buscando isso com essa expectativa. A valorização do dólar frente ao real tente a ajudar no avanço da comercialização, mas como os custos, em grande parte, também são “dolarizados” não há margem para muitos ganhos reais (lucratividade).

No que tange a aquisição e entrega de insumos para a próxima safra, Rafael disse que o Piauí ainda caminha para finalizar a safra 2023/2024, com a conclusão da colheita do milho verão (1a safra), avanços da colheita do milho safrinha (2a safra), sorgo, milheto e algodão. Assim, a aquisição também está um pouco atrasada em função desse cenário todo, com o produtor mais cauteloso, mas buscando aproveitar as oportunidades. As entregas, nesse momento, ainda são pontuais, mas devem avançaram nos próximos meses. Nosso plantio (região sul/sudeste) abre no mês de outubro/2024.

O acesso ao crédito está se mostrando mais lento que na safra passada, especialmente em função do atraso ocorrido na divulgação do Plano Safra e de suas expectativas, e muito também em função do alto custo efetivo deste crédito (prática de venda casada com outros penduricalhos pelos bancos). Assim, o produtor tende a buscar outras fontes de financiamento, com custo menor e opção de troca (barter).

Rafael entende que ainda é cedo para se projetar que impactos do clima poderão ser observados na safra 2024/2025, especialmente em termos de expectativa de produtividade/rendimento. O bom estabelecimento das lavouras depende de condições regulares de precipitação durante os meses de outubro, novembro e dezembro (semeadura/plantio), e o potencial produtivo se define somente durante os meses de janeiro/fevereiro de 2025. “Estamos nesta expectativa de transição para uma neutralidade (ENOS) e, posteriormente, consolidação do La-Niña até o final do 2o semestre deste ano, o que pode ser bom para o Nordeste, mas também não é regra. A boa distribuição das precipitações ao longo do ciclo e, especialmente, durante a fase crítica da cultura (florescimento e frutificação/enchimento do grão) é que definirão o rendimento da safra 2024/2025”, sinaliza.

O cenário atual para a soja e o milho, apesar do cenário de custos mais altos, é de confiança por parte dos produtores numa boa safra e na melhora das expectativas de rentabilidade para as culturas. “A Aprosoja-PI segue trabalhando buscando melhorar o ambiente de produção, garantindo a viabilidade e melhorando a competitividade do produtor piauiense, o que é sempre um grande desafio”, conclui.

Autor/Fonte: Arno Baasch / Safras News



 

FONTE

Autor:Arno Baasch/ Safras News

Site: Safras & Mercado

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