Em 15 de janeiro, a entrada de uma frente fria possibilitou a ocorrência de chuvas e tempestades e uma queda significativa das temperaturas. “ O deslocamento do anticiclone semipermanente do Atlântico em direção à sua posição natural, a leste da costa argentina, provocou uma mudança na dinâmica atmosférica” , diz Elorriaga. Mas, a oferta de água não foi significativa: comparando com as chuvas históricas de 1º a 19 de janeiro, quase nenhum ponto do país chega perto das estatísticas. Aiello ressalta que “ as reservas de água no solo não apresentam uma recuperação importante”.

Até agora, a mudança nas condições climáticas foi benéfica em Entre Ríos, no centro e nordeste de Buenos Aires, no centro-leste de Santa Fe e no norte de Córdoba. Porém, 35% da região dos Pampas ainda não atingiu a marca de 20mm em janeiro de 2022.

O bom é que “a instabilidade vai se manter pelo menos até o final da terceira semana do mês, favorecendo o desenvolvimento de chuvas”, diz Elorriaga. Aiello acrescenta: “Aos poucos vamos deixando para trás o efeito negativo do resfriamento do Pacífico. Lentamente, estamos caminhando para valores de neutralidade, aumentando a influência dos mecanismos de escala regional sobre as chuvas da região dos Pampas”.

42% da região núcleo ainda esta sem chuvas significativas.  

60% da região recebeu chuvas acima dos 30 mm acumulados desde o início do ano, a situação ainda está longe de mudar: 42% da região ainda está seca . A espera pelas chuvas continua, embora desta vez, haja boas possibilidades.

Apesar da chuva, espera-se 10 a 50% menos produtividade de soja 

“Vemos plantas muito baixas, com menos legumes. O peso do grão parece-me pobre e desigual. Há uma redução de 20 a 30% no rendimento considerada irreversível”. Por isso, mesmo com chuvas, já se estimam perdas de 10 a 50%.

As últimas chuvas permitiram uma melhora na condição da oleaginosa, os lotes regulares para ruins diminuíram 5 pontos percentuais, agora totalizam 30%,e os que estavam em bom a muito bom estado aumentaram, chegando a 70%.

Mas a seca e a onda de calor do mês passado deixaram sua marca.  Em Cañada de Gómez, calcula-se uma perda de rendimento potencial em 80% dos lotes. Em Bigand, somente com uma nova chuva de 60 a 70 mm é que se verá uma melhora na safra. Em San Pedro, a nordeste de Buenos Aires, as plantas estão muito deterioradas, e são muito pequenas. Em General Villegas, noroeste de Buenos Aires, observa-se o aborto de vagens.

Chuvas: tarde demais para o milho, metade  da área é considerada razoável a ruim 

Apesar de chover, apenas 2% do milho melhorou e passou do estagio regular para bom. Obviamente, era tarde demais: 18% do milho precoce que estava em estado considerado muito bom há uma semana caiu para “bom”. Mesmo depois das precipitações, não houve melhora: 50% dos quadros da zona central estão em condições de regular a ruim , 42% estão em boas condições e apenas 10% permanecem muito boas.

No NE de Buenos Aires, em Rojas, onde o milho normalmente rende de 240 a 260 sacos, a safra 2021/22 produzirá apenas de 80 a 90 sc/ha. Em São Pedro, a situação é a mesma. Para o NW, em General Villegas a situação é menos dramática, “Para 70% das lavouras estimamos rendimentos de 200 sc/ha”.

Chuva trás folego para o milho de segunda safra

O milho de segunda safra sai da paralisação forçada pelo estresse e o crescimento volta a ganhar impulso. Ao contrário dos primeiros, que ficaram de fora do jogo, “se chover em meados de fevereiro, para o Floração, ainda tem boas chances produtivas”, dizem os especialistas. As lavouras encontram-se em estado vegetativo e as últimas chuvas permitiram recompor a condição hídrica.

 



Até o momento, a seca de 2021/22 custará aos produtores agrícolas US$ 2,93 bilhões

O estresse hídrico no verão fez com que a previsão de safra de soja e milho caísse em 9 e 8 milhões de toneladas, respectivamente. No total, o impacto na economia argentina é estimado em US$ 4,8 bilhões, ou 1% de seu PIB potencial.

