Objetivou-se avaliar o efeito de diferentes agroquímicos para o tratamento de
sementes ao longo do armazenamento de sementes de duas cultivares de soja.

Autores: Andreia da Silva Almeidai¹; Anelise Chagas kerchner²; Cristina Rossetti2, Adilson Jauer³, Lilian Vanussa Madruga de Tunes4

Introdução

A soja é uma cultura amplamente utilizada para a elaboração de rações animais, produção de óleo e outros subprodutos, além do seu consumo in natura que tem se expandido nos dias atuais. Nesse contexto, o Brasil é o segundo maior produtor de soja, sendo a cultura de maior destaque na agricultura brasileira, que ocupa mais de 50% da área total, correspondendo em torno de 35,7 milhões de hectares semeadas (CONAB, 2019). O sucesso do potencial produtivo deste e de outros cultivos faz-se necessário aprimorar as técnicas de produção, afim de buscar alternativas para que se atinja o máximo de produção com o mínimo de impacto ambiental possível. Desta forma, o uso de sementes de alta qualidade, aliada ao emprego de produtos que auxiliem o desempenho destas no campo, é quesito fundamental para se obter o estande inicial adequado de plantas.

De acordo com Kolchinskiet al. (2005; 2006), sementes de soja com alta qualidade fisiológica irão proporcionar plantas com maiores taxas de crescimento inicial e eficiência metabólica, além de maior área foliar, maior produção de matéria seca e maiores rendimentos, aumentando assim as chances de sucesso da lavoura. Algumas pesquisas têm mostrado que o uso de certos produtos no tratamento de sementes pode ocasionar redução na germinação e na sobrevivência de plântulas quando avaliados em testes de germinação ao longo do armazenamento de sementes de milho e soja (FESSEL et al., 2003; DAN et al., 2010),entretanto, outras afirmam que o mesmo não interfere ou propicia maior porcentagem de germinação (PIRES et al., 2004; PEREIRA et al., 2005; AVELAR et al., 2011; LUDWIG et al., 2015). Diante dessa controvérsia de resultados e visto que a cada ano são lançados novos produtos para o tratamento de sementes, objetivou-se avaliar o efeito de diferentes agroquímicos para o tratamento de sementes ao longo do armazenamento de sementes de duas cultivares de soja.

 

Material e Métodos

O trabalho foi realizado no Laboratório Didático de Análise de Sementes (LDAS), pertencente ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Semente da Universidade Federal de Pelotas (FAEM/UFPel). Foram utilizadas sementes de soja das cultivares SYN 1059 RR (V-Top) e SYN 13561 IPro.As sementes de soja foram tratadas usando tratadora Niklas com rotação de 25 Hz e ciclo de aplicação de 15 minutos (5 min de injeção, 8 min misturando, 2 min descarga), constituindo 10 tratamentos (Tabela 1).

Tabela 1. Identificação dos produtos, concentrações e doses utilizadas no tratamento de soja.

Em seguida ao tratamento, as sementes foram submetidas à secagem ambiente por um período de 24 horas. Posteriormente, estas foram imediatamente avaliadas pelos testes de germinação, envelhecimento acelerado e emergência em canteiro, sendo considerado a época zero, e em seguida, as mesmas foram acondicionadas em sacos de papel e armazenadas em câmara com condições controladas (umidade relativa de 40% e temperatura de 16°C); as sementes foram avaliadas após 45, 90, 135 e 180 dias de armazenamento.

Resultados e Discussão

Para a germinação, envelhecimento acelerado e emergência em campo verificou-se que o armazenamento influenciou o desempenho das sementes tratadas, independente do produto utilizado (Tabela 2).

Tabela 2. Germinação (G), envelhecimento acelerado (EA) e emergência a campo (EC) de
sementes de soja das cultivares SYN 1059RR(V-Top) e SYN 13561 IPRO tratadas com vários produtos.

Houve redução da germinação das sementes conforme o prolongamento do período de armazenamento, em relação ao vigor das sementes tratadas avaliadas através do envelhecimento acelerado e emergência em campo, os dados se ajustaram aos modelos linear e quadrático negativo, sendo observado as maiores reduções na porcentagem de plântulas normais pelo tratamento 6. Em contraste, Conceição (2013), não verificou prejuízos com o tratamento de sementes de soja composto pelas combinações de fungicida carbendazin + thiram e inseticida imidacloprid + tiodicarbe sobre a qualidade fisiológica das sementes de soja cultivar NA 4823 RG, BMX Turbo RR e Fundacep 62 RR ao longo do período de armazenamento de 8 meses de armazenamento em condição ambiente.

Conclusão

As combinações de produtos com thiametoxam em sua formulação apresenta, no geral, menor redução da qualidade fisiológica ao longo do armazenamento. As sementes tratadas com os produtos combinados de Imidacloprido+Tiodicarbe e Carbendazim+Thiram reduzem o potencial fisiológico das sementes ao longo do período de armazenamento.

 

Referências

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília: Mapa/ACS, 2009. 399 p.

CONAB. Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos 2018/2019 – Sétimo Levantamento – Abril/2019, v.6 – Brasília: Conab, 2019.

CONCEIÇÃO, G. M. Tratamento químico de sementes de soja: qualidade fisiológica, sanitária e potencial de armazenamento. 2013, 53f.

DAN, L. G. M.; DAN H. A.; BARROSO A. L. L.;BRACCINI A. L. Qualidade fisiológica de sementes de soja tratadas com inseticidas sob efeito do armazenamento. Revista Brasileira de Sementes, v.32, n.2, p.131-139, 2010. http://dx.doi.org/10.1590/S0101 – 31222010000200016

FESSEL, S. A.; MENDONÇA E. A. F.; CARVALHO R. V.; VIEIRA R. D. Efeito do tratamentoquímico sobre a conservação de sementes de milho durante o armazenamento. Revista Brasileira de Sementes, v.25, n.1, p.25- 28, 2003. http://www.scielo.br/pdf/rbs/v25n1/19626.pdf.https://doi.org/10.1590/S0101- 31222003000100005

LUDWIG, M. P.; OLIVEIRA S.; AVELAR S. A. G.; ROSA M. P.; LUCCA FILHO O. A.; CRIZEL R. L.Armazenamento de sementes de soja tratadas e seu efeito no desempenho de plântulas. Tecnologia e Ciência Agropecuária, v.9, n.1, p.51- 56, 2015. http://revistatca.pb.gov.br/edicoes/volume-09-2015/volume-9-numero-1 marco2015/tca9110.pdf

Informações dos autores

¹Engenheira Agrônoma, Drª em Ciência e Tecnologia em Sementes, Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas/RS. E-mail: andreiasalmeida@yahoo.com.br;

²Engenheira Agrônoma,Mestranda em Ciência e Tecnologia em Sementes, Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas/RS. E-mail:;

³Engenheiro Agrônomo, Dr em Agronomia, Syngenta Ltda , Santa Maria/RS. E-mail: Adilson.jauer@syngenta.com;

4Engenheira Agrônoma, Drª, Prof Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas/RS. E-mail: lilianmtunes@yahoo.com.

Disponível em: Anais do II Congresso Online para Aumento de Produtividade do Milho e Soja (COMSOJA), Santa Maria, 2019.

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