O controle de doenças em soja é indispensável para a manutenção do potencial produtivo da cultura e da produtividade dos grãos ou sementes. Estima-se que as perdas anuais de produção de soja em função da ocorrência de doenças varie entre 15% a 20%, entretanto, sabe-se que a nível de lavoura, algumas doenças possuem a capacidade de reduzir em até 100% a produtividade da cultura (Seixas et al., 2020).

Sendo assim, adotar estratégias de manejo que permitam maximizar o controle de doenças, reduzindo as perdas de produtividade é essencial para a obtenção e altas produtividades e para a boa rentabilidade do cultivo. Entretanto, para o manejo eficiente de doenças da cultura da soja é importante considerar e entender o patossistema envolvido, o que remete à forma de sobrevivência dos patógenos, à fonte do inóculo inicial, à(s) forma(s) de disseminação e de infecção, bem como o comportamento epidemiológico, se monocíclico ou policíclico e também se é um patógeno biotrófico, hemibiotrófico ou necrotróficos (Seixas et al., 2022).

De acordo com Seixas et al. (2022), na cultura da soja as principais doenças causadas por patógenos biotróficos são a ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi) e o oídio (Erysiphe diffusa). As principais doenças causadas por patógenos necrotróficos são o crestamento de Cercospora (Cercospora spp.) e a mancha-alvo (Corynespora cassiicola). As doenças causadas por patógenos hemibiotróficos são a antracnose (Colletotrichum spp.) e a mancha-parda (Septoria glycines).

Além disso, é importante entender que algumas dessas doenças apresentam mais de um ciclo ao longo do desenvolvimento da soja, sendo, portanto, consideradas policíclicas. Dessa forma, o inóculo produzido pela doença policíclica infecta outras plantas ou os tecidos saudáveis da planta hospedeira, permitindo a ocorrência de múltiplos ciclos da doença ao longo do cultivo, o que torna necessário intensificar o monitoramento para avaliar a necessidade de controle.

Tabela 1. Classificação das doenças da soja quanto ao tipo de ciclo (monocíclicas e policíclicas).

Tratando dos fungos necrotróficos, por sobreviverem em restos culturais no solo, é possível que esses patógenos já estejam presentes nas áreas de soja, mesmo antes da semeadura da cultura. Em ambientes de cultivo em que culturas de baixa relação C/N antecedem a soja, a pressão de doenças originárias de fungos necrotróficos tende a ser maior em função da maior facilidade de dispersão dos patógenos e infecção na planta.


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A palhada residual serve como uma barreira física, reduzindo o impacto da gota da chuva e consequentemente a dispersão de patógenos do solo, que desencadeiam a infecção na planta, iniciada normalmente no terço inferior (baixeiro). Os respingos de solo, causados pela gota da chuva são alguns dos principais veículos da dispersão de patógenos (figura 2), carregando o fungo do solo para a folha da planta. Nesse sentido, a boa cobertura do solo com abundante palhada, contribui para a redução da proliferação de doenças em soja, especialmente nos estádios iniciais do desenvolvimento da cultura.

Figura 2. Efeito da gota da chuva sobre a dispersão de patógenos em soja. Folhas de soja com solo, proveniente dos respingos de chuva.

Com isso em vista, em áreas cuja cobertura do solo é limitada e/ou nula na pré-semeadura da soja, deve-se destinar atenção especial ao manejo de doenças no estabelecimento da cultura, em especial nos estádios iniciais do desenvolvimento da soja, dando preferência por antecipar algumas aplicações de fungicida, especialmente sob condições de elevada umidade e temperatura amena, condições essas, favoráveis ao desenvolvimento da maioria das doenças fungicidas.

Confira abaixo as dicas do Professor Marcelo Madalosso (Clique na imagem).

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Referências:

SEIXAS, C. D. S. et al. BIOINSUMOS PARA O MANEJO DE DOENÇAS FOLIARES NA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Bioinsumos na cultura da soja, Cap. 19, 2022. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1147056/1/cap-19-Bioinsumos-na-cultura-da-soja.pdf >, acesso em: 08/10/2024.

SEIXAS, C. D. S. et al. MANEJO DE DOENÇAS. Embrapa, Sistemas de Produção, n.17, Tecnologias de Produção de Soja, cap. 10, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 08/10/2024.

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