 Mesmo com a recuperação dos preços, a perda de receita líquida do setor produtivo já chega a US$ 2.93 bilhões, o que resultará em menos fretes, menos serviços financeiros e de corretagem, menos consumo. No total, o impacto na economia argentina é estimado em US$ 4,8 bilhões, ou 1% de seu PIB potencial.

No front externo, as exportações dos principais produtos dos complexos soja e milho cairão 13 milhões de toneladas. Além disso, o Estado deixará de recolher impostos no valor de US$ 1.44 bilhões, dos quais US$ 1.04 bilhões correspondem a menores receitas fiscais de direitos de exportação e o restante a outros impostos.

1-   Estimativa de perdas diretas do setor produtivo

Embora o estresse hídrico na América do Sul tenha sustentado os preços internacionais das commodities agrícolas, esse aumento não é suficiente para compensar a menor produção e custos do setor produtivo. A queda dos rendimentos em um contexto de aumento de custos é muito acentuada, resultando em perdas líquidas de US$ 2,9 bilhões.

Decompondo esse resultado, embora o preço da soja na colheita (maio de 2022) tenha aumentado 14% a produtividade já perdeu em média 19% em relação ao potencial com que as analises de custos foram feitas no momento do planejamento dos plantios 2021/22.

No caso do milho, a perda de potencial de rendimento para aqueles que serão colhidos em abril próximo chega a 29%, enquanto para os que serão colhidos a partir de julho deste ano, estão descontados 18% de seus rendimentos até o momento.

No caso do produtor que arrenda as terras, as perdas em relação ao esperado no início da safra são ainda maiores: US$ 245 por hectare de soja precoce e US$ 136 no caso de soja que segue uma safra de trigo ou outra de inverno. No milho, a queda na margem líquida é de US$ 319 para cada hectare e US$ 312 para cada hectare plantado com milho tardio. No cálculo global de perdas para o setor produtivo, sera considerado que 50% da produção é realizada em regime de arrendamento e 50% em terras próprias.

2-   Perdas globais para a atividade econômica Argentina

A menor renda do setor produtivo devido à perda de produção resulta em menos viagens de carga, menos serviços financeiros e de corretagem, menor demanda do setor de construção etc.; em suma, menos investimento e consumo que acabam por ter impacto na atividade económica geral.

3- Queda da receita em dólar das exportações agroindustriais 

Reestimando os Balanços de Oferta e Demanda de milho, soja e seus derivados, a projeção para as exportações de soja e o processamento da oleaginosa é corrigida para baixo em 3,3 e 2,1 milhões de toneladas.

Além disso, a projeção de embarques de farelo e óleo de soja, produtos estrela da Balança Comercial da Argentina com o exterior, caiu de 26,2 para 24,8 Mt e de 5,6 para 5,3 Mt, respectivamente.

4 – Queda na arrecadação de impostos em decorrência da seca

Com uma pressão tributária média de 30% do PIB, a perda global de US$ 4,8 bilhões estimada nesta análise implicaria uma redução na arrecadação de impostos nacionais, provinciais e municipais que chegariam a US$ 1,44 bilhão devido ao dramático estado de suas lavouras .

Equipe técnica:

  • Lic. Emilce Terré – Chefe do Departamento de Informação e Estudos Econômicos
  • Ing. Cristián Russo – Chefe GEA – Guia Estratégico para Agricultura
  • Lic. Federico Di Yenno – Analista de Mercado – Departamento de Informação e Estudos Econômicos
  • Lic. Tomás Rodríguez Zurro – Analista de Mercado – Departamento de Informação e Estudos Econômicos
  • Lic. Guido D’Angelo – Analista de Mercado – Departamento de Informação e Estudos Econômicos
  • Ing. Florencia Poeta – Analista de Produção – GEA
  • Dr. Julio Calzada – Diretor de Informação e Estudos Econômicos
  • Patricia Bergero – Diretora Adjunta de Informação e Estudos Econômicos


Fonte: Adaptado de Bolsa de comércio de rosário

Tradução e adaptação: Equipe Mais Soja

